Economia Titulo Baixo quórum
São Bernardo tem ato esvaziado

Passeata em homenagem ao Dia do Trabalho teve a presença de menos de 100 pessoas; crise política foi o principal tema abordado em discursos

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
02/05/2016 | 07:17
Compartilhar notícia


O ato realizado na manhã de ontem em São Bernardo para marcar o Dia do Trabalho contou com a participação de menos de 100 pessoas. Batizada de Marcha pela Democracia, a passeata foi organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), que é ligada ao PT. Nem mesmo as principais lideranças sindicais e políticas da região participaram da manifestação, já que optaram por participar de evento no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, que teve a presença da presidente Dilma Rousseff.

A ideia original era que, ao término da missa em homenagem aos trabalhadores na Igreja Matriz, no Centro, os manifestantes seguissem em caminhada até o Ginásio Poliesportivo da cidade, onde, mais tarde, ocorreram shows de diversos artistas. Entretanto, diante do baixo número de participantes, a organização decidiu encerrar a passeata no Parque da Juventude, em frente ao Paço Municipal. Durante o percurso, lideranças gritavam palavras de ordem em defesa da categoria e contra o que chamam de golpe, se referindo ao processo de impeachment de Dilma. Também foram criticados o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e a mídia “golpista”.

“A Constituição prevê o impeachment, desde que haja crime. E, por enquanto, não tem nenhuma constatação no processo de crime por parte da presidente da República. Considerando que os julgadores é que estão inseridos em crime, comprovadamente, isso é uma vergonha para o nosso País e perante a comunidade internacional”, afirmou, na missa, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT).

Para o deputado federal Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho, o 1º de Maio deste ano é de resistência e luta. “Estamos muito preocupados com a possibilidade de retirarem direitos dos trabalhadores, como 13º salário, aviso prévio e fundo de garantia. Se já foi difícil durante nosso mandato, imagine em um governo em que a gente não sabe o que vai acontecer e que, com certeza, não tem o compromisso com os trabalhadores”, ressaltou o parlamentar, que acumula passagens por diversas entidades sindicais.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, destaca a necessidade de reflexão, de modo que o proletariado não seja a parte mais prejudicada pela crise econômica pela qual passa o País. “Essa é uma fórmula que a gente já conhece e que outros países já adotaram, que é tirar dinheiro da sociedade, rebaixar salários e inverter prioridades. Com isso, ao final dessa situação, os ricos e as empresas ficam mais estruturados e, os trabalhadores, em situação pior”, alerta o sindicalista.

Assim como Marinho e Vicentinho, Rafael também faz críticas ao impeachment. “Estão querendo criar uma rota curta para implementar um projeto que, se passasse pelo crivo eleitoral, jamais seria aprovado pela sociedade, que é a realização de mudanças profundas nas conquistas históricas da sociedade, como CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), Constituição e outros tantos institutos que foram adotados no País para dar mais Educação, Saúde e participação popular. O que eles querem é a reversão disso, um Brasil mais burocratizado e centralizado.”

Durante a passeata, algumas pessoas dentro de carros gritavam contra a presidente Dilma, mas não houve registro de tumultos.


Pastoral lança campanha contra acidentes

A Pastoral Operária Nacional lançou campanha no fim de abril para chamar atenção sobre os acidentes de trabalho. O objetivo é cobrar das empresas e das autoridades medidas que garantam mais segurança aos trabalhadores, além de exigir que se mude a cultura que considera o empregado como culpado em caso de sinistros, sob argumento de que houve imperícia ou falha humana.

A entidade orienta os operários a denunciarem condições irregulares de trabalho junto à Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e ao sindicato, além do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador).

Durante a missa de 1º de Maio, realizada na Igreja Matriz de São Bernardo, o padre Ademir Santos de Oliveira, vigário geral da Diocese de Santo André (que atende as sete cidades da região), destacou o papel do trabalhador na evolução da sociedade. “A busca pelo pão cotidiano contribui para o alcance do progresso”, afirmou.

O padre também salientou a necessidade de a classe trabalhadora agir de maneira solidária. “A igualdade e a fraternidade foram os maiores ensinamentos de Cristo.”

DESEMPREGO - Durante os atos realizados ontem, foi destacado o aumento do desemprego no País e na região. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), no período de 12 meses até março, 48,2 mil postos formais de trabalho (com carteira assinada) foram fechados no Grande ABC, o pior saldo para o mês desde o início da série histórica disponível para consulta no site do Ministério do Trabalho e Previdência Social, em 2003.

Já a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), que também mede o comportamento do emprego informal e dos autônomos, mostra que, até março, a região somava 230 mil desempregados.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;