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Bombando na web

Vídeos caseiros alcançam milhões de visualizações e promovem novos cantores na rede

Por Caroline Garcia
do Diário do Grande ABC
15/06/2014 | 07:00
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Divulgação


Pegar o violão, ligar a câmera e começar a cantar. A atitude simples pode render infinitos likes no YouTube e diversos compartilhamentos nas redes sociais. Em instantes, a internet pode moldar um futuro artista, mesmo sem querer.

Foi o que ocorreu com Mariana Bortolotto, 14 anos, de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Seu cover de Beijinho no Ombro, da Valesca Popozuda, alcançou quase 630 mil visualizações em cinco meses. “Comecei a tocar em 2009 e a cantar no ano passado. Via meninas postando covers no Tumblr e pensei: ‘Por que não?’ Mas não imaginei que seria tão acessado. Postei de brincadeira.”

Lucas Dcan, 23, do Rio de Janeiro, viu na web oportunidade de ficar conhecido. “Fora do Brasil, muitas pessoas colocam seu material à disposição do público, pensei em fazer o mesmo. Comecei com covers para chamar a atenção e depois postei canções originais.” A ideia deu certo, Lucas já participou do Acesso MTV, em 2012, e do novo CD do Pollo.

Foram os vídeos que aproximaram Lucas e Daniel Pohl, 24, de São José dos Campos. “Gostaria muito de seguir a carreira, mas não é fácil. O YouTube é bom meio para começar, mas ter ilusão de que vai ficar famoso é o problema. Tudo na internet é muito rápido.”

Mariana Velasco, 16, de Mogi Guaçu, criou seu canal no YouTube em 2011, por influência das amigas. Hoje, já alcançou mais de 36 milhões de views. “Nunca tive técnica vocal, aprendi me baseando nos cantores que ouvia e gostava. Escutava e tentava fazer igual, mas nem sempre ficava bom, o que me levou a adaptar músicas para o meu jeito.”

Quem deseja viver dessa arte deve aprender a tocar um instrumento e fazer aulas de canto. A dica é de Carly Rose Sonenclar, 15, que ficou em segundo lugar na edição de 2012 do The X Factor norte-americano. “Faço aulas de piano que ajudam muito quando componho, canto e no trabalho de estúdio. Aprender a cuidar da voz e cantar da maneira certa são importantes.”

Para Carly, a tecnologia superacessível ajuda os artistas a compartilhar músicas com fãs de todo o mundo, mas é preciso ficar esperto com os comentários. “Não pode levar para o lado pessoal. É preciso entender que não tem como agradar a todos. Ter certeza de estar fazendo o que quer e se orgulhar disso é o segredo.”

Empurrão

A banda 5 a Seco, formada em 2009, uniu cinco músicos que faziam shows solos para uma curta temporada. Na segunda apresentação veio a sacada. “Gravamos seis músicas e colocamos na internet. De repente, todo mundo estava cantando. Fizemos vídeos-convites para os shows e muitos compartilharam”, conta Pedro Viáfora, 24, filho do compositor Celso Viáfora.

A dica de Pedro para quem está no início da carreira é gravar tudo o que puder e compartilhar na rede. “A internet divulga mais do que imaginamos. No primeiro show que fizemos em Brasília, o pessoal cantou de cabo a rabo. Um lugar longe, que nunca tinha ido e as pessoas me reconheciam.”

A 5 a Seco lança em agosto o segundo CD, Policromo. Dá para fazer download de uma canção. “Se as pessoas chegam ao show sabendo a letra, se emocionam e se identificam mais.”

Internet está aí para ser aproveitada pelos músicos

No início, carisma e talento atraem views. Mas depois, o negócio começa a ficar profissional. Para o produtor musical Afonso Nigro, a internet é a única opção com investimento zero que pode ser utilizada para promover novos artistas e viralizar nomes já consagrados. “Rádio e clipes para TV custam uma fortuna. Hoje, dá para gravar e editar em casa, com qualidade boa. E quem fica fora da internet está perdendo o bonde.”

No entanto, as publicações na rede precisam ser aprimoradas com o tempo, segundo Nigro. “Se começar só tocando violão, no próximo, já usa um figurino legal. No outro, tenta melhorar a qualidade do áudio ou a definição da foto, e por aí vai. Somos bombardeados por informação o tempo todo. É preciso ter novidades, senão, o público cansa.”

Antes de a internet começar a bombar, nos anos 1970 e 1980, o trabalho do produtor era investir só em discos “e seja o que Deus quiser”. Não precisava se preocupar com mais nada. “Entregava o áudio pronto para a gravadora, que era contratada para fazer vídeos. Como elas faliram, o produtor, hoje, precisa fazer quase tudo. Tem de estar sempre atualizado e oferecer para o artista o que tem de melhor, e nisso está incluída também a internet.”

MARIANA NOLASCO (marinolascoo) sempre adorou cantar e aprendeu a tocar violão vendo vídeos e o irmão.

CARLY ROSE SONENCLAR (CarlyRoseSonenclar) tem contrato com a gravadora de Simon Cowell e prepara seu álbum.

DANIEL POHL (thelionmusic) se inspirou em City and Colour e Damien Rice para começar a tocar e cantar.

GABI LUTHAI (gabiluthai) fechou contrato com a Sony Music e gravou uma música composta por Luan Santana.

LUCAS DCAN (lucasdcan) é fã de Rap e R&B, toca desde os 15 anos e já perdeu as contas de quantas músicas fez.

MARIANA BORTOLOTTO(maxwellssilverhamm3r) canta por hobby, posta um vídeo novo por semana e faz sucesso na família.




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