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Ato pelo impeachment perde fôlego na Paulista; Bíblia supera na região

Manifestação em São Paulo reúne 30 mil, diz PM;
público foi 11 vezes menor que o último, em agosto

Vanessa Oliveira
Do Diário do Grande ABC
14/12/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Ato pedindo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), realizado ontem na Avenida Paulista, na Capital, reuniu 30 mil pessoas, segundo estimativas da PM (Polícia Militar) – público 11 vezes menor que o último protesto, em agosto. No Grande ABC, a Marcha da Bíblia, no Paço de Santo André, atraiu mais gente do que a manifestação exigindo a queda da presidente (leia mais abaixo). A mobilização ocorreu no dia em que se completou 47 anos do AI-5 (Ato Institucional), quando o governo militar instaurou medidas antidemocráticas, como o fechamento do Congresso Nacional e a censura à imprensa.

Na Avenida Paulista, em caminhões de som, representantes de variados movimentos, como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem Pra Rua, inflamavam o público com gritos de ‘Fora PT’ e ‘Fora Dilma’. Vendedores ambulantes comercializavam, ao preço de R$ 10, boneco inflável do ex-presidente Lula vestido de presidiário.

Presente no ato, o jurista Hélio Bicudo, um dos autores do pedido de impeachment acolhido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), crê que os protestos terão o impacto almejado. “Depois dessa manifestação, como é que os parlamentares vão reagir, a não ser a favor do impeachment? Quem é que tem coragem de parar o movimento que tem respaldo popular? A rua é que será a voz que vai mandar a Dilma (sair)”, avaliou. Acusado de ser um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras e com o mandato na mira do Conselho de Ética, Cunha foi poupado pelos manifestantes.

Embora apartidário, o ato recebeu figuras da oposição, como os senadores tucanos Aloysio Nunes e José Serra, que foram recebidos como celebridades. “Estamos na pior crise econômica-social da nossa história. O Brasil precisa de uma solução, ter um governo de verdade, que só vai acontecer se a população se juntar”, salientou Serra.

CONTRA A CPMF
A manifestação também envolveu a contrariedade da possível criação de imposto nos moldes da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). O aposentado José Merquides Ribeiro, 67, morador da Capital, entretanto, acredita não ver “outra maneira” para aumentar a arrecadação e amenizar as dívidas do governo federal. “O povo consegue se sacrificar com mais um imposto, a partir do instante que tiver alguém para confiar, mas não é o caso da Dilma”, argumentou ele, que participou dos protestos que pediram o impeachment então presidente Fernando Collor (hoje senador pelo PTB), em 1992.

As manifestações aconteceram em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal. O protesto de ontem na Paulista não superou o público registrado nos três primeiros atos do ano. Em março, a adesão foi de 1 milhão, em abril, 275 mil e, em agosto, 350 mil participantes.

Em Santo André, protesto frustra expectativa de participantes

Inicialmente programado para receber entre 25 mil e 80 mil pessoas, o protesto pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em Santo André levou 300 pessoas segundo a PM (Polícia Militar). Até a tarde de sábado, o evento, nas redes sociais, registrava 7.000 convidados, mas só 261 pessoas haviam confirmado presença, realizado no Paço.

A tímida adesão frustrou os organizadores e até os próprios participantes. “Acho inadmissível isso, o povo não vir para a rua. Estou decepcionado. O que falta é as pessoas serem mais politizadas, coisa que o PT nunca deixou acontecer. Única saída agora é o aeroporto de Cumbica: pegar um voo internacional e sumir deste País”, reclamou o vendedor Osmair de Campos, 58 anos, de Santo André.

O evento foi coordenado pelos movimentos Mobiliza ABC e Brasil Livre, que falaram em 27 mil pessoas. Abrindo caminho para dois caminhões de som, os protestantes caminharam até a região do Ipiranguinha e retornaram ao Paço. (VO)

Com adesão maior, Marcha da Bíblia reúne 3.000

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC

Além de manifestação contra o governo, o Paço Municipal de Santo André também foi ponto de encontro de 3.000 pessoas, segundo a PM (Polícia Militar), ontem pela manhã, na 3ª Corrida da Bíblia, a Marcha da Bíblia e o Show Gospel. A GCM (Guarda Civil Municipal) estimou o público em 15 mil.

De acordo com o prefeito Carlos Grana (PT), além de ontem ter sido o Dia Mundial da Bíblia, o “momento que o país vive” requer orações. “Não foi um ano fácil, em todos os sentidos. Independentemente de religião, celebrar a Bíblia é universal”, contextualizou.

“Unir famílias aqui em prol da saúde, da fé, de Deus é muito importante. Tudo isso está escrito na Bíblia, o livro mais lido mundialmente. É a carta de Deus para nós”, disse o representante da Assembleia de Deus, pastor Silas Josué de Oliveira.

A corrida acontece há três anos, com percursos de 5 e 10 quilômetros. A largada ocorreu às 8h. Na sequência, ocorreu a Marcha da Bíblia. A realização foi da Assembleia de Deus, com o apoio da Copasa (Conselho dos Pastores de Santo André).

Nas semanas anteriores, a Prefeitura foi palco de uma exposição da Bíblia, que recebeu cerca de 5.000 visitantes, segundo o secretário de Cultura Tiago Nogueira (PT). “A Prefeitura tem um comprometimento com esses eventos. Apoiamos o grafite, o funk, as danças de rua e as festas gospel. Não importa a religião, estamos fomentando a fé, o lazer e a saúde”.

GANHADORES
O GCM Rodrigo Lopes Sabino, 29 anos, levou a medalha de ouro nos 10 quilômetros. Ele é bicampeão. “O segredo é o treino e se alimentar bem antes e depois da prova.” Em segundo lugar ficou o controlador de estoque Alex Dias de Sousa, 35. A medalha de bronze foi para o frentista Israel das Neves, 50. Ele participou de todas as corridas promovidas pelo Diário. “Me exercito há 10 anos. Comecei caminhando e olha onde cheguei.” Nos cinco quilômetros, César Chagas Santos, 42, Maurício Ribeiro, 45, e Edilson Vitorino, 37, receberam as medalhas de ouro, prata e bronze, respectivamente.  




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