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Donas dos próprios narizes

Companhia formada só por mulheres, Circo di SóLadies apresenta espetáculo empoderado

Marcela Munhoz
19/07/2018 | 07:00
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Carla Lima/Divulgação


 Arrelia, Pimentinha, Carequinha, Torresmo, Piolin, Fuzarca, Bozo, Atchim, Espirro, Patati, Patatá. Os palhaços que fizeram história no Brasil são todos homens. Pelo menos até a aparição de Xamego. Por trás da maquiagem estava dona Maria Eliza Alves dos Reis, que precisava se apresentar como homem na década de 1940.

Ela ficaria orgulhosa, e com toda razão, de ver que as palhaças mulheres hoje podem se apresentar como bem entenderem. Exemplo são as meninas do Circo di SóLadies, companhia criada em 2013, e que desembarca o espetáculo Estupendo no sábado, às 16h, no Sesc São Caetano.

“Somos um grupo que começamos a questionar o motivo de não existir em muitas mulheres palhaças. Pesquisamos o nosso lugar na palhaçaria, na cômica do feminino. Há um tempo estamos conseguindo conquistar espaço importante, falando de tema que nos representa e nos diz respeito. Qual é a graça da palhaça? Não é a estereotipada”, explica Verônica Mello, que integra o grupo ao lado de Lilyan Teles, Tatá Oliveira, Kelly Lima e de outras colaboradoras da companhia, todas mulheres.

No espetáculo Estupendo, com entrada gratuita, a ideia é trazer as esquetes clássicas do circo tradicional, além de músicas e contos de fadas, e criar contrapontos para falar sobre a mulher. É sobre duas palhaças que fogem do circo para conquistar a liberdade de ser quem são. “Vamos criando números e brincadeiras. As crianças, por exemplo, entendem muito bem o que queremos dizer. Quando o príncipe beija a Branca de Neve e ela diz que ele não deveria fazer isso porque ela não permitiu, o público infantil sabe que só é legal quando os dois querem. Eles batem palmas porque fazemos tudo de uma forma divertida”, garante Verônica.

Para ela, é importante, sim, bater muito na mesma tecla para que todos entendam e rareiem os episódios machistas, como na Copa do Mundo, quando vídeo de brasileiros assediando russa se espalhou pela internet. “De tanto a gente repetir vai virando a regra. As pessoas precisam começar a ver outra possibilidade de mudanças de comportamentos e atitudes.”

A internet, aliás, é terreno fértil para as palhaças. Elas alimentam diversas redes sociais (Facebook, Instagram e YouTube) com fotos, vídeos e bate-papos sobre os assuntos dos espetáculos. “A gente acredita muito nesse olhar includente, traz a chance de igualdade.” Além de Estupendo, logo elas vão estrear o espetáculo Choque-Rosa, que deve passar pela região, e cujo documentário será lançado no YouTube.

Estupendo Circo di SóLadies – Espetáculo. No Sesc São Caetano – Rua Piauí, 554. Sábado, a partir das 16h. Grátis.




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