Fundado em 1928, o Instituto Padre Chico atende cerca de 150 crianças e adolescentes, entre 3 e 15 anos, com diferentes graus de deficiência visual e, desde 2008, seguindo a tendência inclusiva em curso, passou a aceitar também parentes dos seus alunos sem deficiência. Já realizavam trabalho de musicalização, mas este foi o primeiro contato de todos com a dança e trouxe descobertas importantes. "Foi interessante vê-las entender que o corpo não é só algo que as leva de um lugar para o outro, mas também um espaço de sensações, percepções e memórias", conta Uxa Xavier, com 30 anos de experiência em dança.
Um bom exemplo foi o que aconteceu logo no primeiro dia, quando um dos alunos, em meio aos exercícios de toque, descobriu uma parte de seu corpo que nunca havia sido nomeada para ele: o tornozelo.
Uxa deseja trabalhar com deficientes visuais desde o tempo em que recebia crianças com Síndrome de Down e autismo leve no seu estúdio. "Quando iniciamos o processo dessa pesquisa, fomos à exposição Diálogos no Escuro, que inseria o visitante em um ambiente que simulava a realidade de um deficiente visual. Perguntei ao monitor como ele sentia os corpos e o movimento das pessoas ao seu redor, e ele ficou em silêncio. O silêncio dele me provocou ainda mais sobre a relação do movimento com o imaginário, que é a questão que guia o projeto", afirma.
"Esse interesse me levou a sair do campo da deficiência para o campo da política, refletindo sobre a existência de mundos paralelos, e que o imaginário pode e deve ser um espaço a ser vivido e respirado por todos."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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