Política Titulo Capital Federal
Casa do Grande ABC em Brasília mira fomento econômico da região

Inaugurado, escritório do Consórcio em Brasília
também terá missão de resgate da força industrial

Evaldo Novelini
Enviado especial a Brasília
29/06/2017 | 07:00
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Paulino Menezes/Consórcio Intermunicipal


Recuperar o potencial econômico das sete cidades será o foco da Casa do Grande ABC em Brasília. Uma das ações do escritório do Consórcio Intermunicipal inaugurado ontem à noite na Capital Federal, em solenidade realizada no hotel Windsor, será a de facilitar a atração de novos negócios para a região, cuja produção de riqueza atualmente representa 2,07% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.

“Não podemos nos esquecer de que a participação do Grande ABC já foi de 2,47%”, salientou o presidente do Consórcio e prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), em entrevista coletiva logo após apresentar a estrutura da Casa, cuja manutenção mensal custará R$ 10 mil.

O tucano confirmou ao Diário que o fortalecimento econômico será uma das linhas de atuação do escritório na Capital Federal. “As principais cidades perderam indústrias nos últimos anos. Tenho convicção de que a grande missão é poder mostrar a competitividade do Grande ABC, a sua capacidade de atrair investimentos”, expôs.

O presidente do Consórcio associou a queda na participação do PIB à perda de empregos verificada na região – apenas em abril o saldo entre contratações e cortes voltou a ficar positivo no conjunto das sete cidades, após 28 meses de retrocesso. E garantiu que o trabalho da Casa do Grande ABC, que funciona em sala de 90 metros no 14º andar do edifício Le Quartier, na Asa Norte, a menos de um quilômetro do Congresso Nacional, ajudará a desburocratizar o processo de instalação de novos negócios.

“Vou dar um exemplo. Você tem uma dificuldade de uma empresa que, por alguma razão, tem o óbice de uma licença ambiental que passa por Brasília. O escritório vai estar à disposição para auxiliar. Tem de ser instrumento facilitador para o desenvolvimento – e será”, garantiu Morando.

Na definição do presidente do Consórcio, o escritório inaugurado ontem será um “órgão de fomento do Grande ABC”. “Não é para apresentar um vídeo da região ou para andar com o chapéu na mão. É para, utilizando termo da moda, empoderar as sete cidades”. A sucursal servirá também como posto avançado para prefeitos e representantes de entidades de classe, como as associações comerciais e as de construtores. “Hoje, representante da região vem a Brasília, faz um bate e volta, e, às vezes, um negócio emperra porque não tem onde passar um e-mail ou imprimir um documento”, ilustrou Morando.

A primeira reunião de trabalho da Casa do Grande ABC está marcada para hoje. Dela participará o diretor do escritório em Brasília, apresentado ontem. Trata-se de Leonardo Queiroz Leite, doutor em Administração Pública e Governo, que mora na Capital Federal e já atuou como assessor parlamentar. “Vamos criar uma agenda de visitas aos ministros para saber como podemos casar projetos das sete cidades às linhas de financiamento existentes”, adiantou o secretário executivo do Consórcio, Fabio Palacio.

Presente à solenidade de abertura da entidade, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) elogiou a chegada física do Consórcio em Brasília na busca por alinhamento de projetos com o governo federal. “Estou muito feliz com essa entrada física do Consórcio aqui em Brasília. Quero parabenizar o prefeito Orlando Morando e os demais chefes de Executivo pela iniciativa, que é extremamente fundamental para garantir os melhores planos de desenvolvimento para a região.”

Como representante do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no evento, Antônio Carlos Pannunzio, chefe do escritório de representação do Estado, também enalteceu a atitude do Consórcio. “Regiões industrializadas são as mais atingidas pela crise. A abertura do escritório vai buscar soluções. Pressionar aqueles que têm de ser pressionados.”
 

Presença de Aloysio e falta de Lauro marcam a festa

Trezentos convidados compareceram à festa de abertura da Casa do Grande ABC em Brasília, realizada no Windsor Brasília Hotel, entre eles o ministro das Relações Exteriores, o senador licenciado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). A ausência notada foi Diadema.

