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Centenário: o velho abandonado
Por Alec Duarte
Da AS/Especial para o Diário OnLine
De Montevidéu
30/06/2001 | 14:26
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Ele foi o cenário da primeira Copa do Mundo, em 1930, e 71 anos depois está praticamente abandonado. Construído em tempo recorde no meio do Parque José Battle y Ordóñez, em Montevidéu, o Estádio Centenário faz aniversário daqui a 18 dias, mas não tem muita coisa para festejar.

A sujeira é o aspecto mais impressionante no estádio, que fica localizado numa área pródiga em instalações esportivas (há uma pista oficial de atletismo e outros dois campos menores, utilizados por equipes de várzea). O problema não é exatamente dentro do campo, mas ao seu redor.

E a explicação é dada pelo administrador do estádio, Adolfo González. “Há muito tempo estamos aguardando uma parceria com a iniciativa privada para modernizar diversas instalações. Há alguns anos, houve obras no setor de imprensa e cadeiras e cobertas, mas há mais o que fazer”, diz ele.

As obras a que o administrador se refere foram feitas em 1995, por ocasião da Copa América. Os painéis informativos instalados do lado de fora já estão caindo aos pedaços, com a gravidade de que houve alterações na entrada e saída do público sem que as informações fossem atualizadas. Grades, fechaduras e cadeados estão podres, praticamente sem exceção.

Fechado. O principal sintoma do abandono do Centenário é o fato de seu Museu do Futebol, um dos mais importantes do mundo, estar fechado há um ano. Segundo Gómez, só uma empresa privada - o estádio pertence à Associação Uruguaia de Futebol - terá condições de colocar o museu em ordem. No ano passado, o presidente da Federação Internacional de Futebol, Joseph Blatter, chegou a prometer dinheiro para recuperar o museu. Depois, foi a vez de uma grande multinacional fazer a mesma promessa, mas o dinheiro nunca chegou.

De acordo com Gómez, o museu possui relíquias que hoje estão apodrecendo e embolorando numa sala semelhante a diversas outras do estádio: reboco caindo, paredes sem tinta, perigosíssimas instalações elétricas (o risco de incêndio é visível), praticamente nenhuma luz e circulação de ar. É neste ambiente que trabalham cerca de 200 pessoas em diversos departamentos de órgãos públicos e associações esportivas, como o Círculo Uruguaio de Esportes Universitários, que ocupa uma sala minúscula na qual cinco pessoas se acotovelam para atender ao público.

A parte que interessa aos jogadores está em ordem: o gramado é bastante cuidado (três jardineiros trabalham exclusivamente na manutenção do campo) e os vestiários contrastam com o que se vê no resto. Para um patrimônio histórico do futebol mundial, é muito pouco para o glamouroso Estádio Centenário.




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