Nas arquibancadas eram esperadas 45 mil pessoas, mas notavam-se alguns lugares vagos nos setores inferiores da arena. O ministro do Esporte, George Hilton, acompanhou de perto o evento e levantou quando Thiago Pereira apareceu com a bandeira brasileira, puxando centenas de atletas que vão tentar colocar o Brasil no alto do quadro de medalhas. Outras personalidades também marcaram presença, como autoridades canadenses e dirigentes dos comitês olímpicos nacionais.
A delegação anfitriã foi a última a entrar e, sob aplausos, recebida com muito entusiasmo pelo público. Os integrantes do revezamento 4x100m - Carlton Chambers, Robert Esmie, Glenroy Gilbert e Bruny Surin -, que brilharam nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996), subiram ao palco. Mas foi Donovan Brailey, dono de duas medalhas olímpicas, que carregou a tocha olímpica para dentro do estádio.
"Do sonho para a realidade" foi o tema central do show, que tentou transmitir a ideia de que os atletas, por meio de seus esforços e conquistas, servem como inspiração para o mundo em busca de heróis e de um futuro melhor.
O ambiente foi inspirado no mundo das primeiras civilizações da região de Toronto com referências culturais aos povos indígenas ancestrais. O layout do palco representava uma tartaruga, cujo casco daria vida à criação do mundo. Para o Cirque du Soleil, os esportistas são uma metáfora da vida, visto que encontram provações e pessoas ao longo do caminho que determinam suas escolhas e seu destino.
A apresentação retratou a história de uma jornada universal através das adversidades em busca sonhos. Para os criadores, o caminho sinuoso dessa viagem foi refletido na geografia e na história do Canadá. As histórias iam se entrelaçando como protagonistas. Os cinco guardiões do pentatlo - dardo, salto em distância, disco, luta e corrida - ganharam vida a cada cena. O brasileiro Wellington Lima representou o personagem Luthus, simbolizando a dúvida que ganha força no momento em que o ser humano começa a fazer as escolhas de seu destino. A apresentação teve começo, meio e fim bem delimitados e uma linha narrativa clara. O público não teve do que se queixar sobre a beleza do espetáculo.
A entrada das bandeiras olímpica e pan-americana ficou sob responsabilidade de personalidades de diferentes áreas de atuação. Bobby Orr, famoso jogador do hóquei no gelo, e o astronauta Chris Hadfield foram alguns dos encarregados de transportar cada ponta das flâmulas.
Juramentos e discursos oficiais deram sequência ao andamento do cerimonial. "Vamos acordar amanhã (sábado) com o início dos Jogos e todos juntos vamos fazer coisas incríveis acontecer", afirmou o diretor executivo do Comitê Organizador do Pan, Saad Rafi. O longo pronunciamento do presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), Julio Maglione, teve uma recepção negativa do público, que já ia esvaziando a arena mesmo antes do fim do evento.
O governador-geral do Canadá, David Johnston, decretou: "Esta noite (sexta) eu declaro a 17ª edição dos Jogos Pan-Americanos aberta". Os últimos metros do revezamento da tocha foram percorridos por Charmaine Crooks, Jillian Richardson, Molly Killingbeck e Marita Payne, medalhistas de bronze nos 4x400 m na Olimpíada de 1984, em Los Angeles. Marita passou a chama para seu filho, o jogador de basquete Andrew Wiggins. O ex-atleta Steve Nash, que foi grande jogador de basquete, teve a missão de acender a pira pan-americana. Com a chama acesa, a cerimônia chegou ao fim. A organização bem que tentou, mas foram cerca de 25 minutos de atraso em relação ao tempo total previsto para o evento.
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