Economia Titulo EUA
Crise está longe do fim e se espalha

Apesar das negociações para resgate das instituições financeiras nos EUA, o mercado segue pessimista

Por Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
03/10/2008 | 07:01
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Depois da expectativa criada em torno da aprovação do pacote de resgate das instituições financeiras norte-americanas, as negociações de quinta-feira vieram como um balde de água fria para aqueles que tinham esperanças.

Diversas Bolsas em todo o mundo encerraram as negociações em baixa, mostrando a desconfiança do mercado. O índice Dow Jones, de Nova York, caiu 3,22%. Do outro lado do mundo, os japoneses assistiram a uma baixa de 1,88% e a Bolsa Nasdaq, que negocia ações de empresas de tecnologia, despencou 4,48%.

Os US$ 850 bilhões que podem ser injetados na economia norte-americana ainda não fazem os olhos do investidor brilhar. Para o especialista da escola de negócios Trevisan, Alcides Leite, nem os analistas engoliram o apoio vindo do governo. "Esse plano não convenceu ninguém, em nenhum lugar do mundo."

REFORMA - Depois de receber um ‘não' dos republicanos, o plano de salvação econômica voltou à mesa de discussão e saiu dela mais forte. O receio de serem mal-interpretados pelo eleitorado, fez com que o partido do presidente da república George W. Bush rejeitasse a proposta. Segundo pesquisas divulgadas durante a semana, a população norte-americana não pretende abrir mão do dinheiro público para o resgate de instituições financeiras.

Com US$ 150 bilhões a mais para atender exigências do grupo resistente, o projeto volta para a aprovação da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. "Eles usaram artifícios para tornar o plano mais aceitável", explicou Leite.

TERCEIRO ROUND - Dessa vez, o plano conta com o apoio da democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara. A representante afirma que não vai levar o pacote de socorro para o setor financeiro para votação antes de assegurar os votos necessários para sua aprovação.

Democratas não acreditam estar perdendo muitos votos com o apoio que oferecem ao plano e sugerem às lideranças republicanas que conduzam seus integrantes à uma votação favorável ao projeto.

A discussão das causas segue no plano político e os efeitos já se espalham pelo mundo. Países da Europa e da América já foram contaminados pela crise.

Ação conjunta de países pode salvar a economia

Nem o acordo bipartidário nem a injeção de US$ 850 bilhões deve salvar a Economia norte-americana da crise. Segundo o analista financeiro Alcides Leite, da escola de negócios Trevisan, a correção desse tipo de cenário requer uma ação conjunta entre países de peso.

Para cobrir o rombo no mercado norte-americano, especula-se que seria necessário US$ 1 trilhão. "Trata-se da montagem de um plano de saneamento, mostrando que países como Japão, Estados Unidos e até a União Européia estão comprometidos para impedir a quebradeira", afirma Leite. "Problema é de proporção mundial e deve ter solução em âmbito mundial."

Com o país em processo eleitoral, o destino do dinheiro público é tema-chave nas discussões do congresso. "A população não se convence de que não há mal em bancar erros de executivos com o dinheiro de seus impostos", ironiza o especialista. Republicanos não querem ser culpados por uma solução unilateral à crise. Ofender a opinião pública pode gerar uma pena que eles não pretendem cumprir: a eleição do democrata Barack Obama.

Para flexibilizar essa resistência, foram adicionados US$ 150 bilhões no pacote em medidas de proteção à população, como subsídios a algumas empresas e redução de cargas tributárias.

SOLUÇÃO - Enquanto a ação pluralista e internacional proposta pelo especialista não chega, países como a França já se movimentam, com ações práticas ou pressões discursivas. Uma série de medidas destinadas a aliviar a escassez de crédito para as empresas foi anunciada pela França como parte do plano para manter a economia durante a crise de crédito.

O governo francês estabeleceu uma linha de crédito de 20 bilhões de euros para pequenas e médias empresas. O plano começará com um empréstimo de 2 bilhões de euros para o Oseo, um fundo especial para apoiar a inovação e o crescimento das pequenas empresas. (com Agências)




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