Economia Titulo
Crédito para pessoas jurídicas têm retração de 0,5% em maio
Por Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
26/06/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


O Banco Central anuncia aumento na disponibilidade de crédito, mas a boa notícia não chega aos ouvidos das pessoas jurídicas, muito menos aos empreendedores do Grande ABC. Essa é a constatação tanto do órgão de regulação do sistema financeiro quanto dos dirigentes empresariais da região.

Segundo informações do Banco Central, o volume de crédito disponível no mercado atingiu os R$ 1,2 bilhão no mês de maio, o que representa um avanço de 20,5% nos últimos 12 meses. Boa parte desse resultado foi gerada pelos bancos públicos, que hoje têm 37,8% da carteira total do sistema financeiro nacional, após entrada agressiva no mercado como forma de pressão dos juros.

A expansão de 2,4% no saldo de operações para pessoas físicas não se repetiu entre as empresas. Os empréstimos concedidos a pessoas jurídicas registraram queda de 0,5% na comparação com o mês anterior. Os créditos para a indústria declinaram também 0,5% no mês, como reflexo da menor contratação pelos setores automotivo, metalúrgico e siderúrgico, muito presentes na região. A redução de oferta é sentida na pele pelos representantes das indústrias do Grande ABC, que não sinalizaram otimismo nem quanto à disponibilidade de crédito nem quanto aos rumores de recuperação da economia.

"Crédito é como santo: todo mundo sabe que existe, mas ninguém consegue tocar", ironiza Shotoku Yamamoto, diretor da regional de Santo André do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). "As micro e pequenas empresas, que operam com margem de lucro altamente reprimida e dependem do crédito são as que têm mais dificuldade."

As mais beneficiadas pelos produtos do sistema financeiro são as grandes empresas que, justamente por serem altamente capitalizadas, oferecem todas as garantias exigidas pelos bancos. "Não adianta o banco oferecer o crédito para capital de giro com duplicatas como garantia. Com a retração do consumo, não temos duplicatas para entregar", critica Yamamoto.

William Pesinato, diretor da regional de São Caetano do Ciesp, lembra dos fundos de aval, já aprovados pelo governo que ainda não entraram em vigor. "O fundo de aval ajudaria muito como forma de garantia, mas o governo ainda está liberando e assinando contratos."

Apesar da queda na taxa básica, a Selic, Pesinato ressalta que os juros praticados no mercado ainda não estão em patamares aceitáveis. "O problema já não é mais a Selic, agora é o spread bancário que os bancos não reduzem justamente alegando a insegurança e o risco de inadimplência."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;