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FMI: América Latina tem de fazer reformas para seguir crescimento
Por Da AFP
08/02/2005 | 17:33
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A América Latina aprendeu a maior lição dos anos 90, a que deve focar a redução da volatilidade macroeconômica, mas, se deseja manter o seu maior crescimento em uma década, é necessário se apressar em levar à frente reformas estruturais que atraíam recursos em longo prazo, destacou o FMI (Fundo Monetário Internacional).

As prioridades da região devem ser reduzidas e mudar o perfil de sua elevada dívida pública, mantendo um tipo de câmbio flexível e a inflação sob controle, além de fortalecer o sistema financeiro e impulsionar o comércio, afirmou nesta terça-feira Anoop Singh, diretor para a América Latina do FMI ao divulgar um estudo sobre as lições dos últimos 15 anos.

"Somos otimistas sobre o futuro (...) Na maioria dos países vemos um fortalecimento das políticas macroeconômicas e atenção às reformas estruturais em áreas que não eram alvo nos anos 90", disse Singh a jornalistas.

"A América Latina, que se beneficia atualmente do clima externo favorável - alta do preço das matérias primas e taxas de juros relativamente baixas - deve crescer este ano 4% e se encontra no melhor momento para avançar com reformas", frisou. Singh afirmou que a média da taxa de crescimento se duplicou na região e alcançou 5,5% em 2004, contra a média da alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 2,5% em 2002 e 2003.

"O desafio é manter o crescimento nos próximos anos em um nível superior aos 4%, ou 5%, e implementar reformas estruturais, institucionais e de governabilidade que possam atrair recursos novos para estas economias de maneira sustentável", ressaltou.

O estudo do Fundo Monetário Internacional, intitulado 'Estabilização e reforma na América Latina: uma perspectiva macroeconômica na experiência desde 1990', pede um aumento da independência dos bancos centrais para que estes possam seguir controlando a inflação sob um câmbio flexível. A pesquisa também ressalta a necessidade de reduzir a dívida pública e evitar que sua composição seja em divisas, em curto prazo e com taxa flutuante. "É necessário um esforço sustentável para baixar a dívida pública em relação ao PIB", frisou Singh.

"Os sistemas financeiros, fonte de volatilidade no passado, devem se converter em fonte de crescimento", apontou o diretor para a América Latina do FMI, pedindo o fortalecimento da regulamentações bancárias, o aumento de sua supervisão e melhoria das leis de falência. "Uma prioridade-chave é melhorar o nível do comércio ainda baixo na América Latina em relações a outras regiões dinâmicas do mundo", sustentou o estudo.

O FMI pediu ainda uma maior flexibilização das leis trabalhistas e que o Estado desempenhe uma melhor papel para estabelecer um clima de negócios que apóie o investimento privado e incremente a produtividade.

"Este não é um mundo de 'laissez-faire', onde tudo fica sob a influência dos mercados", continuou Singh, que destacou ainda a importância da democratização e da necessidade de lutar contra a corrupção, assim como melhorar a governabilidade e satisfazer as demandas dos pobres.

No entanto, Singh evitou se referir ao tema concreto do que aconteceu na Argentina na sua tentativa legal de atrair investimentos. "O Governo trabalha para reativar os investimentos na Argentina... o progresso macroeconômico é um pré-requisito. O país reconhece, nós também reconhecemos. Deixaremos esses pontos para outro dia", afirmou. Singh também contou que o estudo deixa de fora as lições que o próprio FMI aprendeu sobre os últimos 15 anos na região, já que o esforço não foi uma pesquisa sobre o papel do fundo na América Latina.




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