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Casa de Herbert Richers é tombada provisoriamente

Resolução é primeiro passo para preservar casarão histórico em Ribeirão Pires; tratativas são conduzidas com loja que comprou área

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
05/04/2015 | 07:00
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A casa construída pelo produtor de cinema Herbert Richers, morto em 2009 aos 88 anos, para seus pais em Ribeirão Pires está mais próxima de ser reconhecida como patrimônio da cidade, após longo histórico de abandono e depredações.

A Prefeitura publicou nesta semana resolução de tombamento provisório do casarão, dando à Lojas Cem, atual proprietária do imóvel, prazo de 15 dias para expedir petição por escrito solicitando a impugnação do processo – isto é, se a empresa assim desejar.

O secretário-adjunto de Cultura, Marcílio Duarte, explica que, caso o comércio opte pela impugnação, o Conselho do Patrimônio de Ribeirão Pires terá 30 dias para decidir se aceita ou não o pedido. “Caso decida pelo não, as Lojas Cem só poderão recorrer mais uma vez, diretamente ao chefe do Executivo. Se o prefeito (Saulo Benevides – PMDB) for contra e homologar o recurso, o bem está automaticamente tombado”, destaca Duarte.

Escondido pela fachada da loja na Rua João Domingues de Oliveira, no Centro, o casarão da década de 1950 está hoje ocupado. No espaço, o portão foi fechado por placas de alumínio e o imóvel recebeu pintura de cor azul. Uma antena da Sky e um Fiat Uno estacionado no quintal evidenciam a existência de moradores. O cenário é bem diferente da última vez em que o Diário esteve no local, há dois anos, quando a casa estava pichada e depredada e servia de abrigo para moradores de rua e usuários de drogas. No entanto, há ainda muito a ser feito para restaurar os anos em que a residência serviu de paisagem para um dos filmes da Família Trapo, Papai Trapalhão, rodado em 1968 com a participação de Jô Soares e outros famosos.

De acordo com o secretário-adjunto de Cultura, não é a primeira vez que a residência tem o processo de tombamento iniciado. “Houve pedido em 2001 pelo CATP (Centro de Apoio Técnico ao Patrimônio), na época da prefeita Maria Inês. Porém, após o cumprimento do prazo de 30 dias do pedido de impugnação do proprietário, o tombo teria perdido o efeito.” Duarte destaca que em 2003 o processo foi reaberto, porém, após os dois recursos dos antigos proprietários, foi impugnado pelo prefeito Clóvis Volpi, que à época negou o fato. “Com isso, a área foi vendida para as Lojas Cem muito abaixo do valor venal”, explica o secretário-adjunto.

Os estudos para reabrir o tombamento da casa foram iniciados em junho do ano passado e, agora, culminaram no processo provisório. “Trata-se de um dos últimos testemunhos da história da família Richers na cidade. Nossa ideia é propor às Lojas Cem, caso ela concorde com o tombo, destinação cultural do imóvel ou doação à municipalidade”, destaca Duarte.

O secretário-adjunto destaca ainda que o tombo não ‘engessa’ o imóvel, como muitos acreditam. “Há vários benefícios para o proprietário, como isenção do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) e de taxas de obras. Além disso, a Prefeitura tem preferência em caso de venda do terreno.”

Procurada para comentar o assunto, a Lojas Cem informou que ainda não foi oficialmente notificada sobre o tombamento. Com relação à pessoa que mora no local, a empresa comunicou que essa foi a solução provisória encontrada em comum acordo com a Prefeitura, tendo em vista as inúmeras reclamações à respeito de consumo de entorpecentes e ações de vandalismo. 




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