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Metrô traria benefícios ao ensino superior da região

Alunos ressaltam que transporte sobre trilhos facilitaria a locomoção; instituições ganhariam destaque

Por Luana Yanka
Especial para o Diário
Vanessa Soares
Do Diário do Grande ABC
29/04/2019 | 07:00
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 Instituições de ensino superior e universitários da região têm muito a ganhar caso o governo do Estado, sob o comando do governador João Doria (PSDB), opte pela manutenção do projeto original da Linha 18-Bronze do Metrô, que ligará o Grande ABC à Capital. Isso porque, conforme lembra o gestor do curso de arquitetura e urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Enio Moro, o traçado do sistema atenderá as principais universidades do Grande ABC, tais como USCS, Instituto Mauá de Engenharia, Universidade Metodista, Fundação Santo André, Faculdade de Medicina do ABC. “As faculdades serão muito beneficiadas, além da população como um todo”, opina.

Entre outros motivos – como agilidade no deslocamento –, universitários da Capital que não consideram as faculdades do Grande ABC por esta questão, passariam a cogitar estudar na região, uma vez que chegar até aqui seria mais rápido. Vitória Calixto, 20, é uma das que acredita que a vinda do Metrô valorizaria muito o ‘passe’ das faculdades. “Conheço algumas pessoas que gostariam de estudar na região, mas não o fazem porque consideram longe demais, além do trânsito.” Ela aponta também a economia que conseguiria para se deslocar de São Paulo, onde trabalha, até a Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André. “Ônibus custa quase R$ 6 e perco tempo em parar em São Caetano, onde moro, para pegar o carro”, conta.

O estudante da USCS e morador de São Paulo, Eduardo Ormeneze Monteiro, 20, endossa a afirmação. “O monotrilho ajudaria muito. Como moro na Vila Prudente próximo ao Metrô, seria mais fácil chegar à região, porque não gastaria com combustível e manutenção do carro. Hoje, apenas para chegar no Centro de São Caetano, demoro em torno de 35 minutos.”

“Pelo fato de estudar em São Bernardo e morar em São Paulo, preciso fazer muitas baldeações, pegar ônibus. Então, Metrô em São Bernardo seria um sonho, principalmente por ser mais rápido do que o trem e os outros transportes. Assim, conseguiria cortar meia hora da minha viagem diária para ir e voltar”, calcula Carolina Perez, 24, estudante de comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, no campus Rudge Ramos.

Amanda de Araújo, 19, aluna da Faculdade de Direito de São Bernardo, considera sua cidade isolada. “Não tem trem aqui. Pego um ônibus e um trólebus para chegar na faculdade e isso faz com que eu demore bem mais no trajeto, fora o trânsito. Com o Metrô, usaria um transporte só e seria muito mais rápido e mais eficiente, além do conforto e da acessibilidade.”

Mesmo quem mora na região e precisa se descolar de um município a outro considera que o monotrilho agilizaria na chegada à universidade. Caso de Victor Esteban Navile Zelada, 20, editor de vídeo da USCS e morador de São Bernardo. “Os ônibus estão sempre lotados, com veículos velhos e motoristas que dirigem em alta velocidade. Demoro cerca de uma hora para me locomover. Antes, trabalhava na Liberdade (na Capital) e, em horário de pico, chegava a gastar duas horas (para chegar à instituição de ensino).”

Thainá Tavares da Silva Passos, 22, mora na Paulicéia, em São Bernardo, e se desloca para a Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, onde cursa fisioterapia. Ela acredita que a Linha 18-Bronze ajudaria sua rotina. “Facilitaria não só para ir até a universidade, como para ir até outros destinos. Daria para me programar.”

Não apenas os estudantes, mas as instituições de ensino superior também enxergam como avanço a chegada do monotrilho à região. Exemplo é a Faculdade de Direito São Bernardo. Na visão do diretor da instituição, “a implantação da linha de Metrô nas proximidades da faculdade seria ganho enorme”, já que “traria maior comodidade aos alunos”. “Ampliaríamos nossa condição de opção interessante para os alunos da Grande São Paulo, além de permitir aos estudantes acesso às vagas de estágio em escritórios e empresas da Capital”, observa.

Um dos entraves para viabilização da PPP (Parceria Público-Privada) assinada em 2014 entre o governo do Estado e o Consórcio Vem ABC é o considerado alto custo das desapropriações ao longo do traçado do monotrilho – em torno de R$ 600 milhões. No entanto, Moro considera que o fator financeiro não pode ser usado como “desculpa”. “Em Madri (na Espanha), por exemplo, a prefeitura perfura os túneis e cria parcerias para finalização do projeto e a empresa tem 30 anos para explorar. Seria uma alternativa, algo de melhor qualidade urbanística.”

O projeto da Linha 18-Bronze contempla 13 estações, saindo da parada Tamanduateí, em São Paulo, até o Centro de São Bernardo, passando por São Caetano e Santo André, com integração direta com as linhas 2-Verde do Metrô e 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

O governador João Doria deixou claro que nenhum modal para a Linha 18 está descartado e que a escolha está entre monotrilho e BRT. Para Enio Moro, a possibilidade de troca do monotrilho pelo BRT seria um erro. “Novas possibilidades de mobilidade entre os municípios da região e a Capital são avanço, porque estamos no limite da capacidade. Qualquer nova proposta é muito bem-vinda. Mas, a capacidade do BRT é muito menor do que a do monotrilho. Logo ficariam superlotados.”




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