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Defesa Civil interdita cômodo por risco
Por Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
27/12/2011 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Alertada pela equipe do Diário, ontem, a Defesa Civil de Santo André interditou um cômodo por risco iminente de desabamento, localizado na Rua Amaral Gurgel, no bairro Príncipe de Gales. No local, vivem a mãe e duas crianças. A estrutura do imóvel teria sido abalada por prédio residencial em construção na Rua Brasílio Machado, 223, que dá fundos para o cortiço onde a família reside há quase dois anos.

A denúncia, porém, foi feita pela própria moradora dos dois cômodos, a balconista Deborah Regina Ferreira Martins, 24 anos, exatamente na antevéspera do Natal, quando a forte chuva na região provocou inundação e goteiras dentro da habitação - a água atingiu cerca de 50 centímetros no quarto e na cozinha. Deborah chegou a filmar a água da chuva que jorrava pelas paredes, conforme visto pela equipe do Diário na sexta-feira. "Quando começou essa obra que o problema surgiu", afirmou.

Ontem pela manhã, o Diário esteve na casa de Deborah e constatou o problema. Chovia também. As paredes estão com infiltração de água, rachos e buracos. O teto, de estuque e pedaços de madeirite, apresenta rachaduras profundas e está totalmente abaulado. O guarda-roupa foi perdido pelo excesso de água. As roupas e mantas estão embaladas em sacos plásticos sobre único sofá.

As duas crianças, Helisson, 6, e Heverton, 2, sentados em um tapete gasto e úmido, comiam arroz, abóbora e ovo mexido. Exatamente embaixo do cômodo que seria, no período da tarde, interditado pela Defesa Civil. "O pessoal esteve em casa e disse ser certeza que vai cair", confirmou Deborah à equipe, pelo telefone, à noite, enquanto trabalhava em comércio próximo.

Técnicos da Defesa Civil constaram "infiltração" em um dos cômodos. O proprietário do imóvel, pelo qual Deborah paga R$ 200 por mês de aluguel, também esteve no local e foi notificado pela Defesa Civil. O relatório da interdição foi enviado ao Departamento de Controle Urbano, que mandará hoje técnicos para vistoria da construção no terreno vizinho.

Na obra, a equipe do Diário não encontrou ninguém. Apenas uma faixa que informa o lançamento de apartamentos de dois dormitórios. Também um telefone celular do proprietário, que não respondeu aos contatos feitos. No escritório do arquiteto responsável apenas um recado: "Retornamos dia 5 de janeiro de 2012 e votos de um Feliz Natal".

Aliás, Helisson e Heverton não ganharam nenhum presente do Papai-Noel e perderam os poucos alimentos com a inundação. A renda mensal da família é R$ 800.

Segundo a Prefeitura, o projeto da obra foi aprovado.




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