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Acusado de chacina em Diadema pode morrer
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
12/07/2005 | 08:12
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O sargento Ricardo Silva dos Santos, 40 anos, acusado de matar com 13 tiros mãe e dois filhos no dia 4 no Jardim Portinari, em Diadema, corre risco de morte. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde de São Vicente, o quadro clínico de Santos piorou no fim de semana e ele está com infecção generalizada (septicemia) e "confusão mental".

Santos está internado desde quinta-feira à noite no Hospital São José, em São Vicente, no litoral, por causa de uma crise gástrica. Ele estava foragido desde o dia do crime. Na sexta-feira, passou por operação e ficou sedado o dia inteiro. Policiais militares continuam aguardando a alta do paciente para enviá-lo à prisão.

A juíza da Vara do Júri e das Execuções Criminais de Diadema, Cláudia Maria Carbonari de Faria, decretou segunda-feira a prisão temporária de 30 dias de mais três policiais militares suspeitos de envolvimento na chacina.

Agora, são seis PMs presos temporariamente. O sétimo policial é o sargento, cuja prisão já foi decretada. Os três policiais que tiveram a decretação de prisão segunda-feira são os que estavam detidos administrativamente na Corregedoria da Polícia Militar, e que chegaram de moto ao bairro, atendendo a um pedido de reforço do sargento Santos, acusado de atirar nos três. Os três são: Janderson Páscoa Neves, Valmir Rogério de Andrade e Daniel Quintino de Oliveira Filho.

Os outros que já estão detidos no presídio especial para os PMs, o Romão Gomes, localizado na zona Norte de São Paulo, são o soldado Sebastião Faria Pinto, 31 anos, que acionou os colegas após brigar com uma das vítimas, e Edson Arão Prudêncio, 31, e Renato Pereira dos Santos, 24, que estavam na mesma viatura que o sargento.

De acordo com o Ministério Público de Diadema, esses seis policiais deverão responder como partícipes do triplo homicídio e das duas tentativas de homicídio (uma vítima foi baleada e está internada e outra foi atingida por estilhaços de bala), cuja pena é a mesma de quem pratica o crime, ou seja, de 12 a 30 anos de cadeia.

Segundo o promotor do Júri do município, Carlos César de Faria Bernardi, os seis PMs viram o sargento Ricardo Silva dos Santos atirar contra as vítimas e não fizeram nada, nem mesmo impediram que ele fugisse.

A investigação do caso corre por duas frentes: Ministério Público e Delegacia de Homicídios de Diadema e Corregedoria da PM. Segundo a Delegacia de Homicídios, não foi colhido nenhum depoimento segunda-feira. A assessoria de imprensa da PM informou que segunda-feira não tinha nenhuma informação nova sobre a apuração que faz a Corregedoria. No entanto, disse que não poderia informar se houve novos depoimentos.

A chacina do Jardim Portinari foi apontada pelo prefeito José de Filippi Júnior (PT), na semana passada, como um caso pior que o da favela Naval, ocorrido em 1997, no qual policiais militares foram filmados espancando vítimas com socos e chutes. No último domingo, foi realizada uma missão campal no bairro em homenagem às vítimas, na qual compareceram mais de 1,2 mil pessoas. Na sexta-feira, começaram a funcionar duas câmeras no local do crime, que serão monitoradas pela Guarda Municipal. Até segunda-feira, não havia sido filmado nenhum crime e nenhuma ação violenta.

No último dia 4, morreram com 13 tiros de um revólver 38 e uma pistola .40 a faxineira e diarista Tereza Rodrigues Faria, 50 anos, e seus dois filhos, o estudante Fábio Rodrigues Francisco, 15, e o desempregado Eduardo Rodrigues Francisco, 24.

O irmão deles, o pedreiro Alexandre Venâncio Faria, 29 anos, foi baleado no braço e a bala atingiu o pulmão. Está internado sem risco de morte no Hospital Municipal de Diadema e deve ter alta até sexta-feira. O marido de Tereza e padastro dos rapazes, o porteiro desempregado José Sidônio da Silva, 54 anos, foi atingido no pé por estilhaços de bala.

Segundo os sobreviventes e diversas testemunhas, tudo começou quando o soldado Sebastião Faria Pinto começou a discutir com o estudante e sua namorada, uma garota de 15 anos.

O soldado morava no conjunto habitacional da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), localizado ao lado da residência das vítimas. Testemunhas afirmam que o soldado estava bêbado e se irritou quando o estudante chutou uma lata. Acusam Pinto de sair de seu apartamento e agredir o casal. No meio da discussão, Tereza e irmãos do estudante saíram de casa para defendê-lo.

O soldado, por sua vez, chamou reforço de colegas do 24º Batalhão, onde trabalhava, alegando que o estudante poderia estar armado. Chegaram ao local o sargento e os outros PMs com a prisão temporária decretada. Testemunhas afirmam que, após espancamentos, o sargento sacou as duas armas e começou a atirar. A mãe morreu de joelhos, abraçada aos dois filhos.

Como conseqüência, a Prefeitura instalou sexta-feira duas câmeras de segurança no Jardim Portinari, que passaram a operar no mesmo dia, segundo a assessoria de imprensa do município.




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