*Por Vinicius Melo
Teoricamente, quando compramos um carro zero, pensamos que ele não tem defeitos e que, por um bom tempo, não teremos preocupações – inclusive, é por essa razão que muita gente evita de todos os jeitos comprar veículos usados. O conceito não está de todo errado, mas também é preciso observar que, muitas vezes, um carro novo foi feito com tecnologias novas, que, justamente por serem recém-desenvolvidas, não foram testadas no dia a dia. Obviamente, são feitos inúmeros testes antes do lançamento, mas nada se compara ao uso cotidiano e ao consequente desgaste de materiais ocorrido com o passar do tempo. E é aí que entra o recall.
A indústria automotiva, como um todo, tem extremo cuidado com cada produto que lança no mercado, mas é inegável que diversos fatores podem contribuir para o desgaste de um carro, além de eventuais defeitos de fabricação indetectáveis na hora da montagem. Por isso é tão importante obedecer aos recalls. Eles podem representar a diferença entre um acidente e um trajeto seguro para você e sua família.
Vale observar que os carros usados também podem ter chamados em aberto – é preciso verificar se o antigo dono aderiu ou ignorou os comunicados. Por isso, seja um carro novo ou usado, as informações sobre recall são essenciais na hora da compra, o que está de acordo com a legislação brasileira, que hoje prevê maior clareza sobre o histórico de chamados de todos os veículos. Atualmente, há maior trânsito de informações entre o Detran e as concessionárias, e isso é ótimo para que nenhum comprador se esqueça de se informar adequadamente sobre o assunto.
Para muitos, isso ainda pode parecer uma burocracia sem sentido, mas trata-se de um chamado de quem montou seu carro para informar que ele precisa de ajustes. Não é o governo, e não é alguém que se preocupa à toa, mas sim quem mais conhece o veículo e sabe exatamente como melhorá-lo. Por isso, as informações sobre o recall são tão importantes quanto as que abordam outros assuntos automotivos – talvez as mais importantes dentre todas que se pode obter ao comprar um veículo. Não esqueça: faça o recall.
* Vinicius Melo é CEO do Papa Recall , aplicativo que avisa o motorista se o automóvel cadastrado teve algum chamado da fabricante para conserto ou troca de peças.
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De dedo decepado a combustão espontânea: confira os recalls mais bizarros do Brasil e do mundo:
Fiat Tipo: depois que algumas unidades pegaram fogo sozinhas, a Fiat convocou um recall para substituir o tubo convergedor de ar quente do motor. Mesmo com a manutenção, alguns veículos continuaram pegando fogo, e foi preciso fazer um segundo chamado para consertar vazamentos de fluido da direção hidráulica, já que o líquido vazava pelo escapamento e provocava os incêndios
Ford Pinto: o veículo, que foi barrado no Brasil por conta do nome sugestivo, protagonizou um recall polêmico nos Estados Unidos. Se o carro sofresse uma colisão traseira, o tanque de gasolina podia quebrar e causar uma explosão. Antes de colocar o modelo no mercado, a Ford já sabia do problema, mas fez as contas e percebeu que indenizar possíveis mortes e casos de queimaduras sairia bem mais barato do que regularizar a linha de produção. No final, depois de mortes e ferimentos graves, a montadora convocou as unidades para recall e teve que pagar milhões em indenizações | Foto: 2000Scooby via VisualHunt.com / CC BY-NC-ND
Ford Pinto | Foto: France1978 via Visualhunt.com / CC BY-SA
Citroën C3 Picasso: em 2011, 22 unidades da Inglaterra foram chamadas para recall por conta de um motivo um tanto o quanto exótico: quando o passageiro da frente pisava com força no assoalho do carro, era possível acionar o sistema de frenagem sem querer. Isso acontecia porque as versões inglesas tinham os volantes e pedais migrados para o lado direito da cabine, mas o mecanismo continuava passando por baixo do forro do assoalho da parte esquerda (do passageiro). A solução foi reforçar o isolamento dos fios | Foto: RL GNZLZ via VisualHunt / CC BY-SA
Citroën C3 Picasso | Foto: RL GNZLZ via VisualHunt.com / CC BY-SA
Mercedes-Benz Classe A: durante seu lançamento mundial em 1997, o modelo capotou quando participava do “teste do desvio do alce". Para evitar que a situação se repetisse, a montadora implantou um sistema eletrônico de estabilidade e fez mudanças na suspensão sem alterar o valor final do carro | Foto: Carlos Octavio Uranga via Visualhunt.com / CC BY-NC-ND
Mercedes-Benz Classe A | Foto: Carlos Octavio Uranga via Visual hunt / CC BY-NC-ND
Airbags mortais: Ao menos 16 pessoas morreram por conta das bolsas infláveis defeituosas da empresa japonesa Takata. Os itens projetaram fragmentos contra os ocupantes. O escândalo foi revelado em 2014 e já atingiu grandes montadoras, como Honda, Toyota, BMW e General Motors, que precisaram realizar convocações para recall de seus carros | Foto: Divulgação
Toyota Corolla: a má fixação do tapete do carro fazia o item deslizar e travar o pedal de aceleração do veículo. Algumas unidades aceleraram sozinhas e causaram acidentes graves. A Toyota convocou mais de 100 mil unidades brasileiras para fazer manutenções no sistema de fixação dos tapetes e explicar a forma ideal de posicioná-los | Foto: Divulgação
Ford F-150: em 2015, a Ford chamou mais de 12 mil unidades para recall por conta de um problema no sistema de direção. A falha podia provocar a perda de controle da caminhonete e causar acidentes graves | Foto: Divulgação
Chevrolet Sonic: logo após o lançamento do modelo nos Estados Unidos, a GM percebeu que mais de quatro mil unidades saíram de fábrica sem as pastilhas de freio. A falha afetava o desempenho do carro e virou motivo de recall | Foto: Divulgação
Volkswagen Fox: mais de 500 mil unidades vendidas no Brasil contavam com um defeito que decepava a ponta dos dedos das pessoas que tentavam rebater os bancos do carro. Isso porque o sistema era um pouco “arisco” e funcionava como uma guilhotina. A montadora convocou o recall, modificou o sistema e incluiu avisos indicando a maneira correta de posicionar as mãos e os dedos durante a ação | Foto: Divulgação
Chevrolet Saturn Ion, Pontiac Pursuit, Pontiac G5, Cobalt, Saturn Ion, HHRs, Pontiac Solstice e Saturn Sky: outro caso polêmic é o recall de mais de um milhão de unidades da GM nos Estados Unidos. A montadora demorou mais de 10 anos para divulgar que os veículos tinham um defeito na ignição. A falha está relacionada a cerca de 13 mortes acidentais e rendeu uma multa de US$ 35 milhões à empresa norte-americana | Foto: Divulgação
Fiat Stilo: algumas unidades fabricadas entre 2004 e 2010 tinham um defeito que podia causar a soltura das rodas traseiras durante a condução. Depois do registro de acidentes, a Fiat convocou um recall imediato para substituir o conjunto do cubo da roda. A montadora ainda teve que pagar uma multa de R$ 3 milhões por colocar um produto com defeito de fabricação no mercado | Foto: Divulgação
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