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Orquestra de S.Caetano mostra garra em S.Paulo
João Marcos Coelho
Especial para o Diário
26/06/2005 | 07:45
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O maestro Antonio Carlos Neves Pinto costuma fazer comparações com o futebol. Neste caso, não seria exagero dizer que a Filarmônica de São Caetano tocou na Sala São Paulo, sexta-feira à noite, como se estivesse no sagrado gramado de Wembley, na Inglaterra, berço dessa modalidade esportiva.

Muito empenho e garra marcaram um concerto em que o público que quase lotou os 1,5 mil lugares da sala vibrou com as obras populares escolhidas para formar o programa da noite. Assim, pela ordem, foram executadas a Abertura Coriolano, de Ludwig Van Beethoven (1770-1827), a Sinfonia nº 5, de Piotr Tchaikowsky (1840-1893), e Bolero, de Maurice Ravel (1875-1937), o ponto alto da excursão erudita de São Caetano. Peças populares sim, mas nem por isso menos complexas.

Detalhe interessante é que não houve nenhuma obra concertante, como é convencional em concertos sinfônicos. Nem precisava, uma vez que a quinta sinfonia de Tchaikowsky oferece a praticamente todos os naipes a chance de se destacarem sobre a massa sinfônica. Um desafio no qual a orquestra se saiu vencedora.

Em Beethoven, Neves conduziu seus músicos com segurança, fazendo fluir com naturalidade a curta, porém excelente, obra do compositor alemão. Outro triunfo importante, dado que as madeiras e as trompas foram muito bem, assim como as cordas. Apenas os metais soaram estridentes demais quase o tempo todo e se sobressairam no conjunto da sonoridade. Deslizes, em todo caso, perdoáveis, pois um dos maiores desafios desta obra é justamente balancear os metais em relação à massa sinfônica.

Neves, que imprimiu um andamento bastante lento ao Allegro con anima inicial, concebeu uma valsa sedutora no terceiro movimento e um finale bastante digno - o que, definitivamente, não é pouco. O Bolero de Ravel, claro, foi interpretado em ritmo de festa. E, a não ser pelo flautim numa entrada errada, tudo correu bem.

O saldo final é muito positivo. Ninguém tremeu, e Neves esteve tão à vontade que, entre o segundo e o terceiro movimentos da sinfonia de Tchaikowsky, percebendo uma desandada geral na afinação, solicitou a seu spalla que comandasse um novo ajuste.

Foi a quarta apresentação da Filarmônica de São Caetano na sala paulistana e, de modo geral, a intenção de abrigar em sua platéia representantes de vários segmentos sociais foi cumprida. Ao todo, 25 ônibus partiram do Grande ABC em direção ao complexo Júlio Prestes, no bairro da Luz. Antes da apresentação, o maestro afirmou que esperava uma "noite consagrada" em função dos esforços de toda a equipe que planejou o evento. Não deu outra. Missão cumprida.




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