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Raíssa encanta a precoce atriz Mariana Ximenes
Alexandre Coelho
Da TV Press
11/09/2005 | 08:04
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Ela é uma patricinha que compra suas lingeries em Miami e uma tchutchuca típica dos bailes funks cariocas. A Raíssa de América é isso e uma jovem instigante, com profundos problemas familiares e uma personalidade multifacetada, do jeito que Mariana Ximenes gosta. A intérprete de Raíssa mais uma vez se depara com um papel complexo e que exige um exaustivo trabalho de interpretação. Aos 24 anos e nove anos de carreira, Mariana se considera pronta para aceitar qualquer tipo de papel, sem preferências. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

PERGUNTA: A Raíssa tem se mostrado uma personagem com conflitos bem complexos. Como é viver esses conflitos?
MARIANA XIMENES: É muito interessante abordar essas questões, até para mostrar como não devem ser as relações, que as relações devem ter um maior aprofundamento, que as pessoas devem tomar mais cuidados, cuidar mais. A filha precisa de atenção, não apenas de bens materiais, já que a Raíssa é de uma família rica. Não apenas os bens materiais são necessários. Há uma necessidade de atenção. Logo no primeiro capítulo, a Raíssa toma um tiro de raspão, em uma situação, infelizmente, muito comum no Rio, que são os tiroteios, e a solução que a família apresenta é sair do país. E aí há um questionamento: será que sair do país realmente é a solução? Eu não acredito nisso. Acredito que a gente tem de ficar no nosso país, ter esse instinto patriota e tentar melhorar cada vez mais a situação do país. Não é fugindo da violência que você vai solucionar a vida do país.

PERGUNTA: Como você encarou o triângulo amoroso da Raíssa com a mãe?
MARIANA: A Raíssa, sem saber, se apaixonou pelo homem da vida da mãe que, por sua vez, foi muito inábil na condução da história. Porque num primeiro momento foi uma fatalidade mas, depois, quando a mãe descobriu, ela tinha de ter conversado com a filha, tido um diálogo. Mas ela se omitiu e foi levando essa história até não conseguir mais sustentar. E é quando acontece uma outra fatalidade, quando a Raíssa descobre tudo de uma forma estapafúrdia, fica descontrolada e é atropelada. A partir disso toda a educação que a Raíssa recebeu começou a ruir. Ela ficou sem referências, sem parâmetros, sem limites. Aí também vale uma discussão interessante para a família, para os pais. Eles têm que entender que também estão formando o cidadão para o mundo, cidadão que tem de ter limites, tem de ter parâmetros, tem de ter referências e valores, acima de tudo. É bacana chamar a atenção para isso também.

PERGUNTA: Outra polêmica envolvendo a personagem é o fato de ela ser uma menina de classe alta e freqüentar bailes funks. O que acha de a Glória Perez abordar o tema?
MARIANA: Eu acho muito interessante. Porque o funk é uma manifestação popular espontânea. E é tudo o que a Raíssa estava querendo agora: a verdade. Ela está manifestando suas vontades, está procurando sua verdade interior. O que acontece é que o funk é verdade, é aquilo, as pessoas cantam o que se passa nas comunidades, sem maquiagem, sem rodeio, está ali, a verdade nua e crua. Esse foi o canal de identificação que a Raíssa teve com o funk. É um lugar onde ela não é julgada, ela se diverte, ela solta a franga. E é bom dançar. Não que cure, mas alivia.

PERGUNTA: Como você se preparou para viver tantos conflitos?
MARIANA: Eu fiz um trabalho com uma terapeuta. Justamente porque a Raíssa é uma adolescente e tem várias variações de humor, tem vários conflitos com mãe, pai, namorado, amiga, essas relações todas. Eu tive uma adolescência um pouco diferente, uma adolescência mais calma, com apoio dos pais e trabalhando. Sempre tive um pouco mais de responsabilidades desde cedo. E não sou de família de classe tão alta como a Raíssa. Então, eu conversei com uma terapeuta para ter uma análise mais técnica e poder falar disso com certa propriedade. Mas foi só para ela me acompanhar e eu saber como uma adolescente reagiria a essas influências externas. Eu também fui pesquisar sobre funk, entender um pouquinho. Pesquisei sobre as raízes do funk. E descobri essas figuras maravilhosas, como o DJ Marlboro, que tenta integrar a classe média-alta com as pessoas da comunidade. É muito interessante essa integração, essa união, para as pessoas saberem o que acontece e serem parte de uma mistura. O MV Bill também é uma figura super interessante, atuante, engajada, que efetivamente faz um trabalho na comunidade. E na verdade, essa integração é feita através da música, através da arte.

PERGUNTA: A Raíssa sofre com uma certa falta de compreensão dos pais. E a sua família, sempre apoiou sua decisão de ser atriz?
MARIANA: No começo foi meio difícil. Eu vim morar sozinha com 17 anos no Rio e acabei não fazendo faculdade por conta disso, por conta dessa opção. Eu já tinha passado para a faculdade de Cinema. E aí eu pedi o apoio deles, porque senão eu seria uma jovem para sempre frustrada em casa. Eles optaram por me deixar vir e por me dar toda a orientação possível. E eu acho que é a melhor solução, mas cada pai tem a sua consciência, o seu método. Mas aí a gente volta para toda aquela discussão de família que Glória Perez aborda, de exercitar o diálogo, a compreensão sempre.




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