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Pessoas até 14 anos são 4% dos casos de Covid

Especialistas alertam para a maior exposição ao coronavírus com fim de período escolar

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
26/12/2020 | 07:00
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DGABC


As aulas remotas acabaram, crianças e adolescentes têm mais tempo livre e, apesar da recomendação das autoridades de saúde ser pela manutenção do distanciamento físico, áreas comuns de prédios, praças, parques, shoppings e outros espaços voltaram a ser frequentados pelas famílias, o que aumenta o nível de exposição de crianças e adolescentes, até agora, os menos afetados pela Covid-19. Dados de três prefeituras do Grande ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano) indicam que pessoas de até 14 anos respondem por 3,6% do total de infectados.

Na cidade de São Paulo, o número de internações nessa faixa etária aumentou 85% entre outubro e novembro. Segundo dados da prefeitura da Capital, foram registradas 35 hospitalizações por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em decorrência da Covid-19 em outubro, contra 65 em novembro. No Grande ABC, entre as cidades que informaram os dados solicitados pelo Diário (São Bernardo e São Caetano), foi observado o oposto, com oito hospitalizações em agosto e três em novembro.

O pediatra Charles Schmidt explicou que a maioria das crianças que são contaminadas permanecem assintomáticas, ou apresentam sintomas leves, como coriza, tosse e dores. Normalmente, os quadros são menos graves do que em adultos. “Como em qualquer caso de infecção, é importante manter a hidratação, controlar a febre com antitérmicos. Não existe nenhum medicamento que tenha se mostrado eficiente, até o momento, no tratamento da Covid-19, especialmente em crianças”, alertou.

Pediatra voluntária da telemedicina do SAS Brasil, Giulia Assis Vasco de Toledo lembrou que, em raros casos, as crianças podem apresentar quadro de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, uma reação exacerbada das defesas do organismo, que pode levar a quadros graves, com especial implicação no sistema cardiovascular. “Mesmo em casos em que a criança ficou assintomática, dias ou semanas após a infecção esse quadro pode se apresentar e a sorologia vai indicar que ela teve contato com o novo coronavírus”, completou a especialista.

MUITA POLÊMICA

Integrante da ABO (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia), Jamal Azzam afirmou que ainda existe muita polêmica em torno da contaminação de crianças por Covid-19, mas o que já se sabe é que, apesar de ser pequeno o número de infectadas, elas podem transmitir a doença. O especialista atribuiu o aumento de internações em São Paulo ao relaxamento nas medidas de distanciamento físico e de cuidados para o contágio. E alertou que as crianças podem ser consideradas transmissores intermediários, sendo contaminadas por adultos, transmitindo para outras crianças, que podem contaminar novos adultos, indivíduos com mais possibilidade de desenvolver a forma grave da doença.

O otorrinolaringologista desenvolveu um método para auxiliar os responsáveis a identificar se crianças, mesmo as mais pequenas, estão sem olfato e/ou paladar, sintomas característicos da doença e que podem surgir mesmo sem outras manifestações mais comuns, como tosse ou coriza. “Proponha uma brincadeira, que é como as crianças vivenciam melhor as experiências. Esconda nas mãos objetos e peça para que elas adivinhem o que é pela descrição, coisas simples e que elas estejam acostumadas, como um brinquedo. Depois, peça que fechem os olhos e entregue algo com cheiro familiar, um sabonete, uma fruta, e peça que tentem adivinhar tocando e cheirando”, sugeriu.

Em um mês, média diária de casos e mortes sobe mais de 60% no Estado 

A média diária de casos e mortes em decorrência da Covid-19 cresceu mais de 60% no Estado de São Paulo, segundo dados de Secretaria de Estado da Saúde. De 1º a 25 de novembro, a média diária de novas infecções foi de 4.344 e de óbitos, 91. No mesmo período deste mês, o número de contaminados saltou para 7.217 e o de vítimas fatais para 148, aumento de 66% e 61%, respectivamente. O Estado já tem 1.422.087 casos confirmados e 45.795 mortes. Desde o início da pandemia, 1.243.083 pessoas estão recuperadas.

O Estado entrou ontem na fase vermelha emergencial, que vai até amanhã, com objetivo de frear novos casos e mortes. Nesses dias, apenas serviços essenciais, como saúde, poderão funcionar. Nos dias 1º, 2 e 3 de janeiro as medidas voltam a entrar em vigor. A ideia é que o distanciamento físico aumente.

Na região, o total de infectados até ontem era de 97.448, com 3.423 mortes. A região ainda investiga 107.292 casos e 79.784 pessoas já se recuperaram. São Bernardo é a cidade com maior número de infectados (38.521) e óbitos (1.170). Na sequência vêm Santo André (28.525 contaminados e 841 mortes), Diadema (12.550 casos e 553 vítimas fatais), Mauá (8.095 pessoas doentes e 410 perdas), São Caetano (5.957 infectados e 307 mortes), Ribeirão Pires (3.006 contaminados e 113 mortes) e Rio Grande da Serra (794 casos e 29 óbitos). As cidades de Diadema, Mauá e Ribeirão Pires não atualizam os dados desde 24 de dezembro. Rio Grande da Serra não atualiza desde o dia 22.

Com relação ao isolamento, de acordo com o Simi (Sistema de Monitoramento Inteligente), no dia 24 (último disponível), São Bernardo era o município da região com a maior taxa, 44%. Santo André teve 42%, Diadema e Ribeirão 41% e Mauá 37%. Rio Grande da Serra não aparece no sistema.




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