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Uma hora no parque, e o Brasil se revela

Quinta-feira, nove horas da manhã. O Brasil se revela diante de nossos olhos numa simples corrida em um parque qualquer do Grande ABC

Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
05/08/2016 | 07:00
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Quinta-feira, nove horas da manhã. O Brasil se revela diante de nossos olhos numa simples corrida em um parque qualquer do Grande ABC. Dezenas de pessoas praticam atividade física. Um casal, na faixa de 40 anos, está concentrado no tempo. A cada 200 metros, uma olhada no relógio. Um outro, balzaquiano, caminha determinado. Marido e mulher gesticulam e falam alto um com o outro. Parecem discutir a relação. Um terceiro casal, bem mais jovem, está atento ao celular. O tempo para os dois não é preocupação. Procuram Pokémon no jogo virtual da moda.

Um pouco à frente, um grupo de uma dúzia de adolescentes, como se fossem zumbis tecnologicamente hipnotizados, procura outros bichinhos estranhos. Ao lado, três amigos fumam um cigarro feito artesanalmente, que passa de mão em mão. Bebem um líquido avermelhado, não menos esquisito, que está longe de ser vinho. Em alguns segundos olham ao horizonte. Provavelmente estão à espera da chegada de um Pokémon, mas não têm celular nas mãos.

Em seguida, quatro ou cinco integrantes do Tiro de Guerra estão sentados numa mesinha. Dão risada. Paqueram as meninas que passam perto, de mochila nas costas, em pleno horário de aula. O amor perdeu. Sem sucesso para eles. Sem futuro, talvez, para elas. Dois namorados destoam do cenário. Estão sentados num banco afastado. Conversam, se beijam. Estão apaixonados. O amor venceu. O contato pessoal prevalece. Um trio de senhores caminha lentamente. Passam pela ponte, observados pelos patinhos no lago e pelas carpas emergidas boquiabertas. Comentam sobre política e Campeonato Brasileiro. Olimpíada ainda não está na pauta. São ultrapassados por um vereador, que corre por saúde e bem-estar. Em alguns dias a corrida é pelo voto. O pai abre a mochilinha da filha e começa a montar um humilde piquenique. Ao fundo ouvem a música Pare o Casamento, de Wanderléia. A canção ecoa do espaço coberto, onde uma professora ministra aula de ginástica a integrantes da terceira idade. Todos animados. Ao contrário do morador de rua, que anda lentamente, sem destino, maltrapilho. É figura ignorada, apesar de aparecer na tela dos inúmeros celulares em busca de Pokémon. Mas a vida hoje em dia é mais virtual do que real. Não se ganha pontos ajudando quem precisa. Um travesti aparece cambaleante, descabelado, olheiras profundas, falando sozinho. Possivelmente embriagado, depois de um expediente difícil pelas imediações.

Quase como um raio, e disperso de tudo em seu entorno, um atleta de elite está disciplinado em seu treino. Um pouco atrás vêm dezenas de jovens uniformizados, correndo atrás do sonho de ser jogador de futebol. A servidora municipal varre do chão as folhas que caem das árvores. A natureza ativa sobrevive e faz seu trabalho. Os pássaros cantam. Ninguém liga. O som que mais interessa é o do aparelho eletrônico, que acusa a captura de mais um Pokémon.

O cronômetro marca uma hora de corrida. É hora de finalizar o exercício matinal. Em alguns minutos se inicia a maratona jornalística diária. As notícias do dia não são nada animadoras. Inflação, juros nas alturas, desemprego, crise econômica, política instável...

Que maré, hein...
Michele Benevides vai se candidatar a vereadora de Ribeirão Pires pelo PSB, partido de Adler Kiko Teixeira, que entrará na corrida pelo Paço. A ex-mulher do prefeito Saulo Benevides (PMDB) vai, portanto, estar na raia adversária do ex-marido, com quem tem um filho. Realmente as coisas não andam boas para o peemedebista.

Tudo definido
Policial federal Denis Ferrão (PPL) foi definido como vice na chapa encabeçada por Rafael Daniel (PMDB) ao Paço de Santo André. Com isso, todas as dobradas na corrida pela Prefeitura estão definidas. São sete: além da dupla, estão confirmadas Aidan/Ana Glória, Grana/Oswana, Paulinho Serra/Zacarias, Salles/Wilson Ponce, Ailton Lima/Gilberto do Primavera e Ricardo Alvarez/Tatiana Landi.

Nada definido
PV de São Caetano chegou a confirmar apoio à reeleição do prefeito Paulo Pinheiro (PMDB). Mais recentemente, porém, cogitou lançar candidato próprio ao Paço. E atualmente não sabe o que fazer. A ata está aberta. Pode, inclusive, fechar adesão à candidatura de José Auricchio Júnior (PSDB) ao Executivo. Dependendo da estratégia, principalmente se a opção for voo solo ao Palácio da Cerâmica, quem pode sair prejudicado é o vereador Fábio Soares, que deixou o PSD para ingressar no PV e a legenda está ‘perdida’, sem rumo.  




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