Setecidades Titulo
Remoção de favela gera 'especulação' em Sto.André
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
01/10/2008 | 07:02
Compartilhar notícia


A forma de remoção de moradias adotada no Núcleo Habitacional Gamboa, em Santo André, vem abrindo margem à uma especulação imobiliária dentro da favela. Quinhentos blocos de construção, um lote de telhas e até R$ 10 mil são preços que parte da comunidade tem de arcar se não quiser ficar na rua depois que a Prefeitura tomou como modelo a chamada troca interna de casas na comunidade.

Trata-se de um processo onde, ao invés de serem inseridos em programas como aluguel-social, os moradores remanescentes na favela - que até 2009 deixará de existir - devem ocupar a casa de famílias já contempladas com residência nova e regularizada dada pela Prefeitura.

"Cada um é responsável por escolher a casa onde vai fazer a troca interna. Esse tipo de gestão leva em conta a participação da população no projeto e, assim, todos trabalham pelo mesmo objetivo, pelo coletivo", explica a diretora da Secretaria de Habitação de Santo André, Walkiria Gois.

Contudo, a tentativa de socializar e democratizar as relações entre poder público e comunidade tem sido transformada em oportunidade para parte dos que já deixaram as velhas casas para morar no Conjunto Habitacional Alzira Franco II, onde estão sendo erguidas as novas residências para moradores retirados da Gamboa.

A casa ou barraco que é deixado para trás - e que deveria servir para uma nova família ocupar gratuitamente até sua nova moradia sair - acabou virando moeda de troca. E não só dinheiro é pedido pelo velho proprietário da casa. Vale também material de construção. Isso porque parte das moradias no Alzira Franco é do tipo construção evolutiva e o dono pode completar o restante da obra, erguendo até um pavimento a mais sobre os dois cômodos entregues pela Prefeitura. A diretora da Secretaria de Habitação disse que só soube do problema após ter sido informada pelo Diário.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;