Setecidades Titulo
Prefeitura de Sto.André 'esquece' camelódromo
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
04/05/2006 | 07:57
Compartilhar notícia


Os cerca de 1,2 mil camelôs de Santo André aguardam o cumprimento da promessa da Prefeitura de construir um camelódromo na cidade. Ao anunciar em novembro de 2003 uma série de ações para revitalizar o Centro, a administração informou que em fevereiro do ano seguinte iniciaria a construção do prédio, entre as ruas Delfim Moreira e Carlos de Campos. O projeto, batizado de Oliveirinha, deveria ser concluído em junho de 2004.

De acordo com o presidente da Acirsa (Associação dos Comerciantes Informais de Rua de Santo André), João de Sá, até o momento a intenção da Prefeitura não se materializou. "Não fizeram nada. Nem queremos que seja lá, porque é uma área deserta. Não passa ninguém, só se for Zumbi à noite", desdenhou.

Segundo Sá, em reuniões com a Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), os ambulantes apresentaram propostas alternativas, entre elas a permissão para concentrarem suas barracas entre as ruas General Glicério e Queiroz dos Santos, a um quarteirão do calçadão da Oliveira Lima.

A Craisa é responsável por conceder e verificar licenças e fiscalizar a atuação tanto dos que já são cadastrados pela Prefeitura quanto dos vendedores ambulantes.

Além do camelódromo, a Acirsa, que tem cerca de 300 associados, cobra a promessa do prefeito João Avamileno (PT) feita durante a campanha eleitoral de 2004. "Em um café da manhã, poucos dias antes das eleições, ele afirmou, na rua Campos Sales, que abriria inscrições para regularizar a situação de cerca de 15 vendedores de pipoca que há anos trabalham na cidade e que até hoje estão irregulares. Muitos já são até avós."

Os camelôs criticam a demora na definição do local onde será instalado o camelódromo. "Para mim, tudo não passou de promessa de campanha", resumiu Iolanda Ferreira Ramos, 63 anos. "É ruim ficar nessa situação. De tempos em tempos jogam a gente para um lado. Agora me colocaram debaixo desse viaduto (Pedro Dell'Antonia, na praça Dezoito de Forte, próximo ao ABC Plaza Shopping), depois de nos tirarem da frente da estação", queixou-se José Brasil, 62 anos, referindo-se à transferência de 16 ambulantes, em fevereiro, para outras áreas da cidade, como as ruas Carlos de Campos e Bernardino de Campos, a pedido do 41º Batalhão da Polícia Militar.

O pedido foi feito cinco dias antes de a PM reassumir o posto policial da rua Itambé, em frente à estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Na ocasião, o comando da PM informou que a medida era necessária para que os policiais tivessem melhor visualização da área. O aglomerado de barracas, segundo a polícia, facilitava a ação de marginais no local.

O vendedor de doces Sérgio Evangelista Marques, 49 anos, que teve a barraca transferida para a frente de uma loja de eletrodomésticos na rua Bernardino de Campos, sonha com nova mudança de endereço. "Disseram que a Prefeitura estuda a possibilidade de levar a gente para baixo do viaduto (Pedro Dell'Antonia) assim que terminar a reforma."

A Prefeitura não comentou a construção do camelódromo. Em nota, informou que estuda a possibilidade de cadastrar novos camelôs, a partir da definição de critérios para tal finalidade e de locais para acomodar os vendedores. Tal estudo, informa a nota, vem sendo pela equipe do Projeto Centro, que prevê melhorias para a região central com a revitalização urbana. A administração descartou que esteja em estudo a acomodação dos camelôs sob o viaduto Pedro Dell'Antonia ou de qualquer outro viaduto no Centro da cidade. Os ambulantes já legalizados pagam trimestralmente à Prefeitura taxa de licença de R$ 141.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;