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Juro do especial é maior em 12 anos
Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
25/08/2011 | 06:49
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Fernando Nonato/DGABC


Há muitos anos que o consumidor não presencia juros tão altos no cheque especial. O Banco Central divulgou ontem que a modalidade de empréstimo fechou julho com taxas médias de 9,2% ao mês. O último registro superior a esse ocorreu em abril de 1999, quando as pessoas que entraram no vermelho pagaram, em média, 9,3% pelo limite da conta.

O resultado é reflexo do aumento da inadimplência do segmento, avaliou o professor de Finanças da pós-graduação da Universidade Municipal de São Caetano José Ricardo Escolá de Araújo, que também ministra aulas na Trevisan Escola de Negócios e Fundação Getulio Vargas e é consultor da Febraban.

 "A conta é simples. Se temos um grupo de dez pessoas e quatro resolvem não pagar o cheque especial, as outras seis pagam por elas. E em julho, cinco pessoas resolveram não pagar, as outras cinco vão pagar mais caro ainda", exemplificou Escolá de Araújo.

Enquanto o Sistema Financeiro Nacional teve R$ 24,7 bilhões de concessões pelo cheque especial em julho, a inadimplência no segmento, que são os atrasos acima de 90 dias, atingiu R$ 1,78 bilhão. É o maior volume desde abril de 2010. Em julho, volume de empréstimos pelo cheque especial, atrasados por mais de três meses, atingia R$ 1,73 bilhões.

PRAZO

O prazo médio de liquidação da dívida com o limite do banco em julho foi de 22 dias. Portanto, boa parte dos consumidores que utilizaram a modalidade ficou menos de dez dias do mês com o saldo da conta bancária negativa.

JUROS

Quem se enroscou nas dívidas do cheque especial, ou mesmo do cartão de crédito, deve recorrer a empréstimos com juros menores para pagar esses débitos, orientou o professor do Laboratório de Finanças da FIA Keyler Carvalho Rocha. O crédito pessoal, por exemplo, tinha taxa média de 3,3% ao mês em julho, bem abaixo dos 9,2% do cheque especial.

Custo do crédito em geral apresenta recuo no mês

Empréstimos e financiamentos estão mais baratos às famílias. O Banco Central informou ontem que a taxa média nas operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional caíram de 3,2%, em junho, para 3,18%, no mês passado.

 Segundo o professor de Finanças José Ricardo Escolá de Araújo, da USCS, Trevisan, FGV, o recuo na média reflete a prioridade que as pessoas deram para pagar empréstimos mais baratos, como o crédito pessoal e os financiamentos de veículos. As duas modalidades representaram cerca de 45% do saldo de crédito à pessoa física em julho.

Famílias têm  R$ 860,8 bilhões emprestados

O montante que os bancos e outras instituições financeiras têm emprestado aos consumidores, e que ainda não foi liquidado pelos contratantes, atingiu R$ 860,8 bilhões em julho. O resultado é 1,3% maior do que o total de junho e 23% superior ao mesmo mês de 2010, quando o Banco Central registrou R$ 699 bilhões.

Com isso, o dinheiro do Sistema Financeiro Nacional liberado para as famílias acumulou fatia de 46,4% sobre o total de saldo de empréstimos do mês, que estava em R$ 1,85 trilhão. As empresas foram responsáveis por R$ 993,4 bilhões do total, o que representa 53,5%.

BANCOS

O saldo de crédito em julho representava 47,3% do Produto Interno Bruto do País. Em junho eram 47,1%. Os bancos públicos (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES) aumentaram sua participação, passando de 19,8% para 19,9%, enquanto os privados mantiveram 19,3%.




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