Economia Titulo Pós-segundo turno
Economia regional é otimista com eleição

Política de Bolsonaro deve trazer estabilidade; lua de mel com mercado dura até 1º trimestre

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
30/10/2018 | 07:02
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Marcos Santos/USP Imagens


A vitória de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT) pela Presidência da República é vista com bons olhos por atores da economia do Grande ABC. Dentre os fatores destacados, estão a promessa de estabilidade, que deve estimular investimentos e, consequentemente, geração de emprego.

Para o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Diadema, Anuar Dequech Júnior, de imediato há certo otimismo por medidas que Bolsonaro já vinha anunciando ao longo da corrida eleitoral. “A expectativa de melhora é inerente diante das práticas que ele pretende implementar, com a reestruturação da dívida do governo, que não é de investimento, mas para pagar a máquina, com a melhora do superavit e a queda nos juros”, avalia. “E a região deve colher benefício indireto da estabilidade da economia do País, com o mercado animado, o dólar em queda e a bolsa em alta, o que configura ambiente mais propício aos investimentos e, consequentemente, à geração de emprego.”

O coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, partilha da opinião de Dequech, mas pondera que a lua de mel de Bolsonaro com o mercado, que deverá destravar aportes represados na região, tem data de validade: primeiro trimestre de 2019. “O provável futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, é muito liberal e propõe privatizações e corte de gastos, o que agrada ao mercado. Porém, historicamente Bolsonaro tem visão muito pouco liberal. E se não houver convergência de ideias entre os dois, o dólar volta a subir e, a bolsa, a cair”, assinala. Ou seja, a instabilidade volta a pairar sobre a economia, o que pode suspender, mais uma vez, os investimentos.

A B3, bolsa de valores oficial do Brasil, atingiu ontem recorde histórico de negócios realizados nos segmentos BM&F e Bovespa juntos, somando 4.926.316 negócios. A marca anterior havia sido 4.734.609, no dia 8, após o primeiro turno.

Contrariando expectativas, porém, a moeda norte-americana encareceu no pregão de ontem, e terminou com alta de 1,4%, cotada a R$ 3,70, mesmo tendo encerrado em R$ 3,65 na sexta-feira. Mesmo assim, vale ponderar que o dólar, que começou o mês aos R$ 4, recuou quase 9% ao longo do mês. Ao mesmo tempo, o Ibovespa (principal indicador da B3), valorizou mais de 8% no período e, ontem, recuou 2,24%, aos 83.796,71 pontos.

Balistiero explica que a euforia desacelerou contaminada por fatores externos, até porque a vitória de Bolsonaro era esperada há um mês, e o mercado desde então veio precificando essa expectativa, o que se refletiu na melhora nos índices. “Pesaram os fatos de a Itália ter apresentado orçamento altamente deficitário, deixando com que a União Europeia se virasse, os britânicos pedindo novo plebiscito do Brexit e a tensão dos Estados Unidos com a China”, cita. “Para que o mercado continue otimista, entretanto, são necessários fatos novos. O que deve ocorrer conforme Bolsonaro fizer suas nomeações para os ministérios, especialmente sua equipe econômica. Isso é muito mais importante do que o resultado da eleição.”

Único ponto lembrado pelo especialista que desagradou o mercado foi que o nome cotado para assumir a Casa Civil, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), declarou que o novo governo quer evitar que o dólar flutue tanto, tornando-se mais previsível. No entanto, esse regime cambial de flutuação, que completará 20 anos em janeiro, garante liberdade da economia, sem que a todo momento a União interfira, comprando ou vendendo dólares ilimitadamente.
 




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