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Guarda Municipal de Sto.André ameaça suspender ronda
Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
29/04/2005 | 11:20
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Integrantes do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santo André) começaram na noite de quinta-feira a recolher documentos de adesão ao protesto que pretende suspender as rondas com viaturas e motocicletas a partir da próxima semana. A medida, que deixaria descoberta a segurança de prédios públicos, inclusive 90 escolas da rede municipal, é uma reação ao silêncio da Prefeitura em relação ao pedido de reajuste da categoria. Os guardas esperavam para quinta-feira à tarde uma resposta à reivindicação – aumento de 22% no adicional noturno –, mas esperaram em vão na Câmara Municipal.

O presidente da Câmara, Luiz Zacarias (PL), que intermediou o contato entre guardas e Prefeitura, foi quem anunciou que o Executivo ainda não havia tomado a decisão prometida para quinta-feira. E não definiu novos prazos. Disse somente que continuava em contato direto com o prefeito João Avamileno (PT) para falar sobre o assunto. “Vocês estão no caminho certo”, dizia o vereador aos guardas, impacientes. “Certo, certo não está não. Toda vez é a mesma coisa e nada de resposta”, retrucou um dos guardas que integrou a comissão levada à sala do presidente. A categoria exige que o adicional por periculosidade passe de 18,7% para 40% sobre os salários que variam de R$ 809,84 a R$ 1.134,03. A Prefeitura diz que não há recursos para conceder o aumento. Nas contas do sindicato, o reajuste custaria R$ 76 mil/mês.

Os guardas prometiam uma passeata caso não chegassem a um acordo com a Prefeitura. Não cumpriram. No final da sessão da Câmara, sobraram poucos dos cerca de 60 guardas que chegaram à tarde ao local, munidos de faixas e palavras de ordem. Nesta sexta-feira, às 10h, a categoria promete voltar à Câmara para um reunião com uma Comissão de Justiça, que vai apurar denúncias de guardas sobre más condições de trabalho na corporação.

Na Câmara, o assunto da Guarda Municipal é um dos mais comentados pelos vereadores. José Ricardo (PSB) diz que é imprescindível que os guardas tenham “operacionalidade”. “Foi mostrado pelo sindicato que não existe colete para todos, viaturas depenadas, uniforme em más condições”, lembra Ricardo. Na tribuna livre, a corporação também era assunto obrigatório entre os parlamentares. “Devemos dar condições para a Guarda porque hoje ela complementa o trabalho das polícias Civil e Militar”, afirmou Sargento Juliano (PMDB), da bancada de oposição ao prefeito João Avamileno.

Sucateamento – O Diário percorreu várias bases com membros do sindicato e constatou a veracidade de algumas queixas. Poucos homens usam coletes à prova de balas, o azul das fardas virou cinza e muitos coturnos estão furados. Um guarda do pátio da Prefeitura improvisou. Adotou como parte do uniforme uma bota de borracha. “É para proteger dos ratos, que saem de todos os cantos”, explica. Balas, só trazidas de casa. Há quatro anos os homens dizem não saber o que é munição nova. “Se eu dependesse da Guarda para trabalhar, não conseguiria”, afirma outro guarda.

Nas bases, a situação não é melhor. O posto do Sapopemba tem um dos pilares de sustentação danificados. “Se um carro bater aqui, cai tudo”, teme um dos guardas.No verão, a temperatura dentro do posto pode chegar a 50ºC. Para se proteger do calor os homens improvisaram pedaço de papelão nos vidros do posto. Resultado: não cozinham no sol, mas também não enxergam nada de lá de dentro. As condições de trabalho dos guardas que ficam em um trailer no Parque Guaraciaba também não seria a ideal. Os guardas têm de ir no banheiro de um bar em frente ao parque.

As viaturas seriam outro problema. Quer dizer, a falta delas. A reportagem do Diário contou 18 delas e mais cinco motos em manutenção no pátio da Prefeitura. Quando andam, segundo quem as dirige, falta potência, freios, estepe, entre outras coisas. A Prefeitura diz, em nota, que só discute e analisa reclamações dos membros da Guarda Municipal se feitas oficialmente e diretamente ao comando da corporação.

Em alguns casos o problema não é de estrutura, mas de localização. A base das três divisas (Santo André, São Paulo e Mauá) ficaria em Mauá, afirmam os guardas de plantão. Como prova, apresentam a nota fiscal de um comércio vizinho onde está escrito: “Jardim Sônia Maria – Mauá”. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Santo André não confirma nem nega se a base fica em Mauá ou na cidade. Independentemente da localização, os guardas dizem que não podem atender determinadas ocorrências porque não ocorreram em Santo André. Policiais militares, que deveriam ficar nas bases, foram retirados pelo comando da corporação do governo do Estado. Sobraram o mato alto, instalação elétrica malfeita, marcas de tiro na base e uma cachorra vira-latas, que dá o alarme para os GCMs quando chega alguém da direção onde não há janelas.



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