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Extratos revelam saques em caixa na Câmara de Mauá após salário cair

Ex-assessores acusam Sinvaldo Carteiro de exigir devolução de parte de seus rendimentos

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
29/01/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Extratos bancários de ex-assessores do vereador Sinvaldo Carteiro (DC), de Mauá, revelam a existência de frequentes saques no caixa eletrônico instalado dentro da Câmara de Mauá logo depois de o salário cair na conta. Esses ex-servidores acusam o parlamentar, além de outros dois vereadores, de exigir a devolução de parte dos seus rendimentos, o chamado pedágio. O caso foi revelado com exclusividade pelo Diário no domingo.

Os dados bancários, dos quais o Diário teve acesso, foram entregues ao Ministério Público de Mauá por um dos ex-funcionários comissionados do gabinete de Sinvaldo como forma de provar que, ao receber seus rendimentos, sacava boa parte ou quase todo o dinheiro e o entregava ao próprio parlamentar.

As cópias dos extratos mostram pelo menos seis saques no mesmo dia em que o salário era transferido ou, no máximo, em até quatro dias. Ao todo, foram R$ 6.460 em saques feitos no terminal eletrônico do Banco do Brasil instalado na entrada principal da Casa.

A movimentação financeira apresentada por esse ex-comissionado é referente ao período de oito meses: outubro de 2017 a junho de 2018. Não há, contudo, extratos dos meses de dezembro de 2017, abril e maio do ano passado.

Os saques são feitos sempre nos últimos dias do mês. “Eu recebia nos dias 15 e 30, dava em mãos a ele (Sinvaldo) e por partes, até que me organizei e comecei a pegar o que recebia no dia 15 como meu salário e o do dia 30 repassava a ele a quantia de R$ 1.200. (Os pagamentos eram feitos) Sem atraso, tinha que ser entregue em mãos dentro do gabinete e de preferência em envelopes. Não tinha acordo de dizer que caiu (o pagamento) na sexta-feira e a gente entregaria na segunda. O gabinete ficava cheio e ia entrando um de cada vez”, diz trecho da denúncia, que faz parte de inquérito do qual Sinvaldo é investigado.

INQUÉRITO
Além de Sinvaldo, Samuel Enfermeiro (PSB) e Tchacabum (PRP) também são alvos do inquérito no MP. O trio é acusado de coagir funcionários a devolverem parte de seus salários sob ameaça de serem exonerados. Todos negam as acusações.

De acordo com a denúncia, a forma de pagamento aos vereadores foi alterada posteriormente. Em vez de entregar o dinheiro em mãos, esses assessores eram obrigados a depositarem os valores como doação à ONG Beatriz Luiz Gonçalves, entidade criada por Sinvaldo e que leva, inclusive, o nome de sua sobrinha.

Os fatos chegaram ao MP pelas mãos de ex-servidores comissionados que atuavam nesses gabinetes e aceitavam devolver parte dos seus salários, mas que teriam sido exonerados posteriormente.

Samuel Enfermeiro, Sinvaldo Carteiro e Tchacabum já são acusados pela Polícia Federal de receberem Mensalinho do hoje prefeito preso Atila Jacomussi (PSB). Todos foram indiciados por corrupção ativa, passiva e participação em organização criminosa, no âmbito da Operação Trato Feito.

Por meio da assessoria da Câmara, Sinvaldo voltou a negar as ilegalidades e destacou que o tema “trata-se de inquérito e que, caso seja motivo de ação judicial, responderá no momento adequado”. 




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