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Gráfico encomenda a morte da ex por R$ 1 mil após ser denunciado
Por Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
05/08/2005 | 07:37
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A vendedora Keila Meira da Silva, 22 anos, foi assassinada a tiros por dois homens contratados pelo ex-marido, o gráfico desempregado Carlos Ednaldo Pereira da Silva, 27. O crime ocorreu na manhã de quarta-feira em frente à casa dos pais da vítima, na rua Ianomami, na Vila Curuçá, em Santo André. O gráfico pagou R$ 1 mil para que Fábio de Moraes, 21, e Wesley Molinario Guedes, 19, cometessem o crime. Os três foram presos na madrugada desta quinta por investigadores da Delegacia de Homicídios de Santo André. Em abril, a moça havia registrado boletim de ocorrência no 2º DP acusando o ex-marido de ameaçá-la de morte. Depois que vítima, testemunha e acusado foram ouvidos, o processo foi encaminhado ao Fórum.

O casal, que tinha uma filha de 4 anos, se separou há quatro meses. Os dois moravam no Jardim Alzira Franco e Keila teria alugado uma casa no mesmo bairro para morar com os filhos. Além da menina, a vendedora tinha um filho de 6 anos de um relacionamento anterior. “Desde a separação, ele a ameaçava. Dizia que a mataria se não voltasse para ele. Com medo, ela registrou o BO, mas a polícia disse que aguardássemos o processo. Esperamos tanto tempo que ele a matou”, disse o irmão da vítima, Thiago Meira, 20.

Um primo de Keila, Wagner Santos, disse que há 15 dias alguns conhecidos disseram que Carlos Ednaldo Pereira tinha comprado uma arma. “O que disseram é que ele tinha comprado de uma pessoa no racha da avenida dos Estados. Fui até lá e me confirmaram que ele tinha comprado um revólver.”

Apesar de as ameaças e da certeza de que o ex-marido havia comprado uma arma, Keila continuou a seguir a mesma rotina. Na manhã desta quarta, como fazia todos os dias, ela deixou os filhos em uma creche na Vila Curuçá por volta das 7h30 e se dirigiu até a casa dos pais, na rua Ianomami. Às 7h45, quando se aproximava do portão da casa, dois homens em uma moto a abordaram e o garupa deu três tiros na vendedora, que morreu antes de o socorro chegar. O pai de Keila, José Carlos da Silva, 49 anos, disse que a primeira pessoa de que desconfiaram foi o ex-marido, Carlos Ednaldo. Parentes levaram a polícia até a casa do gráfico, mas ele estava escondido com uma irmã. Ao encontrarem Carlos Ednaldo, procuraram a arma, mas não a encontraram. Só mais tarde é que chegariam à arma do crime, que estava em poder do atirador.

Ao chegar à delegacia, ele disse à polícia que tinha matado a ex-mulher pessoalmente, não mencionando que havia pagado para que alguém cometesse o assassinato. O delegado Roberto Borges dos Santos, titular da Delegacia de Homicídios de Santo André, disse que ele caiu em contradição ao dizer que estava sozinho. “Testemunhas viram duas pessoas em uma moto. Foi quando ele admitiu que tinha um comparsa e delatou Wesley (Molinario Guedes). Buscamos o rapaz, que dizia ter sido o atirador, mas ele também caiu em contradição.” Até então, os dois não mencionavam que o crime havia sido encomendado.

Antes de a polícia tomar o depoimento de Wesley, Fábio de Moraes compareceu à delegacia para ameaçar o comparsa, dizendo que não o entregasse. Só mais tarde é que a polícia saberia que ele havia sido o atirador.

Na gíria policial, Wesley era o cavalo, por estar dirigindo a moto. “Fábio começou a ameaçar os dois para que assumissem o crime e não o delatassem. Foi quando desconfiamos da moto em que ele havia chegado. Embora não tenha sido a mesma utilizada no crime, os três acabaram confessando o esquema”, afirmou Borges. O ex-marido de Keila comprou a arma e teria pedido ajuda a Wesley, que havia trabalhado com ele, para contratar alguém que matasse a ex-mulher.

Fábio foi contratado e o preço, acertado. Carlos Ednaldo pagou R$ 1 mil para a dupla. Usou parte do dinheiro que havia recebido como rescisão do emprego que deixou há dois meses. A arma do crime foi recuperada, desta vez na casa do atirador. Segundo a polícia, o ex-marido adulterou balas de um calibre diferente para que a arma de calibre 32 não fosse identificada.

O delegado acrescentou que Carlos Ednaldo teria confessado em princípio o assassinato porque poderia ter a pena reduzida, caso fosse comprovado crime passional. “Ele ficaria preso de qualquer forma, mas a pena seria menor, porque teria matado num momento de raiva e frustração. Ele sabia que ao ter encomendado o assassinato a pena seria maior. Quando alguém planeja o crime, demonstra sangue frio.”

O primo de Keila disse que o ex-marido da vendedora, com quem ela permaneceu casada por cinco anos, não era violento quando os dois moravam juntos. Segundo ele, somente quando a moça falou em separação é que as ameaças tiveram início. Ele acrescentou ainda que o ex-marido pagava pensão para a filha que tinham em comum no valor de R$ 150. No entanto, teria feito acordo com a gráfica em que trabalhava há dois meses para ser demitido. “Foi com esse dinheiro que ele pagou para que a matassem.”




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