Política Titulo Irregularidade
Denúncia contra Paulo Preto aponta desvios no Grande ABC

Acusação cita fraude no cadastro de reassentamento da Dersa, envolvendo casas em Mauá e S.Bernardo

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
24/03/2018 | 07:00
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Montagem/DGABC


A denúncia formalizada pelo MPF (Ministério Público Federal) contra o ex-diretor do Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, e outras pessoas próximas relata série de irregularidades cometidas no Grande ABC. A acusação da Procuradoria aponta, entre os desvios, fraude no cadastro do programa de reassentamento da empresa como contrapartida às obras do Trecho Sul do Rodoanel, envolvendo recursos de auxílio para mudança e direcionamento de unidades imobiliárias da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) em Mauá e São Bernardo.

O caso aconteceu de 2009 a 2010 e causou, à época, prejuízo de R$ 374,9 mil. Paulo Preto teria ordenado que seis pessoas fossem incluídas indevidamente no programa, beneficiando pessoas que trabalhavam para ele com a entrega de apartamentos da CDHU, o que incluía ex-empregadas domésticas da ex-mulher e da filha, além de babás dos netos e uma secretária do genro – nenhuma delas morava no local por onde passaram as obras do Rodoanel e, portanto, não teriam direito. A denúncia cita que Tatiana de Souza Cremonini, uma das filhas do ex-dirigente, orientou uma babá a visitar apartamento da companhia em Mauá, que seria doado a ela.

Paulo Preto foi denunciado por formação de quadrilha, peculato e falsidade ideológica. No documento, há menção de que, durante as obras do Rodoanel – trecho inaugurado em 2010 –, o ex-diretor valeu-se do cargo para desviar, em proveito alheio, valores públicos a título de auxílio-mudança e unidades imobiliárias da CDHU que deveriam ter sido, efetivamente, entregues a moradores que residiam nos locais em que seriam feitas as obras públicas e não a terceiros que não residiam na região atingida pela intervenção, conforme previsto em convênio.

Com esse propósito, Paulo Preto, segundo o MPF, ordenou que ex-funcionária da Dersa e José Geraldo Casas Vilela, ambos subordinados, promovessem cadastros fictícios de supostos moradores – pessoas ligadas a ele e família – no programa de compensação, propiciando o desvio de verbas, em proveito destas pessoas “que se locupletaram de unidades habitacionais e que não preenchiam os requisitos necessários para receber o benefício”. O vínculo teria como prova depoimento de Ruth Arana de Souza, ex-mulher do dirigente. Seis teriam sido favorecidas no caso, e cada uma delas recebeu uma casa em doação da CDHU no valor de R$ 62,2 mil.

Advogado de Paulo, Daniel Bialski criticou a acusação, chamando-a de repetição. Segundo ele, a complementação trouxe elementos ainda mais fortes de que o cliente não favoreceu ninguém. “Nem o Paulo nem a família dele cometeram ilícito nenhum.” A Dersa, por sua vez, afirmou que desde 2014 colaborou ativamente com as investigações, que culminaram com a denúncia e que mesmo antes da apuração ingressar na esfera criminal a companhia já havia tomado a iniciativa de apurar o caso. (com Agências) 




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