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Cresce busca por bandas em casamento
Leandro Cari*
26/10/2009 | 07:00
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A mágica de um momento único, os holofotes voltados para uma entrada triunfal. Dá para se imaginar que seja o início de um grande show ou ainda a marcha de um grande exército ovacionado em um dia de comemoração patriótica... Mas não é um artista famoso que debutará perante um grande público e muito menos as pompas de um exército vencedor em passos firmes.

Povoando o imaginário dos convidados é mais que isso: é a noiva ! É a estrela principal da cerimônia, que adentra o corredor imenso e que parece não ter fim, aos seus olhos... até se concretizar um dos momentos mais felizes e marcantes da sua vida: o tão sonhado casamento. Flores perfazem o caminho do altar, ao som de música clássica, lírica, cortejada pelo tocar rebuscado de um violino, transformando esses minutos preciosos e únicos, em uma comovente marcha nupcial incansável que agrada aos ouvidos dispersos dos convidados numa igreja lotada.

Mas, o que seria de uma cerimônia de casamento sem a música?

Pois é, atualmente a música torna-se peça fundamental na realização da cerimônia religiosa de união matrimonial. Casais de noivos buscam a contratação de bandas, corais e orquestras com o propósito de abrilhantar ainda mais a sua cerimônia. Observa-se a popularização da música executada ao vivo nos casamentos, em detrimento do antigo som mecânico de CDs.

Basta ir às principais igrejas do Grande ABC e São Paulo para conferir a importância que os casais de noivos têm dado à participação musical ao vivo. Aos sábados, por exemplo, ao se visitarem as igrejas que realizam casamentos, encontra-se grande número de corais e orquestras que se apresentam na maior parte dos casamentos da noite.

Mercado de trabalho alternativo atrai profissionais

É bom lembrar que tudo começou há vários anos com os antigos ‘bolachões', que eram a referência manual para execução de músicas nas cerimônias espalhadas por todo o País. A música ao vivo veio para dar ares de ‘realidade' ao casamento. A simples presença de cantores interpretando as mais belas canções proferidas, juntamente com clarins, trompete, violino, teclado, sax e percussão fazem com que o casamento não seja tão somente uma cerimônia religiosa, mas um momento de união em que todas as energias positivas se voltem para ele.

De acordo com músicos, cantores e instrumentistas que se apresentam em cerimônias, os casamentos oferecem oportunidade de trabalho nos finais de semana que, dependendo da frequência do serviço requisitado, pode render um bom dinheiro num único dia.

A cantora Thamires França trabalha na área administrativa de uma concessionária de veículos durante a semana e se apresenta já há vários anos em cerimônias de casamento e recepções de noivos e conta que o sábado é certamente o dia mais trabalhoso. "Muitas vezes temos dois ou três casamentos no mesmo dia, é algo prazeroso, rende uma graninha, mas o sábado é sempre um dia de intenso trabalho", afirma a cantora.

O músico trompetista Levi Junior mora em Osasco, na grande São Paulo, e toca quase todos os fins de semana em casamentos na região do Grande ABC. Para ele, é gratificante trabalhar na área. "Sempre estudei música e me esforço dia a dia para melhorar, tenho isso como meu ganha- pão".

São diversas as empresas e profissionais do ramo musical que trazem uma gama bem diversificada de serviços musicais, desde a divulgação do trabalho através de cartões de visita e banners em instituições religiosas, cartórios e buffet, até a realização de workshops, que são demonstrações ao vivo de repertório para casais de noivos, com a presença de músicos. Estes workshops são realizados geralmente uma vez por mês em salões particulares ou igrejas.

São muitos os corais e orquestras que fazem cerimônias na região e na Capital paulista e um dos mais requisitados é o Grupo Musical Matriz, há mais de dez anos nesta trajetória. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tem ocorrido decréscimo no número de cerimônias de casamento no Brasil. Diante dessa realidade, as igrejas e cartórios preferem destacar melhora na qualidade musical em que ocorrem.

Rosângela e Ricardo estão casado há alguns anos e ainda recordam-se época do tão esperado dia, a escolha do repertório e toda a preparação para o casamento: buffet, cabeleireiro, vestido da noiva e, claro, a música. "As músicas do meu casamento eram todas lindas, até hoje me recordo e sei a tamanha importância de uma cerimônia com música ao vivo se comparado ao uso de CD", ressalta a advogada Rosângela.

Geralmente, as cerimônias de casamento não são demasiadamente demoradas. Levando-se em conta os dados obtidos nas igrejas matrizes do Grande ABC que estipulam quanto deve durar uma cerimônia, a média de tempo de uma celebração matrimonial fica entre trinta minutos e uma hora. Esse tempo de duração acaba sendo um fator favorável aos músicos e cantores que se veem dispostos a aceitar a participação musical em mais de uma cerimônia na mesma noite, proporcionando maiores lucros.

Um músico freelancer angaria mais ou menos R$ 150 em um único casamento, de acordo com os dados obtidos com corais e orquestras atuantes na região. O trabalho acaba se tornando mais rentável para o músico em comparação com o desempenho realizado em casas noturnas que geralmente abrem suas portas a partir das 22h até as 4h da manhã. Isso sem considerar que o último provável casamento da noite em igreja não ultrapassa o seu início às 20h, além da compensação financeira, pois se trabalha relativamente menos com lucro maior, diferentemente das casas de shows.

O casamento é, assim, momento de mudanças profundas na vida de duas pessoas. E, por isso mesmo, sempre que ocorre a cerimônia é normal que venha carregada de pompa e circunstância. A música, no entanto, é apenas uma força que vem afirmar o compromisso do enlace matrimonial. Ela vem como parte indispensável nos dias de hoje, para que a celebração não seja simplesmente uma data a ser comemorada, mas o início de uma nova vida a dois, com todas as alegrias, dificuldades e desafios a serem superados com tudo o que um relacionamento tem direito.

*O conteúdo editorial desta página é de inteira responsabilidade da Universidade de São Caetano do Sul, com supervisão editorial dos jornalistas Eduardo Borga e Nelson Tucci, da Comunicação da USCS.




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