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Observatório que mudou vidas sofre com abandono

Voltado à Astronomia, equipamento em Diadema que foi crucial para formação de munícipes, está depredado

Vanessa de Oliveira
15/01/2017 | 07:09
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Celso Luiz/DGABC


Do espaço desenvolvido para observar planetas, estrelas e aprofundar estudos, a única coisa possível de visualizar atualmente é a deterioração do local. Desde 2012, o Observatório Astronômico de Diadema, no Jardim Inamar, é apenas uma lembrança para a comunidade e as pessoas que tiveram suas histórias transformadas pelo local, além de atração para vândalos, que já depredaram o imóvel.

Lá, encontra-se, completamente abandonado, o quarto maior telescópio do Estado à disposição do público – de modelo newtoniano –, segundo o professor de Matemática e ex-monitor do equipamento Marcelo Carvalho, 36 anos. “O objeto mais longe que observamos foi a galáxia do Sombrero, distante a, aproximadamente, 29,35o milhões de anos-luz”, fala.

Aos 14 anos, antes de ter contato com o Observatório, o atual docente era desinteressado pela escola. “Comecei a gostar de Ciências e Matemática. Eu tinha tudo para ser o contrário, porque perdi meus pais muito cedo, mas naquele local encontrei muito conhecimento. Foi ali que consegui me tornar o que sou hoje.”

O equipamento, que fica no terreno onde, até o ano passado, funcionava um Centro Cultural (agora também desativado e depredado), foi inaugurado em 1992 pela Saad (Sociedade de Astronomia e Astrofísica de Diadema) e era mantido, com entraves, por convênio com a Prefeitura. “Passamos alguns anos sem renovar esse convênio por vários motivos e, quando não acontecia, mantínhamos o trabalho de forma voluntária”, conta o professor de Física e Matemática Rafael Gonzaga dos Santos, 31, que trabalhava como feirante quando conheceu o Observatório. O local, aliás, ajudou na escolha de sua profissão.

A jornalista Luana Vargas Arrais, 28, recorda o fascínio que tinha na infância em poder conhecer mais sobre o Universo. “A mesma oportunidade que eu tive gostaria que as crianças hoje também tivessem.”

“A gente é cobrado de cidadania, mas não tem como esperar isso das pessoas cortando educação e cultura”, lamenta o jovem Victor Rondon Fernandes, 19, que luta pela reabertura do espaço.

O fundador da Saad e do Observatório, Ozimar Pereira, 52, vê o abandono do local com profunda tristeza. “É um instrumento importante para a educação e formação do cidadão, porque quando você começa a estudar um pouco, vê que a atmosfera é uma casquinha e, se não tivermos cuidado em preservar a vida dentro dessa casquinha em que vivemos, ela se acaba rapidamente.”

Procurada para comentar a questão, a Prefeitura de Diadema diz que a proposta é que todo o espaço onde o Observatório está inserido seja totalmente voltado para políticas públicas para os jovens, com atividades diárias. “Irão funcionar um Centro de Referência da Juventude, um Centro Cultural, biblioteca, o Observatório Astronômico, além do Conselho Tutelar I (Inamar) e a Coordenadoria da Juventude. A Prefeitura está em estudo para sua viabilidade”, finaliza.




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