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Índio Tibiriçá reduz em 90% número de mortes

Em cinco anos, rodovia diminui de 77 para 7 índice
de óbitos; via era conhecida como Estrada da Morte

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
14/08/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Conhecida por motoristas da região como a Estrada da Morte, a Rodovia Índio Tibiriçá perdeu no primeiro semestre deste ano o título de rodovia mais perigosa do Grande ABC. Após figurar no topo da lista desde os anos 2000, a estrada finalmente conseguiu reduzir o número de mortes registradas ao longo dos seus 21 quilômetros de extensão que ficam na região, perdendo, assim, o posto de via mais violenta para a Rodovia dos Imigrantes (leia abaixo).

Segundo dados da Polícia Militar Rodoviária e do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo), a rodovia teve queda de 90,91% no índice de vítimas fatais no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2012 – passou de 77 para 7 mortes (um óbito a cada três quilômetros ou a cada 25 dias).

Resultado de investimento de R$ 94,2 milhões feito pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) na rodovia desde 2011, em ações que englobaram modernização da pista, implantação de baias de ônibus, contenção de taludes e melhorias na drenagem e na sinalização.

A queda do número de mortes veio acompanhada também de outra redução significativa no índice de acidentes. Na comparação entre os primeiros semestres de 2016 e de 2017, a Polícia Militar Rodoviária aponta queda de 7,35% no número de acidentes com vítimas – de 70 para 63 – e de 35,78% (sem pessoas feridas) – de 109 para 70.

Embora tais resultados demostrem mudança no comportamento de motoristas que trafegam pela rodovia e ao mesmo tempo apontem índices positivos de ações de fiscalização na estrada, para usuários ainda existe muito trabalho a ser realizado no que diz respeito a segurança da Índio Tibiriçá, que, atualmente, recebe por dia média de 22,4 mil veículos.

“Ninguém respeita as faixas de segurança, muitas vezes somos obrigados a andar quilômetros até encontrar um ponto seguro para atravessar. Até pedimos que colocassem passarelas na rodovia, mas nunca atenderam nossa reivindicação”, relata a dona de casa Maria Helena Januário, 53 anos.

A equipe de reportagem do Diário percorreu na semana passada todo o trecho da rodovia, que corta os municípios de São Bernardo, de Santo André e de Ribeirão Pires. Além de constatar o perigo nos cruzamentos, onde número excessivo de pedestres se arrisca nas travessias, foi possível perceber diversas infrações de trânsito, incluindo ultrapassagem em faixa contínua e excesso de velocidade por parte de caminhões.

O ajudante geral Diego Nascimento, 30, relata que o desrespeito de motoristas são rotineiros. “Teve uma vez em que estávamos voltando pelo acostamento e um veículo quase invadiu o nosso espaço.”

Reclamações constantes de usuários à falta de iluminação da rodovia também são citadas. “À noite, ninguém se arrisca aqui, pois é sabido que a morte é certa” afirma a dona de casa Marinalva de Oliveira, 55. Segundo dados do Infosiga, dos sete óbitos registrados neste ano, cinco aconteceram no período noturno, e, na maioria das vezes, após atropelamentos ou colisões.

Para evitar possíveis riscos, moradores que residem no entorno da Índio Tibiriçá criaram mecanismos para se proteger, como é o caso da dona de casa Michele Rocha Polido, 25. Além de andar no acostamento no sentido contrário ao dos veículos, ela conta que sempre opta por trafegar na estrada em grupo, como ocorreu no dia em que a equipe de reportagem a acompanhou. Na ocasião, a jovem estava com os filhos Richard, 3 meses, e Thalya, 7 anos, além de o enteado Regis, 13. “Sei que, de certa forma, não ajuda muito, mas quem sabe assim os motoristas prestem mais atenção nos pedestres que andam pelo acostamento”.

Em nota, o DER, responsável pela rodovia, informa que a Índio Tibiriçá possui faixas para pedestres, safety box, dispositivos de acesso e retorno, proporcionando mais segurança aos pedestres e aos motoristas durante a travessia. Há também passarela no km 53,8, trecho mais movimentado da rodovia, em Ribeirão Pires, assim como foram implantados nos dois últimos anos 13 novos radares e lombadas eletrônicas para o controle de velocidade, onde eram registradas ocorrências relacionadas ao excesso de velocidade. A Polícia Rodoviária, por sua vez, diz ter intensificado o policiamento preventivo.


Imigrantes é a rodovia mais perigosa do Grande ABC

Dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo) mostram que a Rodovia dos Imigrantes passou a ser a estrada mais violenta da região. No primeiro semestre deste ano, a via, que liga a Capital ao Litoral Paulista, passando por 42 quilômetros em municípios do Grande ABC, contabilizou 15 vítimas fatais na região.

Segundo o levantamento, foram oito vítimas fatais em São Bernardo e sete em Diadema. O número equivale a uma morte a cada 12 dias – ou um óbito a cada 2,8 quilômetros. Motociclistas e pedestres lideram as estatísticas, com oito e sete mortes, respectivamente, conforme o governo estadual.

Dados obtidos pela equipe de reportagem do Diário com a Polícia Militar Rodoviária também apontam para aumento no número de acidentes na rodovia. Na comparação entre os primeiros semestres de 2016 e de 2017, o levantamento indica alta de 20% no número de acidentes sem vítimas – de 350 para 420 –, e de 12,50% nas ocorrências com pessoas feridas – de 160 para 180.

A Via Anchieta, que também leva ao Litoral, é a segunda rodovia mais violenta da região, com nove óbitos no primeiro semestre deste ano (uma morte a cada 4,2 quilômetros ou uma a cada 20 dias), 897 acidentes sem vítimas e outros 332 com feridos.

A Ecovias, concessionária responsável pelo SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), informou, em nota, divergir dos números. A alegação é que durante o primeiro semestre deste ano foram registradas quatro mortes na Via Anchieta e 11 falecimentos na Rodovia dos Imigrantes. Segundo a concessionária, são realizadas manutenções constantes de melhorias em todos os trechos do SAI para manter as estradas em boas condições de uso, por meio do Programa de Redução de Acidentes. A Ecovias afirma ainda realizar ações específicas a pedestres, a caminhoneiros, a crianças de escolas localizadas no entorno das rodovias e a demais usuários em geral. 




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