Setecidades Titulo Agressão
Crescem 17% denúncias
de violência contra mulher

Agressões contra elas são anunciadas a cada
2 horas; em 2013, foram 4.526 casos na região

Por Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
23/06/2014 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC


Dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República apontam que a cada duas horas, em 2013, foi feita uma denúncia de agressão no Grande ABC à Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, serviço gratuito que disponibiliza espaço para que o público feminino se manifeste acerca da violência.
No ano passado, o sistema registrou 4.526 ligações provenientes das sete cidades, o equivalente a 12 chamadas por dia. Comparado a 2012, quando foram registrados 3.868 telefonemas, houve aumento de 17% no número de denúncias no ano passado.

Ainda analisando os últimos dois anos, Rio Grande da Serra teve o maior crescimento: de oito ligações, saltou para 54 (aumento de 575%); seguida por Diadema, avançando de 648 para 888 (37%); Ribeirão Pires, de 172 para 231 (34,3%); São Caetano, de 141 para 176 (24,8%); São Bernardo, de 1.001 para 1.167 (16,6%); Mauá, de 633 para 720 (13,7%) e Santo André, de 1.265 para 1.290, com acréscimo de 2%.

Desde 2003, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC mantém o Programa Casa Abrigo Regional, iniciativa premiada para atendimento às mulheres da região, vítimas de violência doméstica, com risco de morte e seus filhos menores de 18 anos.

Atualmente, existem duas casas (a localização não é divulgada por questões de segurança). Em maio, as unidades mantinham 18 mulheres e 25 crianças e adolescentes. Para dar continuidade nos trabalhos, o Consórcio destinará, neste ano, R$ 1,3 milhão.

AUMENTO - Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo Wânia Pasinato, o aumento de registros ao 180 pode ser atribuído à propagação da divulgação do Disque-Denúncia. Em âmbito nacional, de acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres, pelo menos 52% das usuárias tomaram conhecimento dos serviço pelos meios de comunicação em 2013.

“O acesso à informação é uma ferramenta importante para as que vivem situação de violência. Além de saber quais são as ocasiões que configuram violência, é importante que saibam o que podem fazer, onde denunciar ou buscar ajuda, que tipo de ajuda e proteção podem receber e quais são seus direitos”, pontua.

No último ano, em todo o país, a Central de Atendimento à Mulher atingiu 532.711 registros, totalizando quase 3,6 milhões de ligações desde que o serviço foi criado em 2005. A violência física representa 54% dos casos relatados e, a psicológica, 30%.

Relatos apontam que os autores das agressões são, em 81% dos casos, pessoas que têm ou tiveram vínculo afetivo com as vítimas. A secretaria também ressalta que 3.150 mulheres denunciaram a agressão no primeiro episódio.

“Quanto mais falamos sobre a violência, a Lei Maria da Penha e os serviços existentes para atender as mulheres, contribuímos para aumentar o conhecimento sobre esse grave problema social”, destaca Pasinato, que completa: “Mais mulheres reconhecem a violência, procuram ajuda nas instituições e aumentam os casos que são levados ao conhecimento público, estimulando que outras rompam o silêncio e percebam que as agressões que sofrem não são algo individual, nem elas são responsáveis por sua ocorrência, mas trata-se de problema que está presente na sociedade e afeta milhares de mulheres.

Santo André tem tradição de apoio

A tradição de Santo André em apoio às mulheres vítimas de violência é vista por especialista como fator preponderante para o leve aumento no número de chamadas ao Ligue 180, no comparativo entre os últimos dois anos: apenas 2%.

A socióloga e professora da USP (Universidade de São Paulo) Eva Blay lista como exemplos o programa Vem Maria (que há 15 anos atua por meio do acompanhamento social, psicológico e orientação jurídica) e a Secretaria de Política para as Mulheres, criada em novembro de 2013. “Santo André tem uma das mais ativas formas de atendimento para as mulheres com problemas de violência. O modelo da cidade mereceria ser implantado em outras partes do Brasil, pois só a Lei Maria da Penha não pode reduzir a violência contra o sexo feminino.”

A secretária de Política para as Mulheres andreense, Silmara Conchão, confirma que o município promove um alcance maior na leva de informações. “Com todos os projetos que temos na secretaria, estamos conseguindo massificar a rede de serviços e a compreensão delas de que a violência não é natural”, fala.

Entre as ações, está a inclusão das mulheres no mercado de trabalho. “Temos um banco de currículos e parceria com a iniciativa privada. A autonomia econômica ajuda na decisão de denunciar. Se transformando, elas transformam o cotidiano dessa vida de violência”, diz a secretária.




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