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Perto de debutar, Borboletário de Diadema registra avanços

Espaço pioneiro na região, que acaba de fazer 14 anos, celebra superação de desafios técnicos e burocráticos

Por Aline Melo
Diário do Grande ABC
16/09/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O Borboletário Tropical Conservacionista Laerte Brittes de Oliveira, em Diadema, celebrou no sábado 14 anos de existência. Prestes a se tornar um ‘debutante’ – marca que se atinge aos 15 anos –, o equipamento, que é o primeiro da Região Metropolitana de São Paulo e abriga 1.200 espécimes de borboletas, celebra o bom momento vivido após períodos de dificuldades burocráticas e técnicas.

Em 2013, o borboletário perdeu as licenças de funcionamento por falta de envio de relatórios ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Em 2016, um fungo quase eliminou uma das três espécies de borboleta do local. A secretária de Meio Ambiente de Diadema, Tatiana Capel, disse que foi preciso muito empenho e trabalho da equipe para a superação das dificuldades.

“Entendemos que o borboletário é uma ferramenta de educação ambiental importantíssima, e hoje é referência para outras cidades”, pontuou.

As melhorias no manejo, além de resolver o problema com as borboletas, possibilitaram criação de parceria com o Catavento Educacional, instituição da Capital que mantém o seu próprio borboletário com espécimes (indivíduos) que são mantidos até a fase de pupa – a fase que precede o nascimento das asas da borboleta – no equipamento diademense.

O biólogo e coordenador da divisão de educação ambiental e do borboletário Sandro Santana explicou que a parceria com o Catavento foi pioneira e estabeleceu plano de trabalho igual para as duas instituições, melhorando os processos em ambas, além de possibilitar intercâmbio entre os estagiários. “É uma qualificação técnica para o trabalho”, detalhou.

Santana contou que, em 2016, o borboletário enfrentou problemas com fungo que contaminou os recipientes onde as lagartas ficavam até virarem pupa. Uma modificação nas estruturas, que permitiu melhor ventilação, e um método menos invasivo e mais próximo do que ocorre na natureza, foram o que melhorou a situação. “Percebemos que quanto menos a gente colocava a mão, melhor era.”

A produção da alimentação dos insetos no próprio Parque Ecológico, que abriga o equipamento, também melhorou todos os processos. “Gastávamos muito comprando couve, por exemplo, ao passo que produzir aqui nos ofereceu itens de melhor qualidade e a gente ainda teve que fazer composteiras, ou seja, reduzimos a geração de resíduos ”, completou.

Hoje coordenador, Santana era estagiário na Secretaria do Verde e Meio Ambiente quando o equipamento foi instalado, em 14 de setembro de 2005. “Fomos o primeiro da região e tivemos que aprender e aprimorar muitos processos. Atualmente, atingimos um nível alto de aproveitamento de ovos, de 94%. Em um passado não muito distante, não chegava a 50%. Para um inseto que tem um ciclo de vida de 60 a 150 dias, é uma diferença muito grande.”

Graças à regularização da documentação, o local foi reconhecido como zoológico de categoria C e pode abrigar insetos e pequenos animais. “Com isso, podem ficar aqui os animais que são abandonados, como jabutis, cágados e também um casal de patos”, afirmou o coordenador.

Em 6 anos, educação ambiental já atendeu mais de 100 mil

Nos últimos seis anos, o público que participa das ações de educação ambiental, seja no Parque Ecológico, com visita ao borboletário, seja nas ações itinerantes que a Secretaria de Meio Ambiente promove nas escolas municipais, já ultrapassou a marca dos 100 mil. Apenas neste ano, 23 mil pessoas já foram atendidas, mais da metade, estudantes.

A maior parte do público é de moradores do Grande ABC, mas também são recebidas visitas de São Paulo e outras cidades. “Nosso maior foco é a educação ambiental. As visitas nas escolas promovem uma primeira socialização com os insetos. Ensinamos que o pó das asas das borboletas não cega, que eles são insetos importantes, assim como o bicho-pau e o coelho que levamos para as crianças conhecerem. A partir daí, despertamos seu interesse por conhecer o parque, o borboletário e todas as ações que realizamos”, destacou Santana.

Equipe pretende lançar livro com informações sobre técnicas de manejo

Todas as dificuldades enfrentadas pela equipe do Borboletário de Diadema podem virar um livro. A equipe pretende lançar, no ano que vem, um compilado das técnicas de manejo desenvolvidas e que proporcionaram superar uma contaminação por fungo, além de melhorar o aproveitamento da produção de ovos, lagartas e borboletas. “É um sonho que queremos alcançar. Deixar um legado de tudo o que passamos para chegar até aqui”, explicou a secretária de Meio Ambiente da cidade, Tatiana Capel.

“Hoje, sei que o ideal é começar de trás para a frente. Ou seja, primeiro, garantir no mesmo local a alimentação dos insetos. Depois, pensar nas instalações ”, explicou o coordenador da divisão de educação ambiental e do borboletário, Sandro Santana.

Atualmente, o Borboletário de Diadema abriga cerca de 1.200 espécimes, mas tem capacidade para até 7.000. “Com o manejo que implementamos, conseguimos fazer com que a maioria das borboletas esteja nascendo em setembro, para que a fase de pupa seja nos meses mais frios, o que melhora não só a qualidade dos espécimes como o tempo de vida”, afirmou Santana.  




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