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Obra põe crianças em risco e gera transtorno
Ana Beatriz Moço
09/03/2018 | 07:00
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Denis Maciel


Obra abandonada há mais de 20 anos na Alameda João Galego, no bairro Santa Maria, em São Caetano, coloca em risco ao menos oito crianças, com idades entre 9 e 13 anos, que quase todas as tardes vão ao local brincar. Além disso, o espaço tem causado transtornos aos moradores do entorno, que se dizem atormentados com o barulho, que ocorre tanto durante o dia quanto à noite, tendo em vista que o espaço também é frequentado por jovens que utilizam o empreendimento para consumir drogas e manter relações sexuais.

Durante o dia, o prédio serve de palco para a imaginação dos meninos, que usam o espaço para brincar com pequenas armas caseiras que atiram feijões. Um deles, de 12 anos, disse que não há nem um dia em que não se encontram no local. “Todo dia brincamos aqui. Para nós é um paintball de pobre. Utilizamos as paredes pela metade para nos escondermos e atacar o adversário. É nosso campo de batalhas.”

Embora acreditem que o espaço é adequado para a brincadeira, o perigo está espalhado em todas as partes. Além de vigas expostas, escadas quebradas e o chão de pedras, não há proteção ao redor da construção, e no meio do prédio há um poço de elevador com mais de nove metros de altura.

A equipe de reportagem do Diário percorreu o interior da obra, ontem, e encontrou colchões, roupas, cobertores, travesseiros, sacos de supermercado, pacotes de alimento, comida para cachorro, seringas, tesouras e pinos. Além disso, resquícios de droga e preservativos estão nos cômodos.

Os menores relataram que saem do local por volta das 20h, quando chega grupo de jovens para consumo de droga, e que moradores de rua dormem nos quartos improvisados e, por esse motivo, não brincam ali à noite.

As crianças acreditam que encontraram o melhor lugar para brincar em paz e, quando questionadas sobre possível interdição do prédio, não hesitam em dizer que querem que fique aberto para que não percam o lazer. No entanto, os moradores se dizem cansados do barulho e insegurança, e cobram do poder público providências que prezem pela Segurança pública.

O empresário Alexandre Rodegher, 30, mora na casa ao lado e relata que, por se tratar de laje inacabada, o barulho acaba sendo mais intenso. “O certo seria fechar tudo isso com tijolos, até que tenha resolução oficial para o empreendimento.”

Rodegher relata que seu pai, idoso, está incomodado com a situação, principalmente pelo barulho, pedras que as crianças jogam de cima da laje e medo durante a noite. “Não sabemos quem frequenta aí (obra) de noite. Toda vez que vamos sair de casa olhamos, mas o medo do meu pai é que alguém esteja escondido no imóvel e tente nos roubar ou fazer alguma coisa.”

O empresário diz que teme pela vida das crianças que brincam no espaço. “Não podemos fechar os olhos e deixá-los brincando aqui todo dia. É um perigo, não há proteção. Alguém precisa dar um jeito nisso.”

JUSTIFICATIVA 

A Prefeitura do município disse que reconhece os problemas relatados e informou que o proprietário do imóvel sofreu sanções administrativas pela não conclusão da obra, além de existirem procedimentos legais em relação à regularidade do incorporador.

“Lamentavelmente, o drama dos imóveis abandonados e invadidos é uma realidade que desafia governos pelo mundo inteiro. A Prefeitura estuda a implementação de ações e programas de promoção social que, a partir dos preceitos constitucionais da função social da propriedade, promovam o adequado equacionamento da ocupação e dos usos do território”, disse o secretário de Obras e Habitação, Enio Moro Junior.

A administração informou ainda que a Guarda Civil Municipal faz rondas periódicas naquela área. 




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