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Polêmica sobre maus-tratos de animais acompanha Festa do Peao
Do Diário do Grande ABC
24/08/1999 | 21:40
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A realizaçao de festas de peao, especialmente as mais importantes, está sempre acompanhada da polêmica sobre os maus-tratos dos animais em provas de rodeio, que nao terminará tao cedo. A anunciada lei que regulamenta o rodeio no estado, que deverá ser sancionada pelo governador Mário Covas e apresentada no sábado, durante a Festa do Peao de Barretos, nao será obstáculo para os defensores dos animais. "As açoes continuarao a ser ajuizadas pelo Ministério Público, pois a lei fere a Constituiçao, que proíbe crueldade com os animais", diz a diretora da Uniao Internacional Protetora dos Animais (Uipa), Vanice Teixeira Orlandi. Um projeto de lei federal também deverá ser votado até dezembro.

O uso do sedém (cinto que é amarrado na virilha do touro ou do cavalo), da espora e do laço sao os principais argumentos dos ambientalistas contra o rodeio. "Na minha opiniao, o sedém traz desconforto, mas nao machuca os animais", diz o deputado federal Milton Monti (PMDB), autor do projeto que regulamentaria rodeios no país. Ele pretende fazer um audiência pública em setembro para discutir o assunto, pois entende ser necessário uniformizar os eventos do gênero, transformando o rodeio em esporte e os peoes em atletas.

Monti defende o rodeio e acha que os touros sao privilegiados. "Sao bem tratados e vivem entre 15 e 20 anos, enquanto os demais vao para o abate em três anos", diz. "Se eu tivesse de nascer touro, queria ser de rodeio". Sua intençao é evitar que as cerca de 1.300 festas de rodeio no país - 500 delas no estado de Sao Paulo - sejam prejudicadas por problemas judiciais. "Temos de resolver isso". O uso do sedém, citado na lei, determina que ele seja de la ou algodao. "Mesmo forrado de espuma, dói", retruca Vanice.

Ela destaca que a lei estadual do presidente da Assembléia Legislativa, Wanderlei Macris, terá como objetivo livrar os organizadores de rodeios dos processos. A lei será levada a Barretos pelo secretário de Esporte e Turismo, Marcos Arbaitman.

Campanha - A cantora Rita Lee, por exemplo, tem declarado sua indignaçao com os maus-tratos, até pela Internet. Sua atitude preocupa o clube Os Independentes, que organiza a festa de Barretos. "Ela e os ambientalistas precisam conhecer mais o rodeio, as regras, o fundo de brete (onde ficam os animais antes da prova)", diz José Mendes Santana, presidente do clube. Ele argumenta que um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Jaboticabal, indica que nao há maus-tratos no rodeio.

O laudo do trabalho, encomendado há dois anos pelo clube organizador da festa, é contestado por Vanice. "Um dos professores que coordenaram o trabalho é locutor de rodeio, membro honorário de Os Independentes e está sendo processado pelo Ministério Público por improbidade administrativa desde o ano passado", acusa a diretora da Uipa. O promotor de Justiça de Jaboticabal, Luís Henrique Paccagnella, confirma essa informaçao.

Desde 1996, Vanice acompanha as 36 liminares obtidas no estado contra o uso de espora, sedém e laços. "Temos 11 laudos que sao usados pelos promotores", explica. "É possível fazer rodeio e criar lucros sem crueldade com os animais", diz. Para evitar novos problemas, os organizadores do rodeio de Barretos avisam que os peoes estrangeiros, principalmente os norte-americanos, teriam de seguir as regras brasileiras, ou seja, nao usar a espora de forma mais agressiva contra os animais.

Em razao dessa decisao, o 7.º Barretos International Rodeo, que será realizado de quinta a domingo, nao será uma etapa válida pelo circuito internacional da Professional Bull Riders (PPR).




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