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Consumo de água cresce 3% na região

População utilizou, em média, 160 litros do recurso por dia em 2018; volume é maior do que o recomendado pela ONU, de 110 litros diários

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
23/01/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Passados apenas quatro anos da pior crise hídrica vivida pelo Estado de São Paulo, entre 2014 e 2015, o consumo diário de água por habitantes no Grande ABC (exceto Mauá) registrou aumento de 3%. A média em 2018 foi de 160 litros por pessoa. Em 2016, os moradores gastaram, por dia, 155,31 litros. A ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda que cada pessoa use, diariamente, até 110 litros.

O professor de engenharia ambiental na Metodista Carlos Henrique de Oliveira destacou que o consumo na região está muito acima do recomendado e que ainda faltam ações de conscientização por parte das empresas de abastecimento. “Água é um bem escasso e seu uso racional é fundamental”, citou. O especialista ressaltou que, além de ações para diminuir o consumo da população, investir em ações de combate a perdas (por meio de vazamentos e ligações irregulares) é importante para preservar a segurança hídrica. “Elevar o nível de consciência sobre isso precisa ser considerada política de interesse coletivo”, concluiu.

O maior consumo foi observado em São Caetano, onde, segundo o Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental), cada morador usou 268 litros de água, em média, em 2018 (dados até novembro). O volume representa aumento de 3,8% com relação ao consumo de 2016, que foi de 258 litros per capita.

O Saesa afirmou que realiza campanhas de conscientização sobre o uso racional da água, com distribuição de materiais impressos, orientações nas mídias sociais e informações voltadas ao tema em seu site, além de promover projetos de educação ambiental com alunos da rede municipal.

Em seguida aparece São Bernardo. De acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), cada morador usou, em 2018, 228,7 litros de água por dia. Em 2016, o consumo era de 227,6 litros. Em Diadema, cujo abastecimento também é feito pela companhia, cada habitante usou 174,9 litros de água no ano passado, contra 169 em 2016, alta de 3,4%.

Em Santo André, o consumo per capita foi de 161,61 litros em 2018, 5,6% a mais do que os 152,9 litros gastos diariamente em 2016. Os dados foram informados pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) e se referem até novembro. Apesar do aumento, a autarquia informou que mantém campanha permanente pela economia de água em seus canais e atendimento virtuais. No ano passado, fez divulgação nos veículos de comunicação da região, além de outdoors e busdoors.

Ribeirão Pires tem o segundo menor consumo da região, com cada morador gastando 153,39 litros em 2018, alta de 3% na comparação com 2016, quando foram consumidos 148,89 litros por dia. Já em Rio Grande da Serra a população gastou 134 litros ao dia no ano passado, acréscimo de 3% com relação ao consumo de dois anos atrás, que foi de 130,78 litros. As duas cidades têm o abastecimento operado pela Sabesp. A empresa afirmou que mantém de forma contínua campanhas publicitárias em vários canais de comunicação sobre a importância do consumo consciente. Além disso, tem programa de participação comunitária em que técnicos realizam palestras em escolas e reuniões junto às comunidades ressaltando o tema. “Junto aos órgãos públicos existe o Pura (Programa de Uso Racional da Água), pelo qual os prédios públicos se comprometem a economizar água e, em contrapartida, recebem desconto na tarifa”, informou em nota.

A Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) não informou os dados até o fechamento desta edição.
 

Captação de água da chuva diminui desperdício e tarifa

Apesar de o Grande ABC ter registrado aumento no consumo diário de água, ainda é possível encontrar moradores que economizam o recurso no seu dia a dia. O casal de aposentados Maria Helena Fontes, 60 anos, e Mauri Fontes, 58, moradores de Santo André há pelo menos quatro anos, capta toda a água da chuva que for possível para regar as plantas e lavar o quintal.

“Meu marido colocou correntes na calha, para que fosse mais fácil a captação. Temos dois barris de 100 litros que duram mais de uma semana, mesmo usando com frequência essa água para lavar o quintal, já que temos uma cachorra”, explicou Helena. 

Além de reduzir o consumo, que passou de 16 metros cúbicos (cada m³ equivale a 1.000 litros de água) para 12 m³ ao mês, o administrador de empresas aposentado também conseguiu queda de 20% no valor da conta. “É bom para todo mundo. Para a gente, que vai gastar menos com a fatura mensal, e para o meio ambiente, porque não tem tanta água assim no mundo”, declarou. “Há muitas formas de economizar, mas vejo que se investe pouco nisso”, concluiu.

Moradora do jardim Alto de Santo André, a instrutora de ioga Aurea Marucchi, 59, também faz captação de água da chuva há cerca de cinco anos. Adaptou torneira em barril e usa o líquido para lavagem de quintal e para aguar as plantas. “Comecei por ter consciência do problema ambiental. É triste, porque não vejo essa mesma postura entre meus vizinhos”, afirmou. Nos meses em que há bastante chuva e não recebe visitas, Aurea chega a reduzir o valor da conta pela metade. “Faz muita diferença.




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