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Falta fiscalização em caminhões
Por Alexandre Calisto
Especial para o Diário
24/08/2011 | 07:00
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Depois do acidente em Santo André, em que uma roda se desprendeu de um caminhão e atingiu um casal e um carro, muitos se perguntam quem fiscaliza a mecânica dos caminhões que circulam pela cidade.

Na teoria, a resposta é simples. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito, a fiscalização é de competência da Polícia Militar e do órgão municipal de trânsito.

Na prática, não há fiscalização. Segundo o capitão Paulo César de Oliveira, chefe do Setor operacional do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito), a corporação realiza operações em locais onde a demanda de caminhões é excessiva, no caso da Capital, principalmente nas marginais do Pinheiros e do Tietê, e procura averiguar os veículos que aparentam situação irregular.

"O acidente é comum com caminhões que estão com peças desgastadas. No caso de Santo André, seria impossível identificarmos essa possível falta de manutenção". Ainda segundo ele, além dos policiais não terem conhecimentos de mecânica, não há uma legislação específica para demandar essa fiscalização.

 

MUNICÍPIOS

Procuradas, as três principais cidades da região transferem a responsabilidade para o Detran e a Polícia Militar.

Santo André informou que o controle é feito pela Polícia Militar em parceria com o Serviço Municipal de Saneamento Ambiental. São Bernardo também deixa a vigilância nas mãos da Polícia. São Caetano esclarece que compete ao Detran ou Ciretran tais vistorias que analisam as condições gerais dos veículos que ali trafegam.

Para Fernando Landulfo, engenheiro mecânico, instrutor do Senai e especialista em reparo automotivo, mais que fiscalizar, os órgãos deveriam investir em campanhas de manutenção. "O brasileiro não tem hábito de investir em manutenção preventiva, é uma cultura que aos poucos deve chegar ao País. O programa de inspeção veicular em São Paulo revela isso. Obrigou o paulistano a aprender a cuidar do seu veículo."

O especialista ainda ressalta que, enquanto não houver fiscalização, os veículos não serão mantidos como se deve.

 

SOLUÇÃO

Landulfo acredita que uma das saídas para resolver o impasse de fiscalização seria a inspeção de segurança veicular. Nos moldes da inspeção veicular de emissão de poluentes, como em São Paulo, o objetivo não era só fiscalizar, mas de prevenir tragédias. Opinião também compartilhada pelo diretor técnico do Sindirepa-SP (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), Antonio Gaspar de Oliveira. "A vistoria englobaria a suspensão, freios, direção, iluminação e outros itens que compõem o sistema de segurança de um veículo, assim minimizando o número de acidentes."

 

Idade da frota chega a 15 anos

Com base nos dados de julho do Departamento Nacional de Trânsito, a frota de caminhões no Brasil é de 2.217.834. As setes cidades do Grande ABC somam cerca de 360 mil, além dos que circulam pela região diariamente.

Sem contar os veículos de frota (que recebem atenção especial das empresas), a idade média dos pesados no Estado de São Paulo é de dez a 15 anos, segundo os números do Sindicam-SP (Sindicato dos Transportadores de Rodoviárias Autônomos de Bens do Estado de São Paulo).

A estatística confirma a tese do engenheiro mecânico Fernando Landulfo, de que ainda existem, em muitos casos, caminhões antigos que circulam pelas vias do País. Mas o especialista ressalta que a idade da frota só se torna um problema quando o proprietário do veículo não realiza revisões periódicas.

Para o engenheiro mecânico e proprietário da oficina MotorMax, Rubens Venosa, não há grandes diferenças na mecânica de veículos novos e velhos. "O que muda é o aparato tecnológico, mas o funcionamento em si permanece o mesmo em relação aos antigos", conclui.

Manutenção é fundamental

Novos ou antigos, caminhões e carros necessitam de manutenção preventiva.

Em São Paulo, a Companhia de Engenharia de Tráfego retira, em média, cerca de 11 mil veículos das ruas por mês, sendo 8.044 automóveis, 1.279 ônibus e 1.816 caminhões. Deste total, 39% apresentam problemas mecânicos e 16%, panes elétricas.

De acordo com o diretor técnico do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo, Antonio Gaspar, acidentes, como o da Av. Prestes Maia, acontecem por falha ou falta da manutenção. "Posso dizer que acidentes desse tipo acontecem frequentemente. Uma semana antes do acidente, uma roda também se desprendeu de um caminhão na Av. Celso Garcia, em São Paulo", conta.

Segundo o engenheiro mecânico e especialista em reparo automotivo Fernando Landulfo, o governo deveria reduzir impostos e investir em programas de manutenção de veículos.

"A solução para criar o hábito de cuidar mecanicamente do veículo seria o incentivo fiscal para peças de reposição, mão de obra e até regularização das oficinas que realizam trabalho informal, treinando e capacitando tecnicamente os profissionais", afirma.




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