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Jardim Zaíra 6 Três vítimas foram socorridas com vida pelos bombeiros e encaminhadas ao Hospital Nardini
Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
Duas ocorrências de deslizamentos de terra provocaram o soterramento de cinco pessoas, no início da noite de ontem, no Jardim Zaíra, em Mauá. Três vítimas foram resgatadas com vida e encaminhadas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao Hospital Dr. Radamés Nardini, na Vila Bocaina. O Corpo de Bombeiros seguia em busca de duas crianças, com 1 e 7 anos, até o fechamento desta edição.
Em área de risco do Jardim Zaíra 6, na Rua Ane Altomar, mãe e casal de filhos foram surpreendidos por desmoronamento por volta das 18h30. Talita dos Santos Silva, 35 anos, foi resgatada com vida, mas em estado grave. Cães farejadores eram usados pelos bombeiros, nas buscas pelos irmãos Maria Luiza, 1, e Miguel, 7. Moradores da área, bem como familiares – incluindo o pai da menina, Francisco Giovani –, ajudavam nos trabalhos de remoção de lama, dificultados pela chuva que demorou a cessar.
Alessandra Daniele Santos de Paula, irmã de Talita, afirmou ter alertado a familiar sobre os riscos do imóvel na véspera da tragédia. “Disse para ela sair de casa. Ela disse que havia diminuido a chuva”, revelou, aos prantos. “Misericórdia. Que Deus os guarde (sobrinhos) sem nenhum arranhão”, repetia seguidamente.
Tia de Talita, a líder comunitária Isabel Sales contou que a casa era de alvenaria e foi acertada pelo deslizamento. Ela ainda relembrou a tragédia de 2011, quando caso similar matou cinco e desalojou 500 pessoas no Morro do Macuco. A Defesa Civil não informou o número de casas interditadas nas proximidades do ocorrido.
DOIS HOMENS
Na altura do número 1.813 da Avenida Cidade de Mauá, dois homens foram resgatados com vítima pelos bombeiros, após terem sido soterrados. Um deles teve fratura exposta no braço e, o outro, fratura exposta na perna, conforme os bombeiros.
Balanço do Corpo de Bombeiros contabilizou, entre a meia-noite e as 19h de ontem, 100 quedas de árvores, 41 desmoronamentos e 56 pontos de enchente/alagamentos em todo o Estado.
TEMPESTADE
Desde a noite de sexta-feira, o Grande ABC é atingido por temporais com rajadas de vento, que causaram, ainda, outros transtornos, como pontos de alagamento, imóveis destelhados e destruídos, quedas de fios de alta tensão, falta de energia elétrica e circulação de trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)com velocidade reduzida.
Em Santo André, a destruição da estrutura do Auto Posto Utinga, na Avenida Utinga, causou prejuízo de R$ 120 mil ao proprietário Sandro Neves, 45 anos. A estimativa é a de que demore 30 dias para recuperar o local. “Só deu tempo de sair correndo para se proteger. Tinha cliente abastecendo. Foi um milagre que ninguém tenha se machucado.”
A Comunidade Apostólica da Colheita, igreja evangélica também em Utinga, sediava culto no momento da tempestade. O espaço ficou destelhado. “Estávamos com 20 pessoas em oração, quando ouvi mos os barulhos. Saímos para a rua sem saber o que tinha acontecido”, afirma o pastor Rogério Gonçalves, 43. Embora ainda não tenha estimado os danos, ele acredita que demore dez dias para recuperar o centro religioso. Além disso, foi necessário adiar o início das aulas de capoeira – previstas para amanhã – a crianças devido aos estragos.
Usuários da Linha 10-Turquesa da CPTM seguiram prejudicados pela circulação mais lenta das composições entre as paradas Tamanduateí, na Capital, e Santo André, ontem. Queda de raio sobre cabine de sinalização atingiu vários equipamentos na sexta – funcionários trabalhavam na recuperação até o fechamento desta edição.
SÃO CAETANO
Na USCS, dois prédios foram atingidos pela ventania e temporal. A instituição de ensino anunciou a suspensão das aulas nesta semana, bem como o cancelamento de concurso público para a Prefeitura de São Caetano, que seria realizado hoje. Outras informações serão divulgadas no site www.dedaluconcursos.com.br.
De acordo com o reitor Marcos Sidnei Bassi, as obras para a recuperação do campus Barcelona devem ter duração de 40 dias – serão contratadas de forma emergencial. Em relação à volta às aulas, a estratégia será definida. “Ou vamos suspender o calendário, reprogramando as aulas para avançar nas férias, ou procuramos outro lugar para ter as aulas.”
CHUVA
Conforme a Prefeitura de São Caetano, choveu 65 milímetros entre a noite de sexta e as 11h de ontem – 28% do esperado para o mês. Já em Santo André, segundo o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), foi registrado volume de 44,7 milímetros. No município, as rajadas de vento chegaram a 42,8 quilômetros por hora.
A meteorologista do Climatempo, Marina Vieira, descartou a possibilidade de que tornado tenha atingido a região. “Esses fenômenos isolados são causados por nuvem de tempestade que produz rajadas de vento. Um tornado se dá em área mais extensa.”
Ao mesmo tempo em que moradores das áreas mais afetadas pela tempestade de sexta-feira contabilizam os prejuízos, eles também se preocupam com a possibilidade de novos temporais. Conforme o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência) do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, a expectativa é a de que o clima de instabilidade, com tempo chuvoso, continue hoje.
A frentista Márcia da Silva Carvalho, 42 anos, que mora em frente ao Auto Posto Utinga – destruído pelo vendaval –, na Rua Bárbara Heliodora, ficou com a casa cheia de infiltrações. “Quando fui até a janela ver o que estava acontecendo, o vento já tinha levado tudo. A sensação era a de que o mundo iria acabar”, conta. “Estou limpando tudo, mas com medo de um novo temporal.”
Na mesma rua, em terreno onde moram cinco famílias, uma pessoa chegou a se ferir levemente com estilhaços de vidro da janela. Além disso, parte do muro de uma empresa cedeu e caiu sobre o VW Gol, do cabeleireiro Cleyton Rodrigues Pereira, 21. “Temos sorte de que ninguém se machucou gravemente. Mas o carro deu perda total”, lamenta.
Proprietária de imóvel na Rua Maceió, em São Caetano, que estava sendo preparada para alugar, a secretária Lídia Sulmire Kinoshita, 53, ainda não contabilizou o prejuízo. “A sorte foi que o imóvel estava desocupado, mas uma árvore desabou sobre a lavanderia.” Na cidade, onde queda de 150 árvores foi registrada, a inauguração de nova etapa da ciclofaixa de lazer, prevista para hoje, foi cancelada.
ENERGIA
Devido ao rompimento de cabo de alta tensão na região de Utinga, em Santo André, o bairro permanecia às escuras até o fechamento desta edição. Segundo a Enel, “equipes da distribuidora continuam trabalhando para o restabelecimento da energia”.
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