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Drones reforçam o setor de investigação da Polícia Civil

Seccional de Santo André conta com nove equipamentos; investimento total foi de R$ 57,9 mil

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
14/05/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Os drones, veículos aéreos não tripulados e controlados remotamente, podem realizar inúmeras tarefas, razão pela qual os equipamentos se tornaram comuns entre aparatos militares e de vigilância. Na região, a Polícia Civil de Santo André, Mauá e Ribeirão Pires tem nos aparelhos aliados para reforçar o trabalho de investigação. Em julho do ano passado, a Delegacia Seccional andreense (que abrange os três municípios acima, além de Rio Grande da Serra) adquiriu nove drones, no valor de R$ 6.444 cada, investimento total de R$ 57,9 mil.

Os aparelhos são usados na Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes), Dicma (Delegacia de Investigação de Crimes contra o Meio Ambiente), CIP (Centro de Inteligência Policial), e nos DPs do Centro (1º), Camilópolis (2º) e Vila Mazzei (6º), em Santo André; na Delegacia Sede e 1º DP (Centro) de Mauá; e na delegacia de Ribeirão Pires.

A norma que regulamenta as operações de drones, da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), completou um ano de vigência no dia 3 de maio. Até abril, 41.338 drones foram cadastrados no País. A estimativa, segundo a Aeronáutica, é a de que operações com esse tipo de tecnologia já sejam utilizadas em pelo menos 36 órgãos de Segurança pública e Defesa Civil brasileiros.

Devido à situação orçamentária limitada da Polícia Civil, que sofre com falta de profissionais e estrutura aquém da considerada ideal, a compra dos drones foi possível graças a recurso do Fisp (Fundo de Incentivo à Segurança Pública), convênio existente entre a SSP (Secretaria da Segurança Pública) e governo federal.

O veículo aéreo é capaz de sobrevoar a altura de até 120 metros e alcança um raio de aproximadamente cinco quilômetros de distância. “Usamos os drones em diversas oportunidades, como crimes ambientais, tráfico de drogas, crimes contra a vida e crimes contra o patrimônio. Todos os colegas me afirmaram que têm feito uso do equipamento e que o auxílio é grande”, fala o delegado titular da Seccional de Santo André, Helio Bresan. “Eles facilitaram nossos serviços no que tange a identificação de área, carros, pessoas, lugares. Nos permitiram instruir inquéritos com fotos que demonstram a existência ou não de irregularidade/crime e em casos onde precisamos entrar com força policial para cumprir”, acrescenta.

Bressan ressalta ainda que há projeto para novos investimentos e que “eles acontecerão ainda neste ano”. “Os planos são elaborados por nós e mandados à análise superior para a liberação dos recursos financeiros. Recursos existem, precisamos mostrar onde e quando pretendemos usá-los, para que sejam muito bem aproveitados”, salienta.

SEM NECESSIDADE

Ao contrário do cenário da Seccional andreense, as delegacias de São Bernardo, São Caetano e Diadema não contam com a tecnologia via drones.

O titular da Seccional de São Bernardo, Aldo Galiano Júnior, diz que não vê nos drones ferramenta de tanta valia. “Não vejo necessidade, porque é preciso voar baixo e é facilmente detectável. Avalio o fator custo-beneficio”, fala.

No entanto, ele ressalta que a adoção de outras tecnologias pode auxiliar na atuação da entidade. “Mas a otimização do setor de inteligência é primordial. Já está otimizada, mas precisa ser ampliada por meio de tablets ou acesso por celulares na rua e uma integração entre as várias unidades”, analisa. “O policial na rua teria acesso imediato ao que ele precisa, tais como placas, antecedentes e endereços de suspeito, possibilitando um início de investigação no próprio local do crime de forma mais célere”, conclui.

O delegado seccional de Diadema, Oswaldo Arcas Filho, preferiu não se pronunciar a respeito do tema. A SSP não retornou aos questionamentos até o fechamento desta edição.

Tecnologia é primordial, avaliam especialistas

Com a criminalidade cada vez mais especializada, o uso de tecnologia pela polícia no trabalho de investigação se torna ainda mais imprescindível para a elucidação dos casos. “O crime deixa rastros e, hoje em dia, os criminosos cada vez mais se utilizam de aparatos, principalmente tecnologia de informação, então, quanto mais bem aparelhada estiver a Polícia Civil, ela vai ter mais condições de rastrear e conseguir elucidar crimes”, pontua o coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) David Siena.

Na avaliação do especialista, a utilização de veículos aéreos não tripulados tem resultado significativo na produtividade policial. “A Polícia Civil precisa fazer o que a gente chama de campana, que é um monitoramento prévio à intervenção policial, então, o drone é uma ferramenta que pode ser utilizada para levantamento do local, sem que o policial seja percebido pelos criminosos, pode proporcionar maior eficiência para o trabalho.”

Siena ressalta que não faltam tecnologias atualmente no setor de Segurança para a polícia poder investir. O que falta, no entanto, é empenho por parte do Estado. “Temos ferramentas no mercado que podem atender muito bem a polícia, o que falta é vontade política. Esperamos do atual governador (Márcio França, PSB) que mude esse paradigma e comece a investir na polícia Judiciária de São Paulo.”

“Investe- se em carros, armas e coletes ao invés de se investir em inteligência. Somente com inteligência e planejamento você vai conseguir, de fato, ter redução nos índices de criminalidade”, destaca o especialista em gestão e Segurança pública Newton de Oliveira, docente da Mackenzie Rio de Janeiro.

DETECTA

Projeto implantado pelo Estado em 2014, o Detecta auxilia a polícia a recuperar veículos produtos de roubo e prender os criminosos. A iniciativa consiste na instalação de software que realiza cruzamento de informações a partir de câmeras de trânsito com o banco de dados das polícias Militar e Civil. Na região, Santo André, São Caetano e Mauá contam com a tecnologia. São Bernardo e Ribeirão Pires afirmaram estar em tratativas com o Estado.  




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