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Festa junina é tradição na Vila Duzzi

Desde 1958, família Marotti celebra santos do mês com animadas festas em São Bernardo

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
21/06/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Este mês é conhecido pelas animadas festas juninas, mas, muitas vezes, seus protagonistas – Santo Antônio, São João e São Pedro – são esquecidos em meio à culinária típica. Isso, porém, não acontece na Vila Duzzi, em São Bernardo, onde a família Marotti celebra cada santo com festas realizadas há 56 anos na Sociedade Cultural e Recreativa Alameda Glória, situada à Rua Príncipe Humberto, 315. E com um diferencial: todas as guloseimas típicas são gratuitas.

A preservação da história religiosa é herança de José Paschoal Angelo Marotti, que fundou o espaço que abriga as comemorações em 1952. “Meu pai era muito católico, então, as pessoas o chamavam para rezar o terço no Dia de Santo Antônio (13 de junho) e, depois, sempre havia quentão e comidas. Ele tinha um amigo que promovia festas juninas todo ano, próximo ao Estádio 1º de Maio. Em1958, começou a fazer na Vila Duzzi, resistindo até hoje”, diz o filho Luiz João Marotti, 83.

A tradição é preservada na mais pura essência da festa junina. A cada comemoração,que reúne cerca de 200 pessoas, mastros que recebem a bandeira do santo homenageado são fincados no solo, simbolizando o desejo de fertilidade da terra e boa colheita. “Compro flores artificiais, fitas coloridas e decoro as imagens que ficarão o ano todo nos mastros, feitos e pintados por mim também”, fala Marotti.

Nos comes e bebes, variedade de delícias. “Tem bolo, doces, canjica, arroz-doce, pipoca, tudo à vontade. E para beber, faço oito garrafões de vinho quente e cinco litros de quentão”, afirma. A compra dos produtos é feita com dinheiro de doações da população e de mensalidades dos sócios do Alameda Glória.

Para os enamorados, há o bom e velho correio elegante, que fica a cargo da agente cultural Neusa Maria Pereira Borges, amiga de Marotti. “Fiquei sabendo de um casal que estava brigado, mas fez as pazes após o homem tomar a iniciativa de enviar um correio para a mulher dele”, recorda.

E se sobra um espacinho, também tem quadrilha. “Nem sempre é possível pela quantidade de pessoas no local, mas se tiver uma brechinha, a gente dança”, diz Marotti, esbanjando animação. Aliás, ele atribui sua jovialidade ao prazer que tem em organizar os festejos, repletos de alegria. “É por isso que chego aos 83 com saúde. Faço o que gosto.”

As próximas festas estão marcadas para amanhã e dia 28 de junho, em comemoração a São João e São Pedro, respectivamente, a partir das 19h30. Estão todos convidados para o arraiá!

Quadrilha do bairro ostenta títulos em competições de TV

Na tradição dos festejos juninos da família Marotti, um grupo de pessoas se formou para abrilhantar ainda mais os eventos com a apresentação da típica quadrilha. Mas o desempenho não ficou restrito ao público do bairro e ganhou o reconhecimento de todo o País ao participar – e vencer – concursos na televisão. “Estivemos em programas como o do Silvio Santos e A Hora do Bolinha (do apresentador Edson Cury, conhecido como Bolinha, já morto). Neste, ganhamos uma bicicleta”, recorda Luiz João Marotti, 83 anos.

A equipe também participava de competições promovidas antigamente pela Prefeitura de São Bernardo – e faturava todas. “Não tinha para ninguém”, garante Marotti, orgulhoso.

Verdadeiro pé de valsa, por muitos anos Marotti ensinou coreografias em escolas de alfabetização para adultos. “Me chamavam para ensinar os passos e os alunos participavam dos concursos. Só em uma escola da Vila Império fui tricampeão”, recorda.

A última disputa realizada na cidade da qual ele tem lembrança foi em 1975. Marotti lamenta ao ver as raízes da dança típica do folclore brasileiro se perdendo com o tempo. “No ano passado, fui a uma escola ensinar às crianças e elas nem sabiam o que era quadrilha, mas adoraram. Acho que os concursos deveriam ser retomados. Já enviei vários ofícios para a Prefeitura pedindo a volta dessas disputas, que eram muito saudáveis, mas nunca me deram retorno. Seria um importante resgate da cultura brasileira.”

Produção de vinho artesanal passa de geração para geração

Nos fundos de uma casa localizada na Rua Gumercindo Ferreira da Silva, espaço é destinado à prática de um hobby especial: a fabricação de vinho artesanal. A produção da família Callegher é tida como passatempo, já que é feita sem pretensão de venda. A tradição foi passada do pai, José Carlos Callegher, 59 anos, para o filho Henrique Callegher, 27. Da matéria-prima, também são produzidos vinagres.

As uvas vêm da cidade de Nova Pádua, no Rio Grande do Sul. Após moídas, o mosto, como é chamado o suco obtido, vai para seis tinas de aço inox, cada uma com capacidade para 380 litros, onde passará pelo processo de transformação dos açúcares em álcool. “No Brasil, a uva chega, no máximo a 17 graus de doçura, enquanto na Europa atinge 25 graus. Se a uva for 15% de doçura, para chegar aos 25% em um vinho com 11 GL (teor alcoólico), tem que acrescentar 10% de açúcar cristal. O densímetro (aparelho que mede a densidade do líquido) tira a sacarose do vinho e mede quanto ele terá de álcool”, explica Henrique.

De acordo com o rapaz, a cada um quilo de uva, são 600 ml de vinho. “Por ano, utilizamos, em média, 8.000 quilos”, fala ele, revelando que pessoas que sabem da produção encomendam algumas garrafas. Uma, com 750 ml, sai por R$ 10.

Para ficar pronto para o consumo, o processo leva em torno de um semestre.

Pai de um garoto de 3 meses, Henrique frisa que os conhecimentos serão repassados. “Será uma tradição de geração para geração.”

Instituição oferece moradia, atividades e carinho a idosos

Amparar aqueles que já tanto deram sua contribuição à sociedade. Essa é a missão da Casa dos Velhinhos Dona Adelaide, localizada na Rua Príncipe Humberto.

Com 50 anos de atuação no acolhimento de idosos em situação de vulnerabilidade social, a entidade filantrópica sem fins lucrativos só foi formalizada em 1985.

A história foi iniciada por Adelaide Faria de Graciano (morta em 2012), quando ela abrigou em sua casa um morador de rua em precárias condições físicas e psicológicas. A boa ação fez com que outras pessoas a procurassem e, sem conseguir negar auxílio, acolhia todas.

Atualmente, o espaço atende em sua capacidade máxima – 36 idosos, sendo 24 mulheres e 12 homens. Os recursos para manter o trabalho vêm de doações, contribuição dos próprios moradores (os que recebem aposentadoria) e de convênio com a Prefeitura.

Na entidade, além de um lar, alimentação e carinho, os idosos contam com as mais variadas atividades acompanhadas por profissionais, como pintura, dançaterapia e passeios. Lá, eles também evidenciam seus talentos. “Fazemos peça de teatro, além de termos uma rádio interna na qual eles apresentam notícias, leem mensagens, divertem-se”, fala a gestora Maria Helena da Silva Martins, 61.

Os idosos confirmam. “Gostamos de tudo aqui”, falam em coro dona Ruth dos Santos Gonçalves, 75, e o filho Walter, 62, moradores da casa.

Interessados em colaborar com a instituição podem ter mais informações pelo telefone 4123-1504. 




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