Desvendando a economia Titulo Coluna
Perspectivas aos jovens brasileiros
Sandro Renato Maskio
09/08/2021 | 00:01
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Entre 1980 e o ano 2000 o crescimento econômico brasileiro foi de míseros 2,25% ao ano, em média. O que significa que os trabalhadores brasileiros atuais com até 55 anos, que em sua maior parte entraram na atividade produtiva neste intervalo, encararam um mercado de trabalho e um ambiente de negócios acanhados.

Com o baixo ritmo de crescimento econômico, a demanda por mercado de trabalho é modesta, o que deixa o mercado mais instável e com disponibilidade de novos nichos de oportunidades muito retraída, e invariavelmente com elevado grau de seletividade.

A atual taxa de desemprego no Brasil é de 14,6% da força de trabalho. Entre os jovens de 18 a 24 anos a taxa de desocupação ultrapassa 26% da força de trabalho nesta faixa etária, revelando a maior intensidade desta questão junto aos jovens. Questão esta que ganha contornos mais complexos ao considerarmos as deficiências do sistema educacional e de formação profissional de jovens no Brasil. Aos quais se soma a desigualdade de acesso a estes serviços.

Este cenário, infelizmente, em curto e médio prazos, se traduz na falta de perspectivas enfrentada por grande parcela dos jovens brasileiros.

Ao mesmo tempo, embora possa parecer ambíguo, em poucas décadas a escassez de mão de obra no País, especialmente de jovens qualificados e talentosos, pode se tornar um sério entrave a expansão e desenvolvimento da economia brasileira.

A atual taxa de fecundidade no Brasil, de aproximadamente 1,76 nascimento por mulher, é cerca de 25% menor que há 20 anos, quando nasceram os atuais jovens que estão chegando ao mercado de trabalho. Ou seja, teremos em duas décadas uma redução quantitativa de jovens disponíveis a entrar no mercado de trabalho no Brasil.

Não se observa, de forma criteriosa, uma solução ou ações que estejam sendo planejadas ou adotadas pelo Estado brasileiro que demonstrem claro potencial de promover melhoras acentuadas no processo de educação e formação profissional destes jovens.

Temos de lembrar que, nas próximas duas décadas e meia, teremos uma acentuada trajetória de aposentadorias dos trabalhadores que hoje têm 45 anos ou mais, o que corroborará para o encolhimento da força de trabalho no Brasil.

A este cenário pode vir a se somar a disponibilidade de oportunidades no Exterior, em especial aos trabalhadores qualificados, para as quais os jovens tendem a ser mais atraídos. O que já ocorre em algumas áreas. Aliás, o Brasil já é um exportador de profissionais de alta qualificação.

Dada a importância dos jovens talentos qualificados no mercado, diante do envelhecimento da população que vem ocorrendo há algumas décadas, atualmente cerca de dois terços dos países da Europa, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), adotam algum mecanismo de estímulo para ampliar a taxa de natalidade.

Diante deste cenário, a dica, para os jovens em especial, é não perderem as oportunidades de se qualificar, apesar das dificuldades presentes na realidade brasileira. Cada vez mais o mercado de trabalho tende a ser seletivo, ainda mais em um País que enfrenta diversos desafios que lhe impõem uma baixa taxa de crescimento.

Aos gestores públicos, o recado é que nunca esteve tão evidente a importância de aprimorar a qualidade do sistema educacional e da qualificação profissional no Brasil, para além dos meros anúncios de ações propagandistas que resultam em pouca efetividade.

Material produzido por Sandro Renato Maskio, coordenador de estudos do Observatório Econômico da Faculdade de Administração e Economia da Metodista.




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