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Lei do Estágio traz queda no número de vagas
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
04/10/2010 | 07:07
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As regras que regem a nova Lei do Estágio completaram dois anos e o balanço do volume de contratações durante esse período não parece positivo: antes da aprovação da lei havia 1,1 milhão de estagiários no País. Hoje, esse número caiu para 900 mil - sendo 650 mil do nível superior e 250 mil do ensino médio e técnico.

Segundo o presidente do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) Carlos Henrique Mencaci, o volume de oportunidades caiu, porém, muito mais para estudantes do ensino médio. "A redução da carga horária agora para seis horas foi o que mais contou. Os empresários tiveram dificuldade em se adaptar a nova regra. Mas, hoje essa situação já se normalizou."

Mencaci explica que, como o estágio tem um custo de treinamento alto, as empresas não viam ‘vantagens' em ter o estudante apenas por seis horas, já que o retorno não é imediato.

A crise financeira mundial também acabou contribuindo para que as contratações de estudantes caíssem. Para o diretor executivo da Abre (Associação Brasileira de Estágios) regional, Moacir Ferez David, a instauração da regulamentação dos estágios, em 2008, acabou ‘casando' com o ano que a crise econômica se instaurou.

"Na unidade da Abre do Grande ABC notamos uma queda de 60% no volume de vagas abertas aos estudantes, a partir de setembro do ano retrasado, em relação aos meses anteriores", relembra.

Vantagens - Por outro lado, alguns benefícios foram instituídos a fim de estimular as organizações a contratarem estagiários, como incentivos sociais e fiscais, não precisando recolher INSS, FGTS, verbas rescisórias e 13º. "A nova lei oferece mais segurança jurídica as corporações", afirma o presidente do Nube.

Novo cenário - Atualmente, o mercado já mostra sinais fortes de recuperação, e isso reflete diretamente no número de postos abertos aos jovens aprendizes.

Neste ano, até o momento, somente o Nube ofereceu 15 mil oportunidades entre julho e agosto.

A unidade do Abre no Grande ABC disponibiliza aos estudantes uma média de 150 oportunidades todos os meses, sendo que 70% são destinadas as áreas de serviços e comércio e 30% nas indústrias.

"No setor industrial o volume de vagas é menor porque as fábricas acabam fazendo seu próprio processo de seleção", completa.

Estudantes são moldados pelas empresas
Mesmo com a redução da carga horária - antes a legislação não fixava limites -, as empresas passaram a perceber as vantagens de investir e contratar estudantes. "O estagiário carrega menos vícios empresariais pela sua falta de experiência. Os jovens são investimentos feitos pelas empresas. O empresário tem a oportunidade de treiná-lo no perfil de sua companhia e quando termina o estágio, pode contratá-lo", conta o presidente do Nube, Carlos Henrique Mencaci.

Essa pode ser uma das saídas encontradas pelas organizações num momento chamado de apagão de mão de obra. "Há vagas, mas falta qualificação. É nesse momento que o programa de estágio vem ao encontro das necessidades das corporações", diz Mencaci.

O diretor executivo da Abre (Associação Brasileira de Estágios) regional, Moacir Ferez David, acrescenta que, as empresas estão contratando estudantes para que trabalhem nos horários de pico. "Dá para focar o trabalho dos jovens durante seis horas diárias. E esse é o período que eles (estagiários) mais aprendem. É tempo suficiente".




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