Liberado do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André no fim da tarde de sábado, o pintor Francisco Carlos dos Santos, 47 anos, disse que só soube da Lei Seca na delegacia de Mauá - onde foi preso após ser flagrado dirigindo alcoolizado na madrugada de sábado. Um alvará de soltura, expedido sábado pelo juiz de Direito do plantão judiciário da Comarca de Santo André Marcelo Benachhio, permitiu que ele fosse liberado sem pagar a fiança de R$ 303.

"Concordo com a lei, mas bebo todos os dias", disse à reportagem ontem à noite, que o encontrou próximo à sua residência, aparentemente embriagado. Ele foi detido depois de bater seu Chevette ano 1.983 em um Corsa na Estrada do Carneiro, no bairro São João, em Mauá. O bafômetro acusou a quantidade de 1,09 miligrama de álcool por litro de ar expelido, o equivalente a dez copos de cerveja. O veículo foi apreendido e a habilitação de Santos, suspensa.

Sem dinheiro para pagar a fiança, o pintor foi levado ao 1º DP de Mauá e de lá transferido para o CDP de Santo André. "Dormi sozinho em uma cela e fui bem tratado", relembra Santos, que nunca teve problemas com a polícia.

O juiz foi procurado pela reportagem para comentar o caso, mas não foi localizado.

ALCOOLISMO - Francisco Carlos dos Santos é solteiro, não tem filhos e mora sozinho no Jardim Itapeva, em Mauá. Ele trabalha como pintor em uma empresa em São Caetano e recebe R$ 570 por mês. "Todos os dias pego o ônibus às 4h e só chego em casa às 18h." O Chevette foi comprado há menos de um mês por R$ 3.000 e não possui documentação.

Após saber da prisão de Santos através da reportagem publicada pelo Diário na edição de ontem, a família foi até a delegacia para pagar a fiança, mas foi avisada que ele já havia sido solto pelo juiz, sem a necessidade do pagamento. Familiares afirmaram que possuem pouco contato com o pintor, mas confirmaram seu problema com o alcoolismo.