Política Titulo Editorial
Escravo das palavras
Do Diário do Grande ABC
01/06/2015 | 07:00
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Arte/DGABC


“As palavras são como os patifes desde o momento em que as promessas os desonraram. Elas tornaram-se de tal maneira impostoras que me repugna servir-me delas para provar que tenho razão.” A frase atribuída ao ator, dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare (1564-1616) cai com precisão sobre os ombros dos políticos que disseminam juras de amor a eleitores durante campanhas eleitorais, nas quais dizem que vão fazer e acontecer se forem eleitos, mas, na prática , enganam o povo.

Este Diário corriqueiramente escancara falácias dos gestores públicos das sete cidades. Cumpre, assim, seu papel fiscalizatório e social, de levar informação qualificada aos quatro cantos do Grande ABC, território no qual milita há 57 anos. Hoje, levantamento feito pela equipe do caderno de Política mostra que o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), reduziu em 10% o número de funcionários comissionados, aqueles cuja contratação direta não requer aprovação em concurso. A promessa na eleição de 2012, no entanto, foi diminuir em 30% os apadrinhados em relação à gestão anterior, de Mário Reali (PT).

Em julho de 2012, o petista que tentava a reeleição à frente do Paço diademense trabalhava com 357 funcionários em comissão. Maio de 2015, as indicações políticas são 320. Teriam de ser, se a promessa de Lauro fosse cumprida, 250 postos desse tipo. E um agravante: o verde dizia que seu rival abusava das nomeações e que era possível fazer mais com menos. Passados dois anos e meio de gestão, podemos, outra vez, evocar Shakespeare. “Cuidado para com a fogueira que acendes contra teu inimigo; ela poderá chamuscar a ti mesmo.”

Outra promessa propagada por Lauro durante a corrida pelo Executivo há três anos era a redução de 18 para 15 secretarias. De efetivo, apenas extinguiu a Saned, autarquia municipal de saneamento básico que passou para a Sabesp, a fim de se livrar de dívida bilionária.

Fica o registro, a cobrança e a expectativa de cumprir o que se fala. Como diria o dramaturgo inglês, “é melhor ser rei de teu silêncio do que escravo de tuas palavras”. 




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