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PME de São Bernardo vai a votação sob tensão

Ideologia de gênero do plano motivou uma
batalha; governo pode perder no Legislativo

Leandro Baldini
Raphael Rocha
09/12/2015 | 07:19
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Montagem/DGABC


A votação do PME (Plano Municipal de Educação) na Câmara de São Bernardo acontece hoje sob clima de tensão. Partidários do prefeito Luiz Marinho (PT) e grupo contrário à ideologia de gênero nas escolas municipais prometem lotar os 290 assentos do Legislativo para pressionar os vereadores.

A oposição e o G-9 (grupo de parlamentares independentes) se uniram e emplacaram emendas que restringem a possibilidade de ensino da diversidade sexual na rede. Vereadores do PT, por sua vez, pedem a aprovação do texto sem alterações, com abertura à educação sexual.

Os contrários à ideologia de gênero garantem ter votos suficientes para derrotar o governo Marinho. Na semana passada, até mesmo os petistas Toninho da Lanchonete e Luiz Francisco da Silva, o Luizinho, caminharam com a oposição e o G-9. Pressionados pelo prefeito, os dois já cogitam recuar na votação de hoje.

O presidente da Câmara, José Luís Ferrarezi (PT), reclamou muito da postura de vereadores contrários à educação sexual. “Vejo maldade e erro de todos os lados, mas há muita desinformação. Tem muita gente querendo aparecer, sem informar corretamente do que se trata o Plano Municipal de Educação. Alguns estão mal-intencionados, o que gera estresse”, afirmou. “Incrivelmente que ninguém discute a qualidade da Educação, a política educacional para os próximos dez anos. Se limitam a falar de ideologia de gênero e espalhar desinformação nas redes sociais.”

Um dos parlamentares que utilizaram as redes sociais para mobilização contrária à ideologia do PME foi Rafael Demarchi (PSD), integrante do G-9. Ele afirmou, em vídeos, que o PME de São Bernardo poderia resultar em instalação de banheiros neutros – utilizados por meninas e meninos (esse termo não consta no texto original do PME). “O PT é muito burro. Adiaram por uma semana o plano por conta de emendas já acordadas com o Marinho. O PT passou uma semana levando porrada porque o Zé Ferreira e (José) Cloves (vereadores do PT) caminharam contra uma decisão tomada pelo prefeito (de aceitar as emendas contra ideologia de gênero).”

O oposicionista Julinho Fuzari (PPS), articulador das emendas contra educação da diversidade sexual, acredita que há brechas que precisam ser bloqueadas. “Nos lugares do mundo onde foi aprovada (a ideologia de gênero), ficou comprovado que não reduziu a violência. Só trouxe transtornos psicológicos às crianças e à sociedade. O prefeito veio a público por várias vezes se manifestar a favor da ideologia de gênero. É bandeira de seu partido, porque a linha do PT sempre foi próxima do comunismo, que em muitos pontos destrói a família, sendo próximo do ateísmo.”

Casa terá acesso limitado a 280 pessoas

A presidência da Câmara de São Bernardo optou por limitar o acesso ao Legislativo por medidas de segurança. O prédio comporta a presença de 280 pessoas e as galerias devem ficar lotadas por causa da votação do PME (Plano Municipal de Educação) proposto pelo governo do prefeito Luiz Marinho (PT).

O mandatário da Casa, José Luís Ferrarezi (PT), afirmou que “terá de fazer o que cabe”. Ontem, houve conversa com representantes da GCM (Guarda Civil Municipal), da Polícia Militar e até mesmo segurança privada da Câmara para articular atuação de hoje.

“Não tem muito o que eu fazer. Preciso proteger o patrimônio público. A Câmara possui 280 lugares e o que a gente vê é que o prédio ficará lotado. Preciso prezar pelo espaço público e pelas pessoas que forem à sessão”, pontuou Ferrarezi.

A última vez que a mesa diretora teve de aplicar esquema de segurança foi quando Cleuza Repulho (PT), ex-secretária de Educação, foi ao Legislativo prestar esclarecimentos aos vereadores sobre a redução da oferta de merenda à rede pública. Ela esteve na Casa em março.

À ocasião houve muita gritaria. O governo Marinho colocou militantes petistas para defender a então secretária, enquanto oposicionistas não poupavam críticas à petista. Cleuza foi demitida em junho, substituída pelo vereador Paulo Dias (PT), desgastada por série de escândalos, entre eles a suspeita de superfaturamento na compra de mochilas e tênis escolares entre 2010 e 2011.  




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