Companhia formada só por mulheres, Circo di SóLadies apresenta espetáculo empoderado
Arrelia, Pimentinha, Carequinha, Torresmo, Piolin, Fuzarca, Bozo, Atchim, Espirro, Patati, Patatá. Os palhaços que fizeram história no Brasil são todos homens. Pelo menos até a aparição de Xamego. Por trás da maquiagem estava dona Maria Eliza Alves dos Reis, que precisava se apresentar como homem na década de 1940.
Ela ficaria orgulhosa, e com toda razão, de ver que as palhaças mulheres hoje podem se apresentar como bem entenderem. Exemplo são as meninas do Circo di SóLadies, companhia criada em 2013, e que desembarca o espetáculo Estupendo no sábado, às 16h, no Sesc São Caetano.
“Somos um grupo que começamos a questionar o motivo de não existir em muitas mulheres palhaças. Pesquisamos o nosso lugar na palhaçaria, na cômica do feminino. Há um tempo estamos conseguindo conquistar espaço importante, falando de tema que nos representa e nos diz respeito. Qual é a graça da palhaça? Não é a estereotipada”, explica Verônica Mello, que integra o grupo ao lado de Lilyan Teles, Tatá Oliveira, Kelly Lima e de outras colaboradoras da companhia, todas mulheres.
No espetáculo Estupendo, com entrada gratuita, a ideia é trazer as esquetes clássicas do circo tradicional, além de músicas e contos de fadas, e criar contrapontos para falar sobre a mulher. É sobre duas palhaças que fogem do circo para conquistar a liberdade de ser quem são. “Vamos criando números e brincadeiras. As crianças, por exemplo, entendem muito bem o que queremos dizer. Quando o príncipe beija a Branca de Neve e ela diz que ele não deveria fazer isso porque ela não permitiu, o público infantil sabe que só é legal quando os dois querem. Eles batem palmas porque fazemos tudo de uma forma divertida”, garante Verônica.
Para ela, é importante, sim, bater muito na mesma tecla para que todos entendam e rareiem os episódios machistas, como na Copa do Mundo, quando vídeo de brasileiros assediando russa se espalhou pela internet. “De tanto a gente repetir vai virando a regra. As pessoas precisam começar a ver outra possibilidade de mudanças de comportamentos e atitudes.”
A internet, aliás, é terreno fértil para as palhaças. Elas alimentam diversas redes sociais (Facebook, Instagram e YouTube) com fotos, vídeos e bate-papos sobre os assuntos dos espetáculos. “A gente acredita muito nesse olhar includente, traz a chance de igualdade.” Além de Estupendo, logo elas vão estrear o espetáculo Choque-Rosa, que deve passar pela região, e cujo documentário será lançado no YouTube.
Estupendo Circo di SóLadies – Espetáculo. No Sesc São Caetano – Rua Piauí, 554. Sábado, a partir das 16h. Grátis.
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