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Caixa-d’água desaba em obra irregular e destrói vários veículos em Diadema

Reservatório, que estava sendo demolido, caiu e amassou ao menos nove carros; retirada, de responsabilidade da CDHU, estava embargada

Aline Melo
do Diário do Grande ABC
24/08/2020 | 07:07
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Claudinei Plaza/DGABC


Um desabamento ocorrido na tarde de ontem em uma obra irregular no bairro Serraria, em Diadema resultou na destruição total ou parcial de ao menos nove carros. Uma grande caixa-d’água desativada, que estava sendo demolida, desmoronou e invadiu a Avenida Afonso Monteiro da Cruz, na altura do 1.778. Além dos veículos, parte do muro do Condomínio Santa Vitória foi danificado. Não houve vítimas, mas o Corpo de Bombeiros chegou a enviar três viaturas para a ocorrência. O caso foi registrado no 3º DP (Taboão).

O reservatório estava sendo retirado pela GG Demolidora, que já havia desmontado outro reservatório semelhante no local. Moradores dizem que tinham alertado os funcionários da empresa sobre o risco, já que o serviço começou pela parte de baixo da caixa-d’água, mas não adiantou e o reservatório acabou desabando. Síndico do Condomínio Mata Virgem 2, que fica ao lado do local de onde a caixa-d’água caiu, Givanildo Feliciano, 61 anos, relatou que há semanas vem pedindo intervenção da Defesa Civil de Diadema e de São Paulo, uma vez que a área é limítrofe entre as duas cidades, além de ter acionado a GCM (Guarda Civil Municipal) de Diadema.

“Ninguém veio. Hoje (ontem), quando vimos que estavam quebrando o reservatório por baixo, chamamos de novo, mas eles só vêm depois que a tragédia acontece”, lamentou.

O vigilante Marcio Renê de Lima, 43, e o autônomo Willian Silva Oliveira, 31, moram no mesmo condomínio que Feliciano e tiveram os carros atingidos pela caixa-d’água. O veículo de Lima ficou completamente amassado. Do outro lado da rua, onde o reservatório parou ao danificar o muro do Condomínio Santa Vitória, o operador de máquinas José Ivan Bento, 45, também lamentava ver seu carro parcialmente destruído. “Não sei se o seguro vai cobrir”, afirmou.

Um dos síndicos do Condomínio Vitória, Tomaz Batista dos Santos, 42, afirmou que as obras para demolição dos reservatórios começaram há cerca de quatro meses. O primeiro foi retirado sem maiores transtornos e, segundo ele, a atividade no canteiro de obras estava paralisada. “Voltaram hoje (ontem) e desde as 9h estavam quebrando o concreto. A gente chegou a falar com uma pessoa que se apresentou como engenheira responsável, que quebrar por baixo ia trazer problemas, mas ela respondeu que sabia o que estava fazendo”, afirmou. A funcionária pública Leila Camargo, 60, relatou que, no momento da queda, seu apartamento, que fica no 5º andar, tremeu e algumas louças caíram do armário. “Foi um impacto muito grande”, comentou. Na Avenida Afonso Monteiro da Cruz, aos sábados, ocorre a feira livre do bairro. “Se tivesse sido ontem haveria tragédia ainda maior”, afirmou Santos.

A Prefeitura de Diadema informou que a obra estava sendo executada pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e que, no dia 4 de maio, a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano do município notificou a obra por irregularidade, fez a interdição e solicitou a apresentação de alvará, o que não foi feito. A obra estava paralisada por ordem da administração. A retomada das atividades na manhã de ontem foi feita sem autorização. A Prefeitura informou que está prestando esclarecimentos aos moradores.

A CDHU informou que contratou o consórcio Nor Brasil TPD para fazer a demolição de duas caixas-d’água desativadas de um condomínio da companhia. A empresa alegou que, imediatamente após a queda da estrutura, enviou equipe de técnicos para o local para acompanhar a situação e informou que vai acionar o seguro contratado para a execução da obra para indenizar os proprietários dos veículos. O consórcio prosseguirá com as obras de demolição, bem como fará a limpeza do local afetado pelo desmoronamento. O Diário entrou em contato com uma responsável pela GG Demolidora, que executava a obra, mas ela não quis se identificar nem dar entrevista.




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