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Drenar em xeque obriga Marinho a blindar Tarcisio

Com morosidade de vitrine de prefeiturável do PT em S.Bernardo, prefeito põe pupilo na articulação

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
11/12/2015 | 07:00
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Montagem/DGABC


Com parte das obras antienchentes do Projeto Drenar, de São Bernardo, atrasada e com seu funcionamento em xeque, o prefeito Luiz Marinho (PT) encontrou uma válvula de escape para preservar a futura candidatura do secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli (PT), à sucessão em 2016. O chefe do Executivo decidiu nomear o afilhado para o cargo de secretário de Coordenação Governamental e, assim, criar condições para poupar que possível fracasso do projeto seja diretamente atrelado a seu pupilo em pleno processo eleitoral.

Orçado em R$ 600 milhões, o Drenar engloba a construção de piscinões e canalização de córregos para erradicar enchentes em São Bernardo. As intervenções são lideradas por Tarcisio e estão nas apostas do PT para serem usadas como vitrine no pleito do ano que vem, quando o partido tentará o terceiro mandato consecutivo na cidade.

O projeto, no entanto, apresenta problemas de execução e é alvo de críticas de comerciantes, que reclamam que as obras causam prejuízo às lojas. A construção do piscinão do Paço, no Centro,está parada, depois de a OAS Construtora, responsável pelas intervenções do canteiro, demitir 120 operários. Em setembro, o Diário revelou que o atraso na entrega do piscinão da Rua Jacquey, no bairro Rudge Ramos – prometido para junho –, ocasionou alagamento da via à época.

Tarcisio acumulará as duas funções, segundo Marinho. O prefeito anunciou publicamente a nova atribuição do correligionário ontem, durante ato de reinauguração da UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Ipê, no bairro dos Casa. “Eu tenho a satisfação de tê-lo como meu braço-direito no governo”, discursou o prefeito, ao segurar as mãos de Tarcisio e conduzi-las ao alto.

FALTA DE DIÁLOGO
Posto estratégico e diretamente ligado ao gabinete de Marinho, a coordenadoria de governo foi ocupada por Tarcisio na primeira gestão do petista (2009-2012). O retorno do secretário ao cargo também atende a queixas internas da bancada de vereadores do PT e de militantes da legenda de que Tarcisio tem dificuldades de, a menos de um ano da eleição, dialogar com aliados e correligionários e de assumir postura de candidato a prefeito.

Marinho, no entanto, negou objetivo eleitoral na mudança. “Estamos falando de (decisão de) governo, não de campanha (eleitoral). Eleição é só ano que vem, depois das convenções (partidárias, agendadas para julho)”, argumentou o prefeito, ao emendar que tomou a decisão “porque eu resolvi”. 

Petista diz que estuda processar oposição por ''inventar mentiras''

Embora o ato de ontem tenha sido entrega de reforma de equipamento da Saúde, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), usou praticamente todo o seu discurso para criticar o resultado da votação, na sessão de quarta-feira, do PME (Plano Municipal de Educação), que foi aprovado com emenda da oposição proibindo o termo “gênero” no projeto.

Em tom elevado, Marinho acusou vereadores de “inventarem mentiras em nome de Deus”. Sem citar nominalmente os responsáveis pela emenda, o prefeito exclamou: “Acredito em Deus, mas não em homens que dizem falar em nome Dele”, discursou Marinho, a plateia formada por funcionários da UBS do Jardim Ipê. 

Marinho disse ainda que estuda processar os parlamentares por disseminar “mentiras rasteiras” e citou que o caso “é passível de quebra de decoro parlamentar”. O prefeito também sinalizou que vetará as alterações. “Se eu não vetar, abre brecha para que o debate ocorra nas redes estadual e privada”, argumentou. 

O PME não incluía menção à defesa da igualdade de gênero nas escolas, mas, com apoio do G-9 (ala independente), os oposicionistas Rafael Demarchi (PSD), Julinho Fuzari (PPS) e Marcelo Lima (PPS) emplacaram emenda vetando a ação na rede municipal de ensino.




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