Setecidades Titulo Reorganização
Ocupação de escolas tem apoio de movimentos

Alunos da rede estadual acampam em 5 unidades da região; Apeoesp e MTST ajudam estudantes

Natália Fernandjes
17/11/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Portões abertos, música alta, alunos dançando, jogando futebol na quadra e cozinhando. Este era o cenário da EE Valdomiro Silveira, no Jardim Silvana, em Santo André, no início da tarde de ontem, ocupada por cerca de 40 estudantes desde quinta-feira. A principal reivindicação do grupo é que a unidade não encerre suas atividades em 2016, como prevê a reorganização imposta pela Secretaria Estadual da Educação.

Outras duas escolas de Santo André estão ocupadas desde sexta-feira (EE Professor Oscavo de Paula e Silva e EE Antônio Adib Chammas), além das EE Diadema, há oito dias, e EE Professor Delcio de Souza Cunha, desde ontem, em Diadema. O movimento cuja iniciativa é reivindicada pela própria comunidade escolar, conta com o respaldo da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e apoio de entidades como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Central de Movimentos Populares e Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas).

“Nossa decisão em ocupar é mostrar que estamos insatisfeitos com a reorganização, com o fechamento de escolas”, aponta o aluno do 6º ano do Ensino Fundamental Pedro Gabriel da Silva, 13 anos. O adolescente integra a comissão de alimentação da EE Valdomiro Silveira e é um dos responsáveis pelas refeições. Há ainda os grupos da limpeza, segurança e organização.

Um dos coordenadores da Apeoesp na região, Alexandre Ferraz diz que o papel da entidade é dar suporte aos jovens, principalmente jurídico. “Partidarizar a discussão é tentar deslegitimar a reivindicação dos alunos e professores.”

Já o coordenador estadual da Central de Movimentos Populares, Gilmar Barbosa, destaca que a entidade apoia todas as lutas nacionais por justiça. “Queremos Educação de qualidade e não concordamos com o fechamento de escolas. Quem nos garante que estes prédios desocupados não vão se tornar unidades da Fundação Casa?”, questiona.

Para a auxiliar de enfermagem Silvania Siqueira, 55, as escolas são patrimônios da comunidade. “Estudei aqui, meus filhos estudaram e hoje meus netos. Estamos defendendo a Educação”, ressalta a moradora do Jardim Silvana desde que nasceu.

A Secretaria da Educação do Estado informou, por meio de nota, que “continua disposta a dialogar com os manifestantes, apesar das constantes negativas destes grupos”. A Pasta diz “lamentar que grande parte das invasões seja liderada por representantes de movimentos como MTST e sindicatos que desconhecem o processo de reorganização” e que reconhece o direito à livre manifestação, mas “ratifica que não pactua com movimentos político-partidários que não têm como objetivo a melhoria da qualidade de ensino e cerceiam o direito dos alunos de assistirem às aulas”. Conforme a Pasta, todo o conteúdo pedagógico será reposto.

Em todo o Estado são 24 escolas ocupadas conforme a Apeoesp e um ganho por parte dos estudantes. Isso porque decisão da Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu o fechamento da EE Braz Cubas, em Santos. A Defensoria Pública considera que a unidade é referência na Educação inclusiva e que não foram esgotadas as possibilidades de mantê-la em funcionamento.




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