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Encontro com ídolos
Por Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
17/06/2011 | 07:00
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Há pessoas que se sentem deslocadas no mundo onde vivem e têm a sensação de fazer parte de outras épocas. O diretor Woody Allen é um exemplo. As reflexões que faz sobre a vida em seus filmes levam o público a crer que nada contemporâneo agrada ao cineasta. Grande parte dessa estranha relação com o mundo ganha forma em "Meia-Noite em Paris", que estreia hoje nos cinemas brasileiros.

A magia da sétima arte faz com que o veterano diretor consiga se encontrar com as figuras que tanto admira. Em seu 41º longa-metragem, ele traz uma divertida e despretensiosa jornada nostálgica.

A trama acompanha o escritor norte-americano Gil (Owen Wilson), que viaja para Paris com a noiva e procura inspiração para finalizar seu primeiro romance. A busca por ideias se deve à vontade de fugir dos roteiros cinematográficos que têm lhe rendido dinheiro, mas não trazem o prazer que tanto almeja.

Muitos vinhos depois e caminhando pelas ruas da Cidade Luz, o relógio marca meia-noite e, sem qualquer explicação, Gil entra em estranha carruagem que o transporta para a Paris da década de 1920. A viagem no tempo faz com que se depare com grandes ídolos e ícones artísticos da época, casos de Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Gertrude Stein e Pablo Picasso. No caminho, o escritor se encanta por Adriana (Marion Cotillard), responsável por elevar a figura da groupie a um nível muito mais alto.

É peculiar que todos os personagens à sua volta não percebam que o protagonista é diferente. Destaque para o momento em que Gil tenta explicar que veio do futuro para grupo de surrealistas que conta com Salvador Dalí e Man Ray na mesa.

Muito do que se vê na tela parece ser reflexo de outra obra do diretor. No livro "Cuca Fundida", o texto "Os Anos 20 Eram Uma Festa" remete a toda essa nostalgia.

Apesar da trama parecer um tanto quanto louca, não se assemelha em nada com as bizarras idas e vindas no tempo da dupla Bill e Ted no fim da década de 1980 e início dos anos 1990. Allen tem experiência o bastante para não fazer com que sua obra seja uma ficção científica barata e traz observação adulta sobre a ideia de que a felicidade pode estar em outros tempos e em diferentes lugares.




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