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Imagem do ditador Franco segue ligada ao Real Madrid, diz livro
Do Diário OnLine
Com AFP
13/11/2005 | 17:42
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O espanhol Francisco Franco, como todo ditador, sempre quis se impor em todas as esferas da sociedade espanhola, sem esquecer dos estádios de futebol, nos quais segue surpreendentemente visível, mesmo 30 anos depois de sua morte. O Real Madrid exibe em uma luxuosa sala de seu estádio Santiago Bernabéu, sem se envergonhar, os troféus entregues pelo ditador.

Franco gostava de futebol e tinha sua própria competição, a Copa do Generalíssimo, rebatizada Copa do Rei (versão espanhola da Copa do Brasil) após a sua morte. O ditador torcia para o Real Madrid, clube beneficiado por sua ditadura.

Santiago Bernabéu, presidente do clube madrileno muito estimado por Franco, foi "sociologicamente" franquista, de acordo com o historiador Angel Bahamonde. Bernabéu desconfiava das incursões da política no futebol e sua ação "paradoxalmente" se destinava a proteger o clube para evitar que a política entrasse no Real, explica Bahamonde em seu livro "O Real Madrid na história da Espanha".

O dirigente, que deu nome ao estádio do Real, presidiu o clube de 1943 a 1978, datas que quase coincidem com as da ditadura franquista (1939-1975). Apesar disto, Bahamonde alega que "Bernabéu e Franco não tinham uma relação fluida, se viram em poucas ocasiões".

Isso não impedia que figuras importantes do movimento franquista fossem assíduas freqüentadoras do estádio do Real Madrid. Santiago Bernabéu tratou, durante quase toda sua presidência, de ter uma margem de manobra, apesar do controle franquista.


O controle imposto pela ditadura foi tão forte que 30 anos depois da morte do caudilho, a herança do franquismo continua visível nos estádios espanhóis, como o Santiago Bernabéu, com os Ultra Sul, torcedores fascistas do Real Madrid.

Um policial infiltrado na Ultra Sul relatou em um livro - "Insider" - como muitos deles comemoram a cada 20 de novembro a morte de Franco no Vale dos Caídos, mausoléu do ditador.

O Real, presidido atualmente por Florentino Pérez, faz vista grossa às atividades destes torcedores e, longe de marginalizá-los e proibir suas atitudes racistas no estádio, colocam à sua disposição um local para guardar bandeiras e objetos de duvidosa finalidade.

Porém, o Real Madrid não é o único clube com reminiscências franquistas. O Atlético de Madrid também tem torcedores radicais e saudosos do ditador. E o grande rival catalão, o Barcelona, acaba de atravessar uma pequena crise interna provocada pela presença de um membro da Fundação Francisco Franco em sua direção.

Em fins de outubro, o presidente do clube catalão, Joan Laporta, aceitou a renúncia do seu cunhado Alejandro Echevarría, diretor de segurança do clube, depois que foi revelada sua atuação na fundação franquista.

Laporta tentou explicar que seu cunhado não era membro da fundação desde que foi trabalhar no Barcelona, mas foi obrigado a dispensá-lo diante da pressão dos sócios e da imprensa catalã. A região da Catalunha sofreu forte perseguição de Franco, por ser identificada com os defensores da república contra a ditadura.




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