Em litígio com a entidade regional, o prefeito diademense, Lauro Michels (PV), que é vice-presidente do colegiado, sequer enviou representante à Capital Federal.

No discurso, o presidente do Consórcio Intermunicipal e prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), também ignorou o colega diademense. Ao descerrar a placa, leu nome por nome dos prefeitos, mas pulou o de Diadema.

Aloysio marcou presença, porém ficou pouco. Elogiou a proposta do Consórcio e enalteceu a possibilidade de parceria do Grande ABC com o governo federal.

A festa foi regada a sucos, água, refrigerante e uísque, além de bufê com bobó de camarão.

O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) também compareceu ao evento. “O Grande ABC é o polo mais dinâmico de São Paulo, com exceção da Capital. Tem as empresas mais fortes do País. E claro que esta ação configura um plano coletivo para o bem de todas as cidades. Iniciativa nota dez.”
 

Prefeitos projetam nova era de relação com a União

Prefeitos do Grande ABC acreditam numa nova era da relação da região com o governo federal após a inauguração do escritório do Consórcio Intermunicipal em Brasília.

Chefe do Executivo de Santo André, Paulo Serra (PSDB) avaliou que o momento é livrar o Grande ABC do “complexo de gata borralheira” que tomou conta das sete cidades.

“Damos mais um passo para vencer, de forma definitiva, o complexo de inferioriadade que nossa região tem. Temos representatividade na economia e na política do País, muito maior do que o governo federal e as esferas do poder nos reconhecem. Colocar o pé em Brasília, de forma institucional, sem partidarismo, é fundamental para trazer investimentos para as sete cidades”, aponta o tucano.

Atila Jacomussi (PSB), de Mauá, sinaliza também outro problema enfrentado pelos prefeitos: o da falta de diálogo com a União ao tratar da especificação de recursos solicitados.

“Com a Casa estaremos próximos de reparos técnicos que projetos necessitam. Municípios perdem recursos e prazos porque há afastamento de Brasília. Com escritório montado aqui estaremos mais próximo disso”, diz. José Auricchio Júnior (PSDB), prefeito de São Caetano, vislumbra, com a Casa do Grande ABC em Brasília, o fomento de debate em prol da região. “Nosso pacto federativo está desequilibrado. Nós, os municípios, ficamos com os serviços. Mas os impostos ficam aqui (em Brasília).”

Adler Kiko Teixeira (PSB), de Ribeirão Pires, analisa o que a cidade tem a ganhar com o escritório da região na Capital Federal. “Temos alguns convênios que estão travados nos ministérios do Turismo e das Cidades. Com esse espaço cria proximidade que trará frutos positivos para a região”. O gestor de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), foi outro a enaltecer a estrutura.

Presidente do Consórcio Intermunicipal e prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) enalteceu a participação de todos os prefeitos na construção da Casa do Grande ABC em Brasília, citando nominalmente os colegas – exceção ao prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), que busca unilateralmente tirar o município da lista da instituição regional.

Presente à solenidade ontem à noite, o deputado federal Alex Manente (PPS) afirma que o escritório pode “ser importante para colaborar” com seu mandato. “Meu trabalho realizo com as prefeituras. Se a Casa servir para ser suporte dos prefeitos, ótimo. Precisamos dos prefeitos também pautando o que o deputado necessita. Deputado necessita conquistar.”
 

Apoio do Diário à iniciativa é enaltecido entre as autoridades

O papel do Diário como incentivador da abertura da sucursal do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC em Brasília foi ressaltado por lideranças da região que estiveram ontem na Capital Federal para acompanhar a solenidade de inauguração do escritório.

Desde que a ideia começou a ser ventilada, no início do ano, o jornal defendeu a bandeira em editoriais, ressaltando a importância da representação no centro do poder.

“Muito dessa solenidade de hoje (ontem) se deve ao trabalho do Diário, que sempre defendeu a região”, lembrou o reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Marcos Sidnei Bassi. “O apoio do maior jornal regional ao projeto foi fundamental”, endossou o presidente da Câmara de São Caetano, Pio Mielo (PMDB). “O Diário foi idealizador e incentivador para que esse sonho se realizasse. Quem ganha é a região e Mauá”, concordou o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB). 




